LES PAUL (1915/2009)
A exemplo de Dorival Caymmi, o guitarrista estadunidense Les Paul (falecido ontem aos 94 anos) teve vida e carreira longas, amplamente influentes e produtivas, e ainda estava gravando discos e tocando em barzinhos.
Como quase todo grande artista, Les Paul era a simplicidade em pessoa. Tenho uma entrevista dele de 1987 para a revista inglesa Guitarist (edição de janeiro de 1988) em que ele lembra, por exemplo, como descobriu a técnica de "hammer-on" lá em 1928. "Pensei que ninguém no mundo fazia isso - eu havia inventado a roda. E de repente ouvi Segovia e ela já fazia tudo isso!" Isso, continua Les Paul, acontece também com outros. "Nem sei quantos garotos me chegam com uma nova invenção. Um foi Al DiMeola. Ele disse 'eu coloco meu pulso nas cordas e as abafo', e então eu disse 'deixe-me tocar uma coisa pra você, Al.' Toquei algo lá de 1953, quando ele ainda estava na você-sabe-o-quê esquerda do pai dele. Daí que quando alguém pergunta 'Você inventou isso?' ou me diz 'Você sabia que alguém já fazia isso dez anos antes de você?', só posso dizer que eu fiz. Não estou dizendo que fui o primeiro."
(Já que este é meu blog, vou recordar que também "reinventei a roda" do meu jeito - saiu uma roda meio oval, mas rodava. Quase todas minhas gravações de 1973 a 1994 foram feitas num sistema de "pingue-pongue" que inventei/descobri sozinho, usando dois ou mais gravadores de rolo e/ou cassete. Recentemente eu soube que Les Paul fez a mesma coisa quando gravação em fita ainda era novidade: ele fazia "pingue-pongue" usando discos de acetato. E é divertido reler a contracapa de seu LP The New Sound!, de 1950: "O que é bom com uma guitarra é oito vezes melhor com oito guitarras - e para provar isso ele toca todas ele mesmo! Como se faz isso é segredo de Les, e ele se recusa tenazmente a divulgá-lo.")
Mais famoso pelo pioneirismo na gravação multicanal e maestria na guitarra de música pop, Les Paul merece ser homenageado também como jazzista. Confiram esta gravação da série de shows Jazz At The Philharmonic, feita ao vivo no Philharmonic Auditorium de Los Angeles em 2 de julho de 1944, produzida por Norman Granz e lançada no LP de dez polegadas Jazz At The Philharmonic Volume 4 (selo Mercury, 1950). A faixa é "apenas" um "Blues" de 12 compassos, com Illinois Jacquet (sax-tenor), Jac McVea (sax-tenor), J. J. Johnson (trombone), “Shorty” Nadine (piano - na verdade Nat "King" Cole sob pseudônimo), Les Paul (guitarra), Johnny Miller (contrabaixo, do Nat King Cole Trio) e Lee Young (bateria). Les sola no final; atenção para seu "duelo" com Nat - que, sempre convém notar, antecipou a síndrome de George Benson: mais lembrado como excelente cantor, porém instrumentista melhor ainda.
Jazz At The Philharmonic - Blues
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Labels: Les Paul
1 Comments:
Les Paul foi um guitarrista apenas bom em minha opinião, nada de espetacular.
Porém penso que o maior prêmio que ganhou foi o lançamento em 1952 de uma linha de guitarras que levam seu nome, da marca Gibson.
Com um som que maravilhoso e com algo que nenhuma outra guitarra tem.
Alma.
Nunca uma Les Paul terá o som parecido com outra.
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