"DÓ, RÉ, MI, FÁ... SEI LÁ!" - MANUAL DO USUÁRIO(A) PRA VICIAR
Para tu que já tens (ou hás de ter muito em breve) teu exemplar de meu novo disco, Dó, Ré, Mi, Fá... Sei Lá!, lançado em 7 de abril, segue abaixo um "encarte virtual" com as letras de quase todas as canções, detalhes sobre todas as 30 faixas e algumas fotos.
Faixa 1
FOI PRA ISSO QUE EU FIZ
CINQUENTA
Um rockão bem setentista no melhor sentido, para quem
passou a adolescência ouvindo artistas como os Stones, Kinks, Who, Alice
Cooper. Joelho de Porco, Rita Lee & Tutti-Frutti e/ou Grand Funk. De
repente, notamos que o tempo passou e a música que ouvíamos na adolescência
completa décadas, mas mantemos o pique (além de para os homens ser mais fácil
continuar na adolescência que para as mulheres), e é bom ter em meio à responsabilidade da vida
adulta um momento livre... Esta canção é dedicada ao pessoal que faz e lê
publicações em papel e virtuais do tipo Empoeirados
do Rock e Poeira Zine.
Mug: violão, guitarras, contrabaixo, bateria e vocal
FOI PRA ISSO QUE EU FIZ CINQUENTA
Ayrton Mugnaini Jr.
A criançada foi pra casa da avó
No fim de semana eu vou ficar só
Vou aproveitar, vai ser mesmo super
Vou ouvir meus Kinks e meu Alice Cooper
Ficar de camiseta mulambenta
E tocar minha guitarra invisível
Tô nem aí se eu tô risível
Quem ousa faz, quem não ousa comenta
Foi pra isso que eu fiz cinquenta
Eu sempre fui uma pessoa prática
Eu empilhava disco na vitrola automática
E hoje eu vou me esbaldar, é o meu dia
Vou empilhar é a louça na pia
Vou trazer pra cá meus anos 70
Meus LPs eu usei pra estudar
Vendi pra escola da criançada eu pagar
Mas o sonzinho do pen drive aguenta
Foi pra isso que eu fiz cinquenta
Tem uma amiga que tanto me tenta
Eu convidei pra me visitar
Não tem problema se ela furar
Pois a música me excita e sustenta
Foi pra isso que eu fiz cinquenta
Samba
da Bahia por um paulista, vejam só. A inspiração veio de uma amiga que no
começo dos anos 2010 residiu por algum tempo com o filho na casa de outra, e
ela me disse que comprava guloseimas e escondia pela casa mas seu filho e a
amiga devam um jeito de encontrar e devorar... Em 2011 lancei uma demo deste
samba no Soundcloud, além de cantá-lo em saraus, por sinal com muito sucesso
(inclusive no evento de dez anos do Clube Caiubi de Compositores, registrado e
lançado em DVD). E o final desta gravação dá uma ideia do que seria Bill Wyman
tocando samba em 1964-66; confiram.
Mug:
cavaquinho, guitarras, contrabaixo, vocal-solo e coro
Gi
Vincenzi: percussão e vocal
CADÊ
O DOCE?
Ayrton
Mugnaini Jr.
Ô
mãe, cadê o doce
Que
você me prometeu?
Ô
mãe, cadê o doce,
Esse
doce que era meu?
Ô
mãe, cadê o doce
Cadê,
desapareceu?
Ô
mãe, cadê o doce?
-
Tua tia já comeu!
Tua
tia é gulosa
É
cada aperto que eu passo
Ela
é gorda de maldade
Pra
ocupar o meu espaço
E
se eu comprar dez doces
Não
vai ser uma surpresa
Ela
vai comer os onze
Um
dia ainda come a mesa
Ô
mãe, cadê o doce
Que
você me prometeu?
Ô
mãe, cadê o doce,
Esse
doce que era meu?
Ô
mãe, cadê o doce
Cadê,
desapareceu?
Ô
mãe, cadê o doce?
-
Tua tia já comeu!
Tua
tia é gulosa
Toda
hora ela teima
Qualquer
coisa que faz sombra
Logo
vira guloseima
Junta
gula e egoísmo
Dá
essa tia maluca
Nunca
leve ela pro Rio
Que
ela engole o Pão de Açúcar
Ô
mãe, cadê o doce
Que
você me prometeu?
Ô
mãe, cadê o doce,
Esse
doce que era meu?
Ô
mãe, cadê o doce
Cadê,
desapareceu?
Ô
mãe, cadê o doce?
-
Tua tia já comeu!
Faixa 3
BEIJA-ME, AMOR
Arnaldo Baptista
Elcio Decario
Um grupo do Facebook dedicado aos Mutantes planejou um
tributo virtual a eles, e contribuí com esta faixa num arranjo em fado, ora,
pois – influência de Thais Matarazzo, jornalista, escritora e entusiasta da
cultura lusa. O tributo ainda não saiu, espero que saia...
Mug: violão, violão de 12 (na falta de guitarra portuguesa)
e vocal
BEIJA-ME, AMOR
Arnaldo Baptista
Elcio Decario
Lançada em agosto de 1972 no álbum Hoje É O Primeiro Dia Do Resto Da Sua Vida, dos Mutantes mas creditado a Rita Lee solo para que a banda pudesse lançar dois álbuns praticamente ao mesmo tempo, o outro sendo Mutantes E Seus Cometas No País Do Baurets, lançado em abril do mesmo ano.
Faixa 4
A FLAUTISTA ESTUDANTE
Marcha-rancho inspirada numa pessoa real – sim, uma bela
dama que nas horas vagas se aventurava a estudar flauta. (Espero que ela esteja
bem e ainda tocando; confirmarei se e quando ela voltar a falar comigo...)
Mug: flauta, violão, guitarra, contrabaixo e vocal
A FLAUTISTA ESTUDANTE
Ayrton Mugnaini Jr.
Naquele prédio tem uma bela nêga
Toda manhã ela sai pra trabalhar
A melhor hora é quando ela chega,
Pega sua flauta e começa a estudar
Dó, ré, mi, fá, sol, me faz sonhar
Me emociono, até suspiro
Mesmo que ela ainda não seja um Altamiro
Com certeza ela é muito mais legal
Que o pulador e soprador do Jethro Tull
Dó, ré, mi, fá, sol, me faz sonhar
Faixa 5
CUIDADO PRA NÃO ERRAR
Xote baseado numa história real. Uma grande musa me indicou
para tocar num evento, eu disse a ela “quando eu estiver tocando vou piscar pra
ti” e ela, modesta que só, respondeu: “Vais piscar pra mim? Cuidado pra não
errar...” Daí para eu compor esta canção foi um passo de forró.
Mug: violão, violão de 12 cordas, contrabaixo, vocal-solo e
vocal
Leo Rugero: sanfona
Luciana d’Ávila: coro
Gi Vincenzi: bateria
CUIDADO PRA NÃO ERRAR
Ayrton Mugnaini Jr.
Lá no meu bairro tem um salão
Onde tem baile todo sabadão
Baile animado e bem bonito
Só vai orquestra de gabarito
Tem que ser bom pra ir lá tocar
Tem uma dama do lugar
É tão formosa e tão graciosa
Que em todo baile é bom avisar:
Tocador, toma cuidado
Toma cuidado pra não errar
Considere-se avisado
Um sorriso, um olhar
Pode te derrubar
Esse bailão já tem boa fama
Também por causa dessa bela dama
É cativante e linda como quê
Tocador se esquece de cobrar o cachê
O olhar dela é um diapasão
É bom que afina o coração
Até de fato está no contrato
Pra quem tocar em baile no salão:
Tocador, toma cuidado
Toma cuidado pra não errar
Considere-se avisado
Um sorriso, um olhar
Pode te derrubar
De boca em boca, de mesa em mesa
Corre a história dessa princesa
Uma mistura emocionada
De lenda urbana e conto de fada
Dizem que ela com esse jeito
Aguarda o tocador perfeito
Que vai piscar pra ela sem errar
Do seu coração será o eleito
Tocador, toma cuidado
Toma cuidado pra não errar
Considere-se avisado
Um sorriso, um olhar
Pode te derrubar
Luciana d’Avila, Leo Rugero e Mug em dia de gravação de
“Cuidado Pra Não Errar” (Crédito da foto: selfie de Luciana)
Faixa 6
QUERO VIVER SÓ DE SHOWS
Um dia Marisa Ricco, cantora, compositora e companheira de
Caiubi, me escreveu:: “Hoje eu to meio depressiva, to com vontade de rasgar meu
diploma, carteira de trabalho e voltar pra minha chácara...” Foi o que bastou
para eu compor esta balada zérodrixiana. Lancei uma demo no Soundcloud; outro
companheiro de Caiubi, André Katz, ouviu, resolveu gravar e me enviou uma
gravação acústica, de que gostei a ponto de resolver complementá-la para este
disco.
André Katz: violões e vocal
Mug: guitarra, contrabaixo e bateria
QUERO VIVER SÓ DE SHOWS
Marisa Ricco
Ayrton Mugnaini Jr.
Hoje eu acordei com uma revolta
Quero queimar minha carteira de trabalho
Quero voltar pra minha chácara no interior
Pegar o meu diploma
E rabiscar no verso uma canção
Eu quero viver só de shows
Desde sempre eu quis ser artista
Mas me disseram que não era profissão
Me aburguesei e venci
Mas agora eu percebi
Que ganha mais quem segue o coração
Quero viver só de shows...
Faixa 7
A PALO SECO
Em 2012 fui
convidado a participar de um tributo do Facebook a Belchior, e a canção que
escolhi foi “A Palo Seco”. A princípio pensei num arranjo em samba-choro como
eu havia feito com “Garçom” de Reginaldo Rossi em meu disco Lados-E, lançado no ano anterior, mas
achei cedo demais para repetir a piada. Em que ritmo gravar então? Achei a
resposta na própria letra: um tango argentino. Passei alguns dias estudando
discos de Carlos Gardel que têm acompanhamento de dois violões. O tributo a
Belchior acabou não saindo, e resolvi lançar esta gravação num próximo disco,
que acabou sendo este. Por ora, outro trecho da letra também é pertinente,
inclusive para o próprio Belchior abrir seus shows de retorno (sim, espero que
ele os faça) “Se você vier me perguntar por onde andei...”
Mug: violões e vocal
A PALO SECO
Belchior
Lançada por Belchior em seu primeiro LP (sem título mas conhecido por uma das faixas, "Mote E Glosa", no selo Chantecler, em abril de 1974) e gravada praticamente em seguida por Ednardo no LP O Romance Do Pavão Mysteriozo (RCA, setembro de 1974)
Faixa 8
QUASE FUI EU QUEM TE
INVENTOU
Minha homenagem a uma musa dos tempos da faculdade de
jornalismo. Musicalmente, a inspiração foi uma canção também bastante beatleana
que ouvi uma vez de passagem no rádio por volta de 2000; não consegui ouvir
quem cantava (e depois não consegui descobrir no Google), mas me lembro que a
harmonia do refrão era similar à de “I Lie Around” de Paul McCartney, a melodia
lembrava um pouco o mesmo trecho usado em “Sweet Caroline” de Neil Diamond e
“More Than This” do Roxy Music e a letra falava em “os olhos dela”. Resolvi
usar a mesma harmonia com uma melodia mais elaborada, e gosto de dizer que esta
é a melhor canção de Tavito que ele não compôs.
Mug: guitarra, violão, contrabaixo, bateria e vocal
QUASE FUI EU QUEM TE INVENTOU
Ayrton Mugnaini Jr.
Você é um livro muito raro
Que eu nunca vou poder comprar
Mas estou feliz e consolado
Na vitrine posso te olhar
Você lembra que eu sempre te dizia
Que eu queria te ver, depois morrer
Mas estou bem mais modesto hoje em dia
Eu me contento apenas em te ver
Não importa se a chuva está tombando
À sua volta eu só vejo o Sol brilhar
Até as gotas da chuva brilham tanto
Elas querem também te iluminar
Teu olhar tem ainda mais beleza
Com o tempo você só melhorou
Você é mesmo a melhor princesa
Lá da Disney que ela não criou
Quase fui eu quem te inventou
Tua foto eu guardei comigo
Atrás dela você escreveu
“Felizmente o nosso caso é antigo”
Querida, “felizmente” digo eu
Nosso caso é antigo e moderno
Não tem tempo nem hora ou pedigree
E eu sempre te jurei amor eterno
Pelo menos essa jura eu cumpri
Não importa se a chuva está tombando
À sua volta eu só vejo o Sol brilhar
Até as gotas da chuva brilham tanto
Elas querem também te iluminar
Teu olhar tem ainda mais beleza
Com o tempo você só melhorou
Você é mesmo a melhor princesa
Lá da Disney que ela não criou
Quase fui eu quem te inventou
Faixa 9
QUERO SER O TEU AFFAIR
Jorge Ben Jor, um de meus heróis, ter parado de gravar com
violões não me impede de fazer o mesmo (gravar com violões), e neste meu
samba-rock usei violão de 12 cordas para tentar captar o espírito (embora ao
meu modo) de álbuns como O Bidu e Força Bruta. E a letra é uma declaração
de princípios: no amor, como aliás em tudo, carinho, respeito e atenção são de
suma importância.
Mug: violão de 12 cordas, guitarra, órgão, contrabaixo,
bateria e vocais
QUERO SER O TEU AFFAIR
Ayrton Mugnaini Jr.
Dizer o que você não sente não é nada bom
E não dizer o que você sente pode ser fatal
Por isso agora eu venho te cantar, você já sabe o tom
E você sabe que é sacanagem mas não é por mal
Que bom te ver, mulher
Quero ser o teu affair
Quero ser o teu amante,
Confidente, ficante,
Amigo e querido
Dura mais do que marido
Não sou do tipo que paquera só pra se mostrar
E só esposa ou namorada não podem saber
E acredito nesta bela frase que eu vou citar:
“Tem tanta lei que pode ser quebrada sem ninguém sofrer”
Vem requebrar, mulher
Quero ser o teu affair
Quero ser o teu amante,
Confidente, ficante,
Amigo e querido
Dura mais do que marido
E tem ainda outro cantor que agora lembrarei
Canta até pior que eu, mas disse muito bem:
Diz que “o medo do amor é o medo de ser livre”, eu sei
Estou livre pra seguir meu sonho, podes vir também
Que sonho és tu, mulher
Quero ser o teu affair
Quero ser o teu amante,
Confidente, ficante,
Amigo e querido
Dura mais do que marido
Faixa 10
MEU IRMÃO QUER IR PRA EUROPA
Numa
conversa com a amiga Pih Morais ela comentou: "Minhas irmãs querem fazer
uma viagem pra Europa e eu quero fazer viagem pra Itaparica." Ora, dizer
uma coisa dessas a um compositor compulsivo é apagar incêndio com gasolina...
Na hora compus a letra e a publiquei no Facebook para quem quisesse musicar,
honra que ganhei, quase com a mesma rapidez, do companheiro de Caiubi Marcio
Policastro. A canção nasceu bela toada de sabor folclórico, e para este disco
eu a transformei num cateretê bem caipirão, mais ainda graças a Deus e à
participação do violeiro Betto Ponciano.
Mug:
violão, contrabaixo e vocais
Betto
Ponciano: viola caipira
Gi
Vincenzi: chocalho
MEU
IRMÃO QUER IR PRA EUROPA
Márcio
Policastro
Ayrton
Mugnaini Jr.
Meu
irmão é muito pobre
Minha
irmã é muito rica
Ele
quer ir pra Europa
Ela
quer ir pra Itaparica
Ela
diz: "Olha a loucura,
Meu
irmão, que você faz"
Ele
diz "Ir pra Bahia?
Minha
irmã, cê gasta mais"
Faixa 11
UNIBOÇAL MUSIC
Quase todas as grandes gravadoras brasileiras são empresas
que visam lucro, imagine se não fossem... Como afirmei em vários lugares, elas
insistem em matar com requintes de crueldade a galinha dos ovos de ouro, são
centopeias que passam o dia dando tiros nos pés... Mas muitos(as) artistas se
preocupam demais com fazer sucesso e sucumbem à pressão, o famoso caso de “quem
apanha é tão errado quanto quem bate”. Este meu hard-rock nasceu em 1973-4 como
“Commercial Music”, seguindo uma onda então muito comum de criticar a
carreira-solo de Paul McCartney em comparação à sua obra como integrante do
“melhor grupo de todos os tempos” (mito em que acreditei por muito tempo, mas
isso é outra discussão); quarenta anos depois completei a letra definitiva e o
arranjo idem, inclusive idealizando a alternância de compasso entre 7/4 e 4/4.
Mug: violão, guitarra, contrabaixo, bateria e vocal
Gi Vincenzi: gaita
UNIBOÇAL MUSIC
Ayrton Mugnaini Jr.
Sempre tenho um pesadelo
Alguém vem me telefonar
Diz que é da Uniboçal Music
Está querendo me contratar
Acordo suando e tremendo
Quero cortar o fio do telefone e sair correndo
Já pensou? Acústico ao vivo
Só caixa no som, som na caixa
Tributo a dez mil convidados
E sem passar de quatorze faixas
Tal cardápio é o que há
Esculhambam no feijão com arroz, capricham no jabá
Prefiro dizer o que eu quiser
Do jeito e maneira que eu quiser
Pra dez pessoas que ouvem com atenção
Do que dizer o que não quero para um milhão
Mas nem por um bilhão
Uniboçal não!
Faixa 12
MARINHEIRO EMPREENDEDOR
Em 2014 comecei a trabalhar com a cantora Vera Mendes num
projeto sobre empreendedorismo, compondo uma série de canções sobre o tema,
incluindo esta. Todas hão de sair logo em disco, quase todas na voz de Verona
(que canta neste CD na faixa “Frevo Da Esfoliação”, de outro projeto nosso).
Mug: violão, pandeirola, apito e vocais
MARINHEIRO EMPREENDEDOR
Ayrton Mugnaini iJr.
Oh! Marinheiro, marinheiro só
O tempo inteiro só tem desafio
E virou marinheiro, marinheiro só
Porque levou aquele tombo do navio
Só pensava em deitar na areia
Uma preguiça enorme de assustar
Foi arrastado pela maré cheia
Acordou e aprendeu a nadar
Oh! Marinheiro, marinheiro só
O tempo inteiro só tem desafio
E virou marinheiro, marinheiro só
Porque levou aquele tombo do navio
Num navio ele foi se virando
Muita batata ele descascou
E resolveu descascar cantando
Cantor da banda ele se tornou
Oh! Marinheiro, marinheiro só
O tempo inteiro só tem desafio
E virou marinheiro, marinheiro só
Porque levou aquele tombo do navio
De marinheiro a cantor então
O nosso amigo nos surpreendeu
Montou empresa de navegação
Agora canta “esse mar é meu”
Oh! Marinheiro, marinheiro só
O tempo inteiro só tem desafio
E virou marinheiro, marinheiro só
Porque levou aquele tombo do navio
Largou preguiça e tem muito pique
De desafio ele não foge, não
E se ele embarcar num Titanic
Faz sociedade até com tubarão
Oh! Marinheiro, marinheiro só
O tempo inteiro só tem desafio
E virou marinheiro, marinheiro só
Porque levou aquele tombo do navio
Faixa 13
FOGUETE PRATEADO
“Fuscão Preto” é uma daquelas canções sertanejas que fazem
megasucesso a mais ou menos cada dez anos, e inspirou dezenas de paródias,
respostas e continuações; uma delas é esta minha, que comecei por volta de 1984
e concluí em 2015 – e imaginem os Kinks de 1969-70 tocando em 5/4 (além de “Strangers”,
é claro).
Mug: guiitarras, contrabaixo, bateria e vocais
FOGUETE PRATEADO
Ayrton Mugnaini Jr.
Eu não vou atrás só do que me disseram
Eu sei porque eu vi ‘té foto no jornal
A mulher que eu mais amo foi embora
Com um piloto do programa espacial
Foguete prateado
Ah, essa mulher tá me fazendo falta
Ela desprezou meu negro fusca
E a linda moto que corusca
Pra fugir com um reles astronauta
Vejo uma estrela e me lembro dela
E sua presença ainda me alucina
Mas eu vi que o nosso amor foi pro espaço
E isso é que é Maria Gasolina
Foguete prateado
Ah, essa mulher tá me fazendo falta
Ela desprezou meu negro fusca
E a minha moto que corusca
Pra fugir com um reles astronauta
Se ela passar perto de algum satélite
Espero que ela ouça o quanto eu lamento
Suas altas curtições na alta e nas alturas
E eu aqui bem preso em engarrafamento
Foguete prateado
Ah, essa mulher tá me fazendo falta
Ela desprezou meu negro fusca
E a minha moto que corusca
Pra fugir com um reles astronauta
Faixa 14
BAILARINA PALHAÇA
Única composição instrumental do disco e uma de minhas
primeiras obras de inspiração circense. Compus esta logo que comecei a
trabalhar em circo, em 2013. E convidei/convoquei a palhaça Espalha-Brasa (“al
secolo” Viviane Figueiredo), minha companheira de saraus circenses, para criar
e fazer uma coreografia; aguardem! E bem resumiu minha amiga jornalista Monica
Cirano: “Até suas composições instrumentais são irônicas.”
Mug: violão, guitarras, teclado, contrabaixo e bateria
Faixa 15
AFINANDO AFINAL
(A FINA FLOR DA
AFINAÇÃO)
Um de meus grandes quase-sucessos é “Me Dá O Mizão”, sobre
a falta de afinadores eletrônicos, lançada em 2004. Pois bem, em 2015 consegui
meu primeiro afinador, daqueles com ajuste de vibração, e a primeira vez que o
usei foi num ensaio de uma de minhas bandas, The Vintages – e só descobri que o
bichinho tinha o tal ajuste de vibração em pleno ensaio, justamente por inadvertidamente
acioná-lo e obrigar a banda a tocar uma fração de tom abaixo do diapasão. E
compus este iê-iê-iê durante esse mesmo ensaio (lembrar de uma amiga/musa
ajudou muito). Para esta gravação, tive a grande honra da participação do
saxofonista Nestico Aguiar, que tocou na banda The Jet Black’s e com Roberto
Carlos nos anos 1960 – e com quem toquei na infelizmente efêmera banda Liga
Leve.
Mug: violão, guitarra, contrabaixo, bateria e vocal
Nestico Aguiar: saxofone
AFINANDO AFINAL
(A FINA FLOR DA AFINAÇÃO)
Ayrton Mugnaini Jr.
Finalmente comprei
Um afinador
Levei hoje no ensaio
Mas foi um horror
A turma me xingou
E eu só vi depois
Que estava em quatrocentos
E trinta e dois
Música popular
Tem que ter de fato
Vibração de quatrocentos
E quarenta exato
E o meu coração
Tem um afinador
Que se afina diariamente
Por você, amor
Automaticamente
Pra você, mulher
Ele busca afinação
Na mesma vibração
Em que você estiver
Nestico e Mug em dia de
gravação de “Afinando Afinal” (foto de Lilu Aguiar, irmã de Nestico e emérita
tecladista)
Faixa 16
MELZINHO
Fiz uma boa troca com a pesquisadora e
artista circense Verônica Tamaoki. Ela me revelou como músico de circo ao me
convidar para tocar num espetáculo circense que ela produziu em 2013 e, desde
então, nos saraus produzidos pelo Centro de Memória do Circo, do qual ela é a
diretora. E eu a revelei como cantora e compositora, inclusive nestes referidos
saraus do CMC. Em 2016 ela compôs, como um agrado para seu neto, o início desta
canção, “Melzinho”; desenvolvi e assim nasceu nossa primeira parceria; na mesma
época compusemos outra, “Shimeji” – sim, o “kodomo” é bom garfo e se alimenta
bem.
Verônica Tamaoki: vocal-solo
Mug: violão, guitarra, contrabaixo,
bateria e vocais
MELZINHO
Verônica Tamaoki
Ayrton Mugnaini Jr.
Melzinho, melzinho
Melzinho é gostosinho
Criança gosta de mel
Criança gosta de mel
Faz bem e é bom demais
Criança gosta de mel
Eu também quero mais!
Faixa 17
FREVO DA ESFOLIAÇÃO
Esta é uma amostra de outro de
meus projetos em dupla com Vera Mendes, que além de cantora e compositora é
também fonoaudióloga e esteticista, e que inclusive sabe aliar uma função a
outra, treinando pessoas para falarem melhor lidando com os músculos da face de
forma a estes se fortalecerem e darem à pessoa aparência mais jovem.
Vera Mendes: vocal-solo
Mug: guitarra, contrabaixo e
bateria
Wilson Rocha e Silva: cavaquinho
FREVO DA ESFOLIAÇÃO
Ayrton Mugnaini Jr.
Pra ficar sempre bonita
Eu vou me cuidar
Depois da folia
Eu vou me esfoliar
Sem a minha pele
Sou uma caveira
Pra ficar sempre bonita
Eu me cuido inteira
Seja inverno ou verão
Cuidando a coisa vai
Quando eu saio pra rua
Todo queixo cai
Pra ficar sempre bonita
Eu vou me cuidar
Depois da folia
Eu vou me esfoliar
Massagem esfoliante
Com água morna
Sai a pele velha
E o viço retorna
Mas massagear demais
Não dá certo, não
Pra cuidar bem da pele
Não precisa apelação
Pra ficar sempre bonita
Eu vou me cuidar
Depois da folia
Eu vou me esfoliar
Mug e Vera Mendes em 2015. (Foto: Dilza Tricta
Mugnaini)
Faixa 18
MY FAVOURITE COMMERE
Outro compositor que tenho como grande modelo é George
Gershwin, e outra de minhas composições
gershwinianas (a exemplo de “A Primeira Última Vez”, muito bem regravada por
Tereza Miguel) é"My Favourite Commêre", lançada em 2013 no disco Vitória!!! do cantor Soul Demetrio, com
arranjo e instrumentação também minhas. No vocal, a participação especialíssima
de Bee Scott - posso dizer que me senti como Chico Buarque deve se sentir ao
ouvir uma composição dele com ele mesmo e depois cantada por Elis, Zizi ou
Ângela... Achei que esta gravação ficou parecendo os Stones na época de Out Of Our Heads se aventurando a tocar
Gershwin, e a mesma gravação foi remixada para este disco. Uma errata: só
depois da gravação percebi que a palavra “compere” (“apresentador” em inglês)
tem forma feminina, “commere”... Mas tudo bem; afinal, já tem muitas atrizes
feministas substituindo “actress” por “actor”...
Bee Scott: vocal-solo
Mug: violão, guitarra, piano, contrabaixo, bateria e vocal
MY FAVOURITE COMMÈRE
Ayrton Mugnaini Jr.
No business like show business
So the old song says
And I say I know the way
To really big success
No wrong a show can do
When it has a commère like you
My favourite commère
I love to see you there
You’re good like the best sauce
For the best fancy meal
My favourite commère
No other can compare
You talk, you dance, you smile
And you shine for real
Even if the show was no good
I would see just to see that lass
But I knew the show and her would be good
For neither would settle for less
And you’re more than my favourite commère
‘Cause eveybody loves what you do
And not only the show must go on
Must go on with you
Faixa 19
SAMBINHA SEM VERGONHA
Um de meus projetos é Os Microsambas, de sambas com duração
máxima de um minuto e meio, e um destes é este. Encomendei uma letra a Léo
Nogueira, emérito letrista do Clube Caiubi de Compositores, e o resultado foi
este samba-choro-relâmpago.
Mug: cavaquinho, violão e vocal
Gi Vincenzi: pandeiro e tamborim
SAMBINHA SEM-VERGONHA!
Léo Nogueira
Ayrton Mugnaini Jr.
Se você não fosse falsa
E sentisse amor sincero
Eu te faria uma valsa
Ou até mesmo um bolero
É por isso que eu me zango
Ao te ver co'esse decote
Nunca te farei um tango
Nem sequer um foxtrote
Você não vale um choro
Você não vale um jazz
Mas eu perco o decoro
E me atiro a seus pés
Já que a culpa é só minha
Já que eu babo na fronha
Eu te fiz este sambinha
Que é muito do sem-vergonha
Faixa 20
NARUTO
Uma das melhores coisas da vida foi me tornar pai e
companheiro de televisão de meu filho. E um dos desenhos animados preferidos dele
é o animê Naruto, que me inspirou
esta canção para o público infanto-juvenil com uma mensagenzinha de que não se
deve agir sem refletir.
Mug: banjo (na falta de koto), contrabaixo, pandeiro e
bateria
NARUTO
Ayrton Mugnaini Jr.
Naruto ama Sakura
Mas ela só pensa no
Sasuke
Naruto precisa se
tocar
Ser paciente e
gentil é o melhor truque
Naruto, Naruto
Por qualquer coisa
você fica bruto
Escolha o alvo certo
e atinja
Ser ninja não é ser
deixa-que-eu-chuto
Naruto é ansioso
paca
A toda hora ele
perde a linha
Naruto, cuide bem do
chakra
Pois sem querer você
parece o Chacrinha
Naruto, Naruto
Não seja um baka
absoluto
Eu sei que você
sabe, não finja
Ser ninja não é ser
deixa-que-eu-chuto
Faixa 21
SE VOCÊ JURAR
Adivinhem que cantor eu busquei parodiar nesta gravação. E
temos aqui a estréia mundial em gravações do trompetista Wagninho Barbosa (e
também a primeira aparição de trompete em uma minha gravação).
Mug: violão, contrabaixo, bateria, pandeirola e vocais
Wagninho Barbosa: trompete
SE VOCÊ JURAR
Ismael Silva
Milton Bastos
Francisco Alves
Gravação original da grande dupla formada por Francisco Alves e Mario Reis; o disco foi lançado pela velha e boa Odeon em janeiro de 1931.
Faixa 22
QUEM NO AR SE ENCOSTA
CAI
Mais uma baseada em experiência própria. Minha primeira
grande experiência como compositor foi presenciar o Língua cantando “O Homem Da
Minha Vida” para um SESC-Pompeia lotado, e foi ainda melhor quando o Língua
cantou a canção no Projeto SP igualmente lotado, quando este ficava na Rua Caio
Prado, aqui em Sampa. De lá para cá o Língua mudou de estilo (voltaria a ser o
bom e velho Língua nos anos 2010) e o Projeto SP mudou-se para a Barra Funda e
fechou de vez. Compus então há poucos anos esta balada anti-nostálgica. E
recentemente, em 2016, a profecia do final da letra se realizou, com o Língua
cantando canções minhas para um SESC-Pompeia lotado ao lançar o disco O Último CD Da Terra.
Mug: violão, piano e vocal
QUEM NO AR SE ENCOSTA CAI
Ayrton Mugnaini Jr.
Faz tanto tempo
Mas ainda posso ouvir
O povo aplaudir
Cantando minha canção
Foi aqui mesmo
Onde tem neste momento
Um estacionamento
Não tem mais palco, não
Veio o sucesso
E me seduziu
Mas logo me traiu
Eu não soube cativar
Sei que é verdade
Que ter algo e perder
É melhor que nunca ter
Mas também faz chorar
Como se diz
Joguei pra vencer
Fiquei triste por perder
Mas não envergonhado
Também não faço
Igual a tanta gente
Que empurra o presente
Com a barriga do passado
Ninguém me peça
Que eu seja o que eu já fui
A vida é um rio que flui
Pra frente é que ela vai
E quando eu olho
Pro que eu vivi lá atrás
Olho um pouco só, não mais
Quem no ar se encosta cai
Dizem que a gente
Ganha o que merece
E tudo o que acontece
É para o melhor
Porém quem sabe a hora
Não espera ver
Faz acontecer
Enfrenta o pior
Como se diz
Pode até chorar
Quem quiser ganhar
O que quer só por querer
Mas se você
Se esforçar com fé
Vai poder até
Ter o que tem que ter
Aquela festa
Foi uma sensação
Mas depois o salão
Ninguém quis limpar
Pra ser feliz
Tem que saber sofrer
E quem souber perder
Aprende a ganhar
Eu vou um dia
Novamente ouvir
O povo aplaudir
Cantando minha canção
Ela é a mesma
Só que melhorou
E o mesmo ainda sou
Mas aquele eu não sou, não
Faixa 23
MEU BANDOLIM
Foi nos anos 1990 que atentei para a obra do escritor russo
Anton Tchekhov (1860/1904), graças a Deus e à cantora Nina Ximenes, grande
tchekhófila. Ele me parece um equivalente russo e literato de Ray Davies,
Adoniran Barbosa e outras pessoas capazes de enxergar grandes obras em pequenos
detalhes. Não tive notícia de obras musicais baseadas em suas peças de teatro,
mas uma cena de sua última peça, Jardim
Das Cerejeiras, me fez ouvir música logo que a li. Até comecei a escrever
um ciclo musical baseado em cenas desta peça, e um dia concluirei. Esta canção
é uma primeira amostra, e tive o grande incentivo de Svetlana Chistiakova,
caiubista russa que vem ao Brasil de vez em quando.
Mug: bouzoukia (na falta de balalaica ou bandolim), violão
e vocais
MEU
BANDOLIM
Ayrton
Mugnaini Jr.
Baseado
em Anton Tchekhov
Amo
tocar meu bandolim
Eu
sei que é só um violão chinfrim
Mas
para um homem que é louco e apaixonado
Este
violão é um bandolim
O
que me importam este mundo barulhento
E
a gente amiga e inimiga que eu aguento?
E
a velha chama de um amor correspondido
Deixa
meu coração torrado e aquecido
Amo
tocar meu bandolim
Eu
sei que é só um violão chinfrim
Mas
para um homem que é louco e apaixonado
Este
violão é um bandolim
Podem
falar que eu canto muito, muito mal
Que
estou menos pra sabiá que pra chacal
Mas
mesmo assim o que eu sinto eu vou dizer
E
eu queria estar sozinho com você
Amo
tocar meu bandolim
Eu
sei que é só um violão chinfrim
Mas
para um homem que é louco e apaixonado
Este
violão é um bandolim
Sou um bote em tempestade, a vida me maltrata
Até
no fundo de meu copo tem barata
Tenho
um revólver e eu podia me matar
Mas
é melhor pegar o bandolim e tocar
Amo
tocar meu bandolim
Eu
sei que é só um violão chinfrim
Mas
para um homem que é louco e apaixonado
Este
violão é um bandolim
Faixa 24
O VELHO PALHAÇO
Na minha ainda breve carreira de circense tive a honra de
conhecer Roger Avanzi, mais famoso como o palhaço Picolino II e um dos grandes
artistas do circo brasileiro em geral e, particularmente, do Circo Nerino, onde
atuou também como jóquei, músico e galã. Compus esta canção em homenagem a ele
e lancei uma demo no Soundcloud. Agora em 2017 tive uma bela surpresa: o cantor
e poeta Henrique Vitorini, jovem companheiro de saraus, resolveu homenagear a
mim e a palhaços em geral cantando esta canção no Sarau da Casa Amarela! Gostei
tanto que o convidei para cantar neste meu disco.
Henrique Vitorino: violão e vocal
Mug: contrabaixo e guitarra
Gi Vincenzi: bateria e percussão
O VELHO PALHAÇO
(para Roger Avanzi)
Ayrton Mugnaini Jr.
Você está vendo
Aquele alegre velhinho
Que anda devagarinho
Se apóia numa bengala
Eu vou te contar
Disso mistério eu não faço
Ele é um velho palhaço
Olhando assim ninguém fala
Mas você tem que ver
Quando ele pinta o rosto
Nos dá ainda mais gosto
De vê-lo se transformar
Joga longe a bengala
E como ele remoça
Canta, recita e faz troça
Gargalha e faz gargalhar
Mas ninguém sabe
Os dramas que ele viveu
Na vida tanto sofreu
É de deixar arrepiado
Nem vou te contar
Faz parte da vida circense
Mas não quero que você pense
Que entrou no show errado
E, como se diz,
O melhor remédio é o riso
E sempre que for preciso
Ele faz e usa na hora
O palhaço é assim
Consegue achar graça em tudo
Diz tanto até quando está mudo
Faz rir até quando chora
Vieram dizer
Que este é o show derradeiro
Vai deixar o picadeiro
Flor que enfim perde o viço
Não é por nada
Posso ser otimista demais
Mas com certeza já faz
Trinta anos que eu ouço isso
E também é certo
Que ele soube se eternizar
Já ficou e vai sempre ficar
Na história e na lembrança
E a gente sabe
Que o palhaço, a bem da verdade,
Só envelhece na idade
Por dentro é sempre criança
Faixa 25
THE BEET SONG
Um de meus blogues prediletos é Altrockchick, de Arielle (j’ai oublié son nom de famille).
estadunidense radicada na França. O blogue inclui uma série de artigos sobre
coisas de que pouca gente gostam, inclusive ela, e um dos temas foi a
beterraba. Gostei tanto que não tive dúvida em compor uma ode a tão belo e
saudável alimento (por sinal, para quem não sabe, sou vegetariano), e Arielle
gostou a ponto de escrever no blogue um comentário bem favorável, que pode ser
lido aqui.
Mug: violão e vocal
THE BEET SONG
Ayrton Mugnaini Jr.
Beet, beet, beet, be it pickled
Or in a soup, it gets me tickled
For health and happiness
A beet I never miss
Mama says “take care,
Watch out what you eat”
Now she’s glad to know
That one thing I love is beet
I abhor white sugar
My life’s very sweet
With my lady’s kisses
And, for sure, a dish of beet
Beet, beet, I never miss a beet
I walk and prance
Run and dance
People going “wow
Not too bad
For a lad
Who’s nearly sixty now”
She don’t lie, she don’t lie, she don’t lie, betaleine
I will never say
“Don’t you eat no meat”
Or “I’d like you more
If you tried to eat some beet”
But I mind my business
On my own two feet
I practice what I preach
By eating lots of beet
Beet, beet, I never miss a beet
And it’s not illegal elígal
Not immoral imróaw
And not fattening
When i’m out
Girls wanna shout
It’s really flattering
I got the beet, I got the beet
What I think it’s right
I do and i’m proud
I think for myself
And I never mind the crowd
I hear a different drum
I walk to that beat
Be it red or any colour
Yes, I paint myself with beet
Beet, beet, I never miss a beet
Beet, beet, I never miss a beet
Beet, beet, beet, beet, yeah
Faixa 26
O MALA DE DEUS
Composta em 2016 numa, digamos, homenagem ao fanatismo
religioso e ao catolicismo que continua tão implacável e avançado quanto nos
dias medievais.
Mug: guitarras, contrabaixo e vocal
João Arjona Jr.: bateria
O MALA DE DEUS
Ayrton Mugnaini Jr.
Conheço um cara que só fala em Deus
A crença dele é mesmo muito boa
Outras pessoas erram, Deus castiga
Mas quando ele erra, Deus perdoa
E ele fala tanto de amor
Mas se ouve um “não” fica violento
Ele até parece aquele Deus
Dando piti no Velho Testamento
Ele é o Mala de Deus
Mala de Deus
Fariseus, primeiro os teus
Ele é o Mala de Deus
Sempre rezando em palavra e canto
Ave Maria, “Creindeus” Pai, Pai Nosso
Mas quando ouve algo que precisa
Ele parece que vai ter um troço
Foi feito à imagem e semelhança
Daquele Deus que é tão cruel sem dó
E quando fica bravo ele ameaça:
“Eu vou chamar meu Pai, cê vai ver só”
Ele é o Mala de Deus
Mala de Deus
Fariseus, primeiro os teus
Ele é o Mala de Deus
Faixa 27
ODE À MENINA BAUAUÁ
Menina era o nome e Bauauá o apelido de uma adorável
vira-lata de estimação da família da mãe de meu filho, e nos últimos tempos ela
morou com ela e ele; eu a chamada de Bauauá por causa de seu latido de alerta.
Ivo, meu filho, compôs por volta dos três anos de idade uma cançãozinha para
Menina; mais tarde percebi que a canção daria um belo samba-rock no estilo
“Pilantragem” e desenvolvi o tema. Menina faleceu há poucos anos, e aqui vai
nossa homenagem a esta cachorra do tipo que realmente merece canção. E esta é a
estréia em disco de uma de minhas melhores bandas, Los Interesantes Hombres Sin
Nombre, meu trio de rock e blues ao lado do guitarrista Marcos Mamuth e do
baterista Carlinhos Machado.
Ivo Tonso Mugnaini: vocal-solo
Mug: cavaquinho, contrabaixo, vocal-solo e vocais
Marcos Mamuth: guitarra
Carlinhos Machado: bateria
ODE À MENINA BAUAUÁ
Ivo Tonso Mugnaini
Ayrton Mugnaini Jr.
Menina, Menina, Menina
Menina, Menina
Quem a conheceu sente saudade
Mas pelo menos teve a felicidade
Ela corria, ela latia, bauauauá
Mais amiga que a Menina não há!
Menina em 2005. (Foto de Mug)
Faixa 28
O NEGÓCIO É SAMBA MESMO
A composição mais antiga do disco, nascida em 1979. Nessa
época eu estava prestes a desistir de vez do curso de engenharia elétrica, e
descobri que perto de casa, na galeria da esquina da Brigadeiro Luiz Antônio
com a Rui Barbosa, havia uma pequena gravadora, a GPS (Gravadora Paulista de
Som). Resolvi entrar para conhecer a firma, e mal entrei senti que poderia pelo
menos tentar realizar um de meus sonhos de então: ser compositor profissional
de gravadoras, a exemplo de Lennon &McCartney, Ray Davies, Chico Buarque e
tantos outros e outras que compunham para vários artistas. Foi também quando
comecei a germinar como “compositor instantâneo” (e eu teria impulso muito
maior ao começar a tocar com Kid Vinil alguns meses depois): logo em minha
primeira visita à GPS, apareceu uma candidata a cantora de samba e na hora
rabisquei “O Negócio É Samba Mesmo”. Passei a visitar a GPS quase todo dia, e
descobri que quase todo compositor se metia a cantar ele mesmo e quase todo
cantor se aventurava a compor... No fim me firmei na GPS como músico,
acompanhando ao violão testes de cantoras e cantores, e num evento da gravadora
num restaurante da Água Rasa vi que o contrabaixista estava pouco à vontade,
pedi para tocar e não desci mais do palco, acompanhando todo mundo – uma
primeira manifestação do que faço hoje nos saraus. Um dos sambistas da casa,
Djayr Doutto, gostou de meu desempenho e me contratou como seu contrabaixista,
cargo que ocupei por pouco mais de um ano (e eu era o único branquelo de seu
grupo). Djayr gostou de “O Negócio É Samba Mesmo”, mas mudou a melodia da
segunda parte e ganhou parceria. Em 1982-3, já ligado ao Língua de Trapo, dei a
este um samba um toque de humor ao acrescentar um final irônico, no estilo de
“Berkeley Mews” dos Kinks, por sua vez uma paródia de “Rock-A Hula Baby” de
Elvis Presley (parodiada também por Bob Dylan em sua “Peggy Day”).
Mug: violão, guitarras, contrabaixo, bateria, vocal-solo e
vocal
Gi Vincenzi: percussão e vocal
O NEGÓCIO É SAMBA MESMO
Djayr Doutto
Ayrton Mugnaini Jr.
Nada de rock-samba
Nada de samba-soul
O negócio é samba mesmo
Como o preto velho me ensinou
E não basta a invasão
Da música brasileira
Estão querendo estrangeirar
A música brasileira
Teclados, eletricidade
Acaba parecendo rock
Estão querendo eletrizar
Mas tudo isso pode até dar choque
(Por isso)
Nada de rock-samba
Nada de samba-soul
O negócio é samba mesmo
Como o preto velho me ensinou
Porque o negócio é samba mesmo
Como o preto velho me ensinou!
Faixa 29
POR ESSA
MULHER EU SOU CAPAZ DE VIRAR HOMEM
Este rock de 2006 é o resultado de anos ouvindo “Empty
Heart” dos Stones e “All Day And All Of The Night” dos Kinks – mas do meu
jeito. Pretendi gravá-lo com o grupo TONQ, mas ele acabou ficando em minha
carreira-solo. Dedico esta a Fernando Rosa e ao pessoal colaborador e fã da Senhor F.
Mug: guitarras, contrabaixo, bateria, pandeirola e vocais
POR ESSA MULHER EU SOU CAPAZ DE VIRAR
HOMEM
Ayrton Mugnaini Jr.
Por uma mulher
Um homem muda bem depressa
Vinte anos em um mês
E conforme a mulher
O homem perde a cabeça
Ou a encontra de uma vez
Eu já sei como eu vivi
Sem a mulher que eu arrumei
Eu era infeliz e não sabia,
Agora eu sei
Por essa mulher
Eu vou largar meu come-e-dorme
Até vou trabalhar
Por essa mulher
Eu sou capaz de virar homem
Homem com H
Por uma mulher
Bobagem pouca é mais bobagem
Nem se pensa em pensar
Mas por essa mulher
Eu arrumei até coragem
Pra eu mesmo me enfrentar
Ela é a nora
Que a mamãe sempre avisou
Mamãe, desculpe agora,
Que o filhão desencalhou
Por essa mulher
Eu vou largar meu come-e-dorme
Eu vou trabalhar
Por essa mulher
Eu sou capaz de virar homem
Homem com H
Já descobri o meu valor
Agora a coisa vai
Como se diz no interior
Vou ser homem igual a meu pai
Por essa mulher
Eu vou largar meu come-e-dorme
Até vou trabalhar
Por essa mulher
Eu sou capaz de virar homem
Homem com H
Faixa 30
A TUA COMPANHIA É
ÓPTIMA... E ATÉ A PRÓXIMA
Gosto muito também de música renascentista, e resolvi
encerrar o CD com uma prova disso. Convidei Gi Vincenzi para cantar, e ela
aceitou, embora dizendo que nunca havia gravado música erudita na vida –
julgando pelo resultado, imaginem se tivesse...
Gi Vincenzi: vocal
Mug: teclado (na falta de cravo)
A TUA COMPANHIA É ÓPTIMA... E ATÉ A PRÓXIMA
Ayrton Mugnaini jr.
É bom, é bom, é bom estar aqui
Mostrar, mostrar, mostrar canções pra ti
A tua, a tua, a tua companhia é óptima
E até, até, até a próxima!
Mug com Gi Vincenzi e Leo Rugero no sarau Toca do Autor em março de 2017. (Crédito da foto: Roberto C
andido)