ESTA LULU TAMBÉM TEM MUITOS LUVVERS
Nem faz tanto tempo que a moda no mundo dos quadrinhos era voltar à mais tenra infância: Pernalonga, os Flintstones, a Turma da Mônica e outros tiveram suas versões "kids". Agora temos a onda "teen", com mais uma metamorfose dos personagens de Mauricio de Souza, a Geração Z das Meninas Superpoderosas (um desenho criativo reduzido a mais um animê histérico; desta vez o dia não foi salvo) e a veneranda Luluzinha transformada em Luluzinha Teen. Notei também alguns debates quanto à qualidade desta Luluzinha Teen em relação à anterior, alguns elogiando, outros dizendo ser uma imitação forçada da Turma da Mônica Jovem. De qualquer modo, duas coisas são certas. As histórias da Luluzinha dos anos 1940 a 1960 são tão engraçadas quanto inteligentes e parecem até ter melhorado com o tempo, gosto ainda mais agora que na minha infância lá em 1964. E não estou sozinho: o fã-clube de Lulu tem sócios pelo mundo afora. Aqui estão algumas demonstrações musicais disso, de gêneros, épocas e países diversos.
A mais famosa e óbvia é "Be-Bop-A-Lula", lançada em 1956 pelo roqueiro Gene Vincent, que pronunciava "Lulu" como "Lula" devido ao sotaque de sua região de origem, o Sul dos EUA. Como gsto de fugir do óbvio, trarei uma versão em japonês, escrita por Seuti Yida e cantada por Yoko Abe em 1959 no Brasil - a cantora Abe-san foi o primeiro artista nipo-brasileiro a gravar rock na terra do coqueiro nascente. Kiite kudasai:
Yoko Abe - Be-Bop-A-Lula
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Outra óbvia é "A Festa Do Bolinha", composição de Roberto e Erasmo Carlos, lançada pelo Trio Esperança em 1965, com tamanho sucesso que o texto de contracapa de um LP coletânea de música brasileira patrocinado pela Varig e lançado na Alemanha (Papagaio - Bossa do Brasil) traduz o título para o inglês como "Bolinha's Party" e nem se lembra de que o personagem foi criado nos EUA pela cartunista Marjorie Buell! E, novamente longe do óbvio, apresento uma versão chilena, "La Fiesta De Tobi", com o grupo vocal Los 4 Hits acompanhado pelo conjunto instrumental Los Masters.
Los 4 Hits - La Fiesta De Tobi (A Festa Do Bolinha)
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Muitos acham que a bossa nova foi tão "cabeça" quanto a jovem guarda foi alienada. Para mim, ambas são irmãs quase gêmeas. Ambas eram fusões de música brasileira com estilos ianques, respectivamente o jazz e o pop-rock; ambas eram feitas por jovens que queriam aproveitar a vida; e ambas tinham seu lado moleque e infanto-juvenil. A jovem guarda cantava músicas sobre outros alguéns, Brucutu, Chapeuzinho Vermelho ("não ligue pra nenhum conselho") e Luluzinha? Pois a bossa nova cantava músicas sobre barquinhos e beijinhos, o pato que vinha cantando alegremente, Chapeuzinho Vermelho (às voltas com o "Lobo Bobo", lembra-se?) e... Luluzinha. Sim, a "Luluzinha Bossa Nova", composição da dupla Bôscoli & Menescal, lançada por Sônia Delfino em 1961.
Sônia Delfino - Luluzinha Bossa Nova
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Dos próprios EUA temos o tema da primeira versão do desenho animado, "Little Lulu Theme", composto por Buddy Kaye, Fred Wise (sim, autor de várias cançonetas gravadas por Elvis Presley) e Sidney Lippman, e que vamos ouvir em dois arranjos: o original de 1943 e uma versão jazz com o pianista Bill Evans, primeira faixa de seu primeiro LP para o selo Verve, acompanhado por Gary Peacock (contrabaixo) e Paul Motian (bateria) em 1964.
Original Theme - Little Lulu
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Bill Evans - Little Lulu
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Não esquecerei dos irmãos Meire e Albert Pavão e da dupla vocal da jovem guarda Os Vikings (mais uma conexão com a Turma da Mônica: Diógenes, um dos Vikings, faz a voz do elefante Jotalhão em desenhos e comerciais desta turma), que, ao lado de outros vocalistas e com a coordenação de Theotonio Pavão, pai de Albert e Meire, gravaram vários LPs infanto-juvenis com o nome Quarteto Peralta. Um deles (A Festa Do Bolinha, de 1977) é totalmente dedicado a Bolinha e sua turma, com faixas especiais para personagens como Vovô Fracolino, a Turma da Zona Norte e até aquela peste do Alvinho - sem falar no próprio Bolinha que conegue ser ainda mais peste quando toca violino (curioso é que no gibi antigo Bolinha toca violino por pressão dos pais, mas na versão "teen" ele é guitarrista por opção; só não sei se a qualidade melhorou). Aqui vai o LP inteiro, tomado de empréstimo a um excelente blog, Cantos e Encantos.
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Labels: bossa nova, jazz, Luluzinha, Rock brasileiro
UM ASSUNTO BEM CABELUDO
Há 40 anos, no meado de 1969, a nave Apollo 11 pousava na Lua. Logo em seguida, os tripulantes da Apollo 12 puderam cantar “My body is walking in space” com propriedade, e na bagagem não poderia faltar uma cópia de Hair em fita. Sim, estamos falando de Hair, não somente a obra que finalmente introduziu a Broadway na era do rock (após brincadeiras citando o rock, como Bye Bye Birdie), mas também um dos raros musicais (Porgy And Bess, Anything Goes, My Fair Lady, The Sound Of Music, West Side Story) campeões em render canções de sucesso. E, de alguns anos para cá, tenho a opinião de que rock e teatro-ópera-musical nunca se reuniram com tanta qualidade e criatividade quanto em Hair.
Já ouço alguém teclar: como é que é? Você, grande fã dos Kinks, considera Hair melhor que Arthur ou Preservation? Sim, considero. Sou fã dos Kinks, mas não fanático. E eu, pelo menos, descobri trechos – ou, se preferirem, fios melódicos, rererê – de Hair em obras kinkianas, como “Ain’t Got No” (confira: “Ain’t got no scarf/ain’t got no gloves”) sobre outra canção-lista, “Where Did My Spring Go” (“Where did my youth go?/Where did my life go?”). Por sua vez, a harmonia de “Black Boys” (A-G-C-E-A-G-C-E-D-C-F-D-D-C-F-D) é uma variação bem mais inteligente de “All Day And All Of The Night” (A-G-C-A-A-G-C-A) que, por exemplo, “Hello I Love You”.
Não vou falar muito sobre uma obra que tem pelo menos duas comunidades no Orkut e várias páginas enormes e detalhadas na Internet (duas são http://www.geocities.com/hairpages/ e http://www.hairthemusical.com). Nem comentarei muito sobre Hair ser fruto do engenho de um judeu de família polonesa (James Radomski “Rado”), um “oriundi” (Gerome Ragni) que participou de uma montagem de Hamlet de Shakespeare (agora você se lembrou de onde ele tomou a frase “What A Piece Of Work Is Man” – e Claude, personagem central de Hair, indeciso entre aderir ou não ao sistema, chegou a ser chamado de “irmão hippie de Hamlet”) e um canadense (Galt MacDermot) que seguia o padrão George Martin de qualidade: cabelos curtos, camisa social, já trintão, veterano (sua composição “African Waltz” havia até ganho um Grammy na interpretação do saxofonista Cannonball Adderley em 1962) e que nem sabia o que era um hippie até conhecer Ragni & Rado. Ciente de que reciclagem exige inteligência, MacDermot misturou Grieg (aquela alternância de tônica menor com relativa maior de “No Hall do Rei da Montanha”, do tipo Em-G, muito bem usada em “I’m Black”, "The Flesh Failures", “Hair” e outros temas do musical - e uma canção que desde antes faz bom uso dessa sequência é “(Ghost) Riders In The Sky” de Stan Jones, megaclássico da country music muito bem cooptado pelo rock), “Louie Louie” (Manchester, England”), o mantra “Hare Krishna” e muito mais, criando um “estilo Hair” (“Hair-style”, mais um trocadilho) de composição.
Apenas mencionarei os fatos de canções de Hair terem sido regravadas por artistas os mais diversos como Phil Spector (“The Hair Anthology Suite” ocupando um lado do LP Love Is All We Have to Give dos Checkmates, produzido por ele), o Three Dog Night, Nina Simone, Tony Campello e os Cowsills; o musical ter sido inspiração direta (embora nem sempre confessa) para canções como “Jesus Cristo” de Roberto e Erasmo Carlos (reparem na sequência harmônica Em-G) e musicais inteiros como Jesus Christ Superstar e Godspell; e de seus elencos pelo mundo terem saído astros como Donna Summer, Meat Loaf, Julien Clerc e Aracy Balabanian. Comentarei de leve que Hair, estreada fora da Broadway em 29 de outubro de 1967, começou a ser gestada há 45 anos, em 1964, quando Rado & Ragni começaram a escrever as letras (que seriam musicadas em apenas três meses por MacDermot no ano de 1966).
E vou lembrar de leve as críticas negativas a Hair. Para o jornalista Dave Marsh, do Rolling Stone, o musical não passou de um aproveitamento do rock pelo sistema: “A idéia que os quadrados tinham dos anos 1960.” Em 1995 Kurt Ganzl afirmou em seu (bom) livro Musicals: “Se houve um espetáculo que certamente iria morrer com os anos 1960, foi Hair. Mas na verdade ele ainda está por aí, em espetáculos de uma noite só pela Europa central para deleite nostálgico dos filhos da era que agora estão na meia-idade e daqueles que acabaram de descobrir os anos 1960. Com o pouquinho de nudez e tudo. E, claro, em inglês. Bom, quem é que prestava atenção nas letras?” Por falar em letras, o musical Runaways de Elizabeth Swados (1978) esculhamba o hippismo e a contracultura em versos como “Cadê aquelas pessoas que fizeram Hair?/Como é que elas ficaram tão gordas e feias?”
Até o encarte da primeira edição em CD de Hair, de 1988, hesita em reconhecer a perenidade da obra: “Quando Hair terminou sua temporada na Broadway em 1 de julho de 1972, após 1742 representações, ele havia se tornado outra baixa devida a mudanças nas tendências, um espetáculo tão identificado com sua própria época que um revival, em outubro de 1977, não conseguiu chamar a atenção numa Broadway bem ocupada, saindo de cena após apenas 43 representações. Mesmo assim, para aqueles que assistiram ao show quando ele estreou na Broadway, e que o viveram e respiraram, Hair sempre será um momento mágico no teatro da Broadway.”
Mas até quem fala mal de Hair encontra algo bom para dizer. Dave Marsh recomendou “Aquarius/Let The Sunshine In” com o grupo vocal The 5th Dimension (aliás, já pensaram no grupo regravando “Walking In Space”, que diz “num foguete para a quarta dimensão”?). E o press-release da segunda montagem brasileira (que estreou em 21 de agosto de 1978) diz: “O mundo mudou muito depois de Hair. Mas também por causa de Hair. Essa mensagem muito clara de liberação, esse conteúdo essencial, ao contrário da forma, que foi rápida e facilmente consumida, foi salientado com o passar dos anos. Hoje há uma nova leitura de Hair, um outro entendimento, exatamente por causa de Hair.” (Curiosidade: pesquisando sobre a segunda montagem brasileira do musical, gostei de descobrir na equipe ao menos duas pessoas conhecidas: a cantora Dadá Cyrino, com quem, nos anos 1990, trabalhei no (infelizmente efêmero) projeto Good Partners, e “Biafra” em uma das guitarras – ele mesmo, o mesmo Mário Manga do Premê e pai de Mariana Aydar.)
E Hair continua crescendo (tá bom, vou parar) décadas adentro, seja com ocasionais regravações ou citações (como no filme O Virgem de 40 Anos), uma versão filmada, muitas reedições ou montagens atualizadas. E, longe de ser apenas apenas um fóssil dos anos 1960, Hair continua atual; uma das poucas diferenças é que saiu a Guerra do Vietnã e entrou a do Iraque.
O LP da versão da Broadway, com arranjos restritos a guitarras, teclado, baixo, bateria e um pouco de metais, talvez seja o melhor disco de iê-iê-iê de todos os tempos. (E para mim o álbum da primeira versão, de 1967, é um belo LP de pop de garagem.) Lembrarei também que Hair inclui muito mais canções (cerca de 30) que a média dos musicais (no máximo umas 20) – e o LP, com sua grande quantidade de faixas em ritmos variados e com letras falando de sexo, personagens à margem da sociedade, céu, amor, luz do Sol e detalhes sobre a Inglaterra, faz uma bela dupla com o já também quarentão (e posterior) Abbey Road dos Beatles.
O musical Hair é tão dinâmico que muitas canções sumiam e voltavam a cada montagem, nos EUA ou em outros países. Uma das que ficaram de fora do LP original da Broadway e de que mais gosto é “Dead End”, presente na gravação de 1967.
Jill O’Hara e elenco – Dead End
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Outra que ficou de fora do álbum de 1968 (embora tenha sido incluída como bônus na versão em CD) é “The Bed”. Aqui está ela num arranjo diferente, mais lento (e, penso eu, melhor), tirado do LP Disin-HAIR-Ited, de 1970. (Num exemplo seguido pelo The Who com Tommy, MacDermot, Rado & Ragni gravaram várias versões diferentes de Hair.)
Ragni, Rado, MacDermot – The Bed
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Se MacDermot nada tinha de hippie ou bicho-grilo, Rado e Ragni nada tinham de bobos. Cientes de que uma das novidades trazidas pela Era de Aquário era a globalização, cuidaram desde logo de transformar Hair numa “franquia” multinacional, e das mais rendosas, licenciando as canções para todos os países e idiomas possíveis. Um bom exemplo é o da primeira montagem francesa, com versões de Jacques Lanzmann. A contracapa da edição estadunidense já vai avisando: “A interpretação é um pouco mais sexy, mas, afinal de contas, os franceses são assim. Viva [sic] la difference!” E por falar em “difference”, atenção para a citação do Hino Nacional.
Julien Clerc, Herve Vattine e a Tribo – Hair
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Haare, a primeira versão encenada na Alemanha (com versões de Walter Brandin), é lembrada não só pela qualidade, mas também por seu elenco ter incluído a cantora Donna Gaines, mais tarde famosa como Donna Summer.
Donna (Donna Summer), Tommy (Shirley Thompson) und Ann (Ann Hellstone) – White Boys
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Curioso é que, assim como os autores da letras originais (Rado & Ragni) estrelaram o elenco ianque original, a versão japonesa foi feita pelos astros da montagem local, Katsumi Kahashi e Terada Minoru, em parceria com o produtor Shotaro Kawazoe. Ainda mais curioso foi que a estreia de Hair na chamada Terra do Transistor Nascente aconteceu cedo, em 1969, mas brigas com a censura local (canções como “Sodomy”, “Hashish”, “Colored Spade”, “White Boys” e “Black Boys” ficaram de fora) atrasaram o LP correspondente até 1971 (e foi lançado até em “Burajiro”, no!).
Claude Serizawa e a Tribo – Manchesutaa Ingurando (Manchester, England)
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Hair foi montado na Argentina, com versões de Agustín Cuzzani e Roberto Villanueva, e o LP correspondente saiu em 1971. Curiosidade: a contracapa traz uma foto dos autores originais do musical - aquela famosa foto preto-e-branco da contracapa do LP da Broadway - , só que na legenda trocaram Galt MacDermot pelo produtor do musical, Michael Butler!
Banda original de la Obra em Castellano - Argentina – Aquario (Aquarius)
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Assim como só é segredo para as torcidas do Corinthians, do Flamengo, do Arsenal e do Milan que Donna Summer trabalhou no Hair, o mesmo se pode dizer do fato de a participação de Sônia Braga na primeira montagem brasílica ter até virado letra de Caetano Veloso. Esta primeira versão cabocla (com letra de Renata Pallotini) foi dirigida por Claudio Petraglia e o elenco incluiu Ricardo Petraglia (futuro Joelho de Porco), Aracy Balabanian, Edyr de Castro (a mesma Edyr Duqui das Frenéticas) e José Luiz Penna (futuro integrante do grupo Papa Poluição e político do Partido Verde). Detalhe: a estreia no Brasil deu-se há exatos 40 anos, em 8 de outubro de 1969, no teatro paulistano Aquarius; não sei dizer no momento se o teatro (o mesmo que anos depois viraria Záccaro, Ópera, fábrica de fé, casa de forró e hoje descansa em paz de tantas mudanças) ganhou este nome devido a uma das canções de Hair.
Maria Regina, Sônia Braga e Marilene Silva – Crioulos (Black Boys)
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Muito curioso é o cantor estadunidense Julius La Rosa, de longa e ilustre carreira em seu país, ser conhecido no Brasil somente por meio compacto, uma gravação que nem foi sucesso nos EUA: seu belo arranjo “pilantragem” de “Where Do I Go” (“meio compacto” porque o lado-B era outra regravação: “Come Softly To Me”, o sucesso dos Fleetwoods, na voz de Billy’n’Sue, na verdade pseudônimo para a cantora Lesley Gore e o cantor Oliver – que, por sinal, fez sucesso mundial com outro tema de Hair, “Good Morning Starshine”).
Julius La Rosa – Where Do I Go
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Tony Campello, primeiro cantor brasileiro de sucesso a ser lançado como roqueiro, gravou “Good Morning Starshine” na mesma versão de Hamilton Di Giorgio (também autor da versão de "The Wanderer"/“Lobo Mau”) que foi grande êxito com o grupo vocal Os Caçulas, “Estrela Que Cai”.
Tony Campello – Estrela Que Cai (Good Morning Starshine)
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A indústria cultural é muito ágil e esperta quando quer, inclusive no Brasil. Logo se percebeu que as quase quarenta canções de Hair eram excelente matéria-prima para o sucesso. Além das regravações de canções individuais por Oliver, Three Dog Night etc., não faltaram covers no atacado (ou seja, LPs inteiros ou, no caso dos Checkmates e do tecladista Peter Nero, metades de LPs) em estilos os mais diversos por artistas e produtores idem (Don Kirshner, Mort Garson), além de releituras por artistas que topavam tudo (Johnny Mathis, Percy Faith). Pelo que percebi a gravadora RCA era quase "dona" de Hair, tendo lançado os LPs com o elenco original, e a Philips veio em segundo lugar com muitas versões estrangeiras (França, Inglaterra, Alemanha). A CBS se virou com um meio LP de Peter Nero, Hits From "Hair" To Hollywood (sim, também prefiro os meus trocadilhos), e a filial brasileira teve a ideia de montar um compacto duplo com quatro gravações: "Easy To Be Hard" com a banda Stony Brook People, "Aquarius" com o maestro Jack Gold (mais e melhor lembrado como co-autor de "It Hurts To Say Goodbye", que você conhece pelo menos na versão francesa, "Comment Te Dire Adieu"), "Good Morning Starshine" com o maestro Percy Faith e "Be-In" com o citado Peter Nero. Vamos ouvir esta última (tirada de um LP importado estéreo, não do disco mono nacional), que inclusive foge do normal usando acompanhamento de samba, num dos primeiros e belos exemplos de "world-lounge". (Acho que este arranjo em samba ficaria bem na versão brasileira).
Peter Nero - Be-In (Hare Krishna)
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O que é a sincronicidade: mal citei a influência do grande compositor norueguês Edvard Grieg, caiu-me no colo um mp3 de Hår, ou seja, a primeira montagem norueguesa de Hair, de dezembro de 1970. (Este eu descobri neste blog, http://gelo-mismusicales.blogspot.com/2009/07/hair-1971-norwegian-cast.html). Aqui vai uma amostra:
Hår (Hair) - Norwegian cast - Hardt Saret (Three Five Zero Zero)
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Em 1992 a banda estadunidense The Lemonheads resgatou “Frank Mills”, paródia de balada folk, em It’s A Shame About Ray, talvez um dos melhores álbuns de rock dos anos 1990.
The Lemonheads - Frank Mills
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Foi dito, com toda razão, que Hair foi um equivalente ambulante do primeiro Festival de Woodstock, que também está completando 40 anos. Nada mais adequado que lembrar ambos juntos, não só por serem grandes símbolos do hippismo, mas também por serem eventos irmãos: o grupo Grateful Dead tocou no festival e é citado na canção “Hair”, e durante a chuvarada do domingo, 17 de agosto, a platéia cantou, além de “No Rain”, a mais que adequada “Let the Sunshine In”.
Audience During Sunday Rainstorm – Let The Sunshine In
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Labels: Hair (musical)