Friday, September 12, 2008

ORIGINALIDADE É ISSO AÍ - PARTE 3

Desde os anos 1970 a valsa “Fascinação” remete a Elis Regina, cuja regravação foi até tema de uma das melhores telenovelas globais, O Casarão, e da bela minissérie Fascinação da emissora. Esta versão da valsa havia sido um dos grandes sucessos de Carlos Galhardo; nesse meio tempo, Nat “King” Cole, já mudado de pianista de jazz para cantor pop (sempre com classe e competência, diga-se), havia emplacado uma versão em inglês. Pois bem, tudo começou na França, quando esta valsa de Fidenco Dante Marchetti, Maurice De Feraudy e Dante Pilade Filippo foi lançada pela cantora Jane Dyt em (esta eu fui buscar mesmo!) 1905.

Jane Dyt - Fascination

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“Índia”, clássico entre os clássicos da guarânia paraguaia, teve um sem-número de regravações, adaptações e paródias: a versão em português de Cascatinha e Inhana, outra versão mais fiel ao original por Taiguara, o arranjo jovem-guarda-brega com Paulo Sérgio, uma paródia tosca com o humorista Tiririca, a gravação pós-tropicalista com que Gal Costa inaugurou sua fase de símbolo sexual, a versão jazz do saxofonista argentino Gato Barbieri... A gravação original, ou pelo menos uma das primeiras, é com o próprio autor da melodia, o maestro paraguaio José Asunción Flores, por volta de 1944.

José Asunción Flores – India

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Carl Perkins, um dos mestres fundadores do rockabilly, às vezes se esquecia de creditar os autores originais de algumas canções que adaptou. Dois exemplos de que tenho notícia são “Matchbox Blues” de Blind Lemon Jefferson e “Everybody’s Tryin’ To Be My Baby” do cantor country Rex Griffin, de 1936.

Rex Griffin - Everybody’s Tryin’ To Be My Baby

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A composição de James F. Hanley “Zing! Went The Strings Of My Heart” tornou-se muito mais conhecida na versão doo-wop demente dos Coasters, regravada inclusive pelo grupo inglês The Move. Mas a primeira gravação em disco foi feita por ninguém menos que Judy Garland, em 1939 (após cantá-la no filme Listen, Darling no ano anterior.

Judy Garland – Zing! Went The Strings Of My Heart

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ACONTECE QUE ELE É DO MUNDO

Esta minha homenagem a Dorival Caymmi é tardia em termos, já que ele se provou atemporal, inclusive um dos compositores brasileiros mais interpretados em todo o mundo – inclusive em português! Vejamos três amostras de diferentes épocas, países e estilos.

Para começar, o emérito violonista e cantor porto-riquenho José Feliciano com “Maracangalha” (subtitulada “El Voh”), de seu LP duplo ao vivo Alive-Alive-O!, gravado em Londres em 1969 (peguei a gravação de um compacto mono lançado aqui paralelamente ao LP).

José Feliciano – Maracangalha

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Um dos nomes de destaque do estouro da folk music comercial da primeira metade dos anos 1960 nos EUA foi o grupo The Limeliters (os mais atentos já devem ter se lembrado de que é deles a gravação original de “Those Were The Days”, o megahit de Mary Hopkin – baseado numa canção folclórica russa, mas isso já é outra mensagem de blog). Em seu LP The Slightly Fabulous Limeliters, de 1963, eles incluíram “O Vento”, de Caymmi, porém com título “Curima”.

The Limeliters – Curima (O Vento)

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Dado que Caymmi tinha ascendência italiana e era grande fã de música erudita, nada mais natural que alguém vestisse casaca em alguma de suas canções. Tal aconteceu com “O Mar”, gravada pelo barítono italiano GinoBecchi nos anos 1940. (Espero que a Revivendo me perdoe por incluir aqui esta faixa e encare como um comercial para sua coletânea de Becchi, La Strada Del Bosco. Eccola: http://www.revivendomusicas.com.br/produto_detalhe.asp?id=683 )

Gino Becchi – O Mar

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Caymmi foi um caso raro de artista totalmente realizado, conseguindo uma carreira longa sem períodos de ostracismo e sucesso e prestígio nacionais e internacionais praticamente desde o início. Inclusive, uma de suas composições foi lançada pelo cantor francês Jean Sablon: “Por Quê?”, em 1949. (A canção teve versão em inglês, “Why Not?”, pelo letrista estadunindense Carl Sigman – creditado até nas poucas reedições da gravação no português original de Sablon!)

Jean Sablon - Porque

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Se Caymmi já foi tão regravado no exterior em português, imaginem as versões. Por exemplo, o cantor israelita Matt Caspi gravou em 1974 um LP inteiro, O Mar (The Sea) – Songs By Dorival Caymmi. Um exemplo é “Samba Da Minha Terra”.

Matt Caspi - Samba Da Minha Terra

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Cauby Peixoto, além de grande astro da MPB, também foi um dos primeiros ídolos do pop-rock brasileiro e um dos poucos que podem se orgulhar de terem feito legítimo, embora pequeno, sucesso no exterior. Muitos de vocês já sabem que Cauby teve breve carreira nos EUA no finzinho dos anos 1950, cantando em inglês e usando o nome “Coby Dijon”. Um dos compactos que gravou, “Locked In The Arms Of Love”, do início de 1959, traz no lado-B “I Go”, uma versão pândega em inglês de “Maracangalha”.

Coby Dijon – I Go (Maracangalha)

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Ainda não conferi: será que esse arranjo de “Maracangalha” gravado por Coby/Cauby é de seu então colega de gravadora Ray Conniff? (Ray gravava para a Columbia e Coby, então contratado da filial brasileira, na subsidiária estadunidense Epic.) O fato é que este arranjo foi decalcado por uma equipe de músicos franceses que, aproveitando a voga do cha-cha-cha de 1960, usou o nome The Cha Cha Boys em um LP intitulado Tea For Two Cha Cha, inclusive lançado aqui em meados desse ano.

Cha Cha Boys – Eh Oh (Maracangalha)

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Para terminar esta homenagem, uma gravação exclusivíssima de Caymmi interpretando outros compositores – no caso, a valsa “Boa Noite, Amor” de José Maria de Abreu e Francisco Mattoso, quando entrevistei Caymmi em Copacabana na ocasião de seu octagésimo aniversário em 1994.

Dorival Caymmi – Boa Noite, Amor

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Thursday, September 04, 2008

CARNAVAL NO PIQUE DE WALDICK

O cantor e compositor Waldick Soriano, mestre do bolero brega, com sucessos como "Paixão De Um Homem", "Tortura De Amor" e "Eu Não Sou Cachorro, Não", infelimente sucumbiu a um câncer hoje (4 de setembro), aos 75 anos.

Vale lembrar que ele tinha senso de humor e soube administrar seu próprio personagem, inclusive em duetos com o assumidamente esculhambado Falcão e em gravações como esta "Marcha Do Cachorro", composição de Walda (sua última esposa) e Tom para o Carnaval de 1975.

Waldick Soriano - A Marcha do Cachorro

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