AUTO-REFERÊNCIA AQUI EU POSSO: RETROSPECTIVA 2017
2017, além de ano do centenário do primeiro samba a fazer grande sucesso, das revoluções
russa e mexicana, da entrada dos EUA na Primeira Guerra Mundial (marcando o
início de seu grande poderio em nível mundial, mas isso é assunto para outro
tópico de meu blogue, e sob a óptica musical), e do lançamento do Prêmio
Pulitzer, foi também um ano em que fiz muita coisa de que espero me lembrar com
orgulho daqui a cem anos. Ou, pelo menos, espero que as pessoas de então
descubram e gostem. Em resumo, iniciei meus anos 60 em grande estilo.
“CADÊ
O DOCE?”
Lancei
em abril novo disco, Dó, Ré, Mi, Fá...
Sei Lá!, independente mas em meu novo selo, Produções Mugayr (com logotipo
criado pelo artista gráfico da família, meu filho Ivo). As faixas de maior
sucesso (por “sucesso” entenda-se citação espontânea por mais de duas pessoas)
incluem o xote “Cuidado Pra Não Errar”, o sambão “Cadê O Doce?” (que eu já
havia lançado antes em saraus com grande sucesso – inclusive está no vídeo do
show comemorativo dos dez anos de Clube Caiubi de Compositores, de 2012), o
rocão “Foi Pra Isso Que Eu Fiz Cinquenta”, o “sea chant” “Marinheiro
Empreendedor”, o cateretê ”Meu Irmão Quer Ir Pra Europa” (parceria com Márcio
Policastro) e a canção infantil “Melzinho” (parceria com Verônica Tamaoki). O
velho parceiro Fabian Chacur fez uma bela resenha do disco em seu blogue. Outro
belo presente para este sessentão fresco foi uma entrevista para a página Ritmo Melodia.
E,
notório por aparecer em palcos como acompanhante ou em canjas, aventurei-me em
alguns shows-solo para promover este disco. Um deles foi no Brazileria, em
junho. E foi tão bom que Silvio Viani, co-proprietário da casa, exclamou no
final: “O primeiro de muitos!” Pois bem, o segundo, com acompanhamento de meu
trio Los Interesantes Hombres Sin Nombre, foi em dezembro – e foi ainda melhor,
a ponto de eu sair de lá com a terceira data: 20 de janeiro. E fiz bons shows “a
solo” também no infelizmente efêmero Espaço Son, loja de alimentos naturais com
palquinho, aqui na Mooca, além de ter sido convidado especial em saraus como o
Casa Amarela e o primeiro promovido pelo editor literário Carlos Torres (que
logo reaparecerá nesta conversa).
Mug e o percussionista Marcelo Valença na festa junina vegana do Espaço Son
“QUANTO
MAIS PARCERIAS MELHOR”
Falando
em saraus, sempre digo que a Era dos Festivais está sendo bem substituída, pelo
menos em São Paulo, pela Era dos Saraus. E em 2017 acrescentei à lista dos
saraus que frequento regularmente (Caiubi e Sopa de Letrinhas, Quartaquarta,
Sarau da Maria e Sarau do Circo) os saraus da Biblioteca Adelpho, Casa Amarela,
Piolin, Toca do Autor e Vergueiro.
Sempre
digo que arte é soma, e 2017 foi também um ano em que iniciei muitas e boas novas
parcerias, pessoas com quem toquei pelo menos uma vez em shows e saraus e/ou
com quem comecei a compor, e que valem por uma mini-enciclopédia de algumas
pessoas que têm brilhado na música de Sampa. Aqui está ela, com o requinte de
assinalar com um asterisco as estrelas que participaram do disco Dó, Ré, Mi, Fá... Sei Lá!:
Adrian
Aneli Costa Lagrasta - poetisa
Alexandre
Tarica – violonista, compositor e contrabaixista
André Katz* - cantor, compositor e violonista
Betto
Ponciano* – violeiro, compositor e cantor
Caetano
Lagrasta Neto – poeta
Cássio
Figueiredo – cantor e compositor
Cirilo
Amém – grupo de rock-MPB
Claudia
Luz – cantora e compositora
Cortiça
– palhaça-cantora
Danielly
Montanary – cantora e compositora
Dinho
Nascimento – percussionista
Eliete Chacon - locução nos spots promocionais de Dó, Ré, Mi,Fá... Sei Lá!, que são dois, este e este.
Gi
Vincenzi* – cantora, compositora e multi-instrumentista
Gozi
– banda de rock e blues liderada pelo casal Gisele e Ozi Garofalo
Guilherme
Folco – saxofonista e circense
Henrique
Vitorino* – cantor e compositor
Ieda
Cruz – violonista e circense
Jany
Ketty - cantora
Jeanne
Darwich – cantora
João
Arjona* - multi-instrumentista
Jorge
Dersu – cantor, compositor e violonista
Joy
– proprietário da casa Susi In Trance
Leo
Rugero* – acordeonista
Luciana
d’Ávila* – cantora e compositora
Marcelo
Valença – percussionista
Maria
Lucia Roxo Nobre* – produtora
Marquinhos
Gil – acordeonista e malabarista
Miguel
Barone – cantor e compositor
Paulo
Brito – cantor, compositor e percussionista
Paulo
Miranda – violonista
Poema
Novo – grupo de música e poesia
Regina
Tieko (cantora) e Fábio Abramo (violonista) – dupla de música popular em geral
Rita
de Cássia Venturelli – palhaça e clarinetista
Rafael
Peretta – compositor
Thais
Matarazzo – escritora e pesquisadora que se revelou cantora (e canta
direitinho!) em alguns saraus de sua editora em 2017 (sim, muita gente se
desinibe após me ouvir cantar minhas canções sobre Serasas e piolhos)
Vitor
Trindade – percussionista e cantor
Wagninho Barbosa* - trompetista
Mug com ReginaTieko e Liberto Trindade no Sarau da Vergueiro
Muito
bom ter tocado também com pessoas velhas parceiras e outras com quem eu nunca
havia tocado, incluindo Wilson Rocha e Silva e todo o pessoal do Caiubi, Rosa
Rocha, Ana Clara Fischer e o paizão Iso, Alessandra Siqueira (a palhaça-musicista
Silueta), Tavito, Bogô, Claudio Morgado, Ceci Ramadas, Gaspar Ramos, Tião Baia,
Cristina Costa, Tereza Miguel, Edvaldo Santana, Liberto Trindade (tio de Vitor
Trindade e filho de Solano Trindade), Vidal França e parte do grupo santista
Mulher De Colher (cinquenta damas percussionistas fazendo percussão em
colheres). Outro belo reencontro foi com o baterista Nahame Casseb, nosso
querido Naminha, que tocou no Língua de 1983 a 1987 e permaneceu na chamada
“Família Língua de Trapo”. Em 2016 participou do disco O Último CD Da Terra, e agora em 2017 esteve numa festa de
confraternização do Língua, no bar Dedo De La Chica; o belo evento incluiu um
quarteto “ad hoc” de Laert Sarrumor, Serginho Gama, Naminha e eu – primeira vez
que toquei com ele desde que ele deu uma canja num show da Rádio Matraca no
saudoso Espaço Camerati em 1986.
Aqui
vai uma amostra de meu segundo show no Brazileria: a canja de Wilson Rocha e
Silva interpretado sua “Subida Da Zuquim”, com o trio Los Interesantes Hombres
Sin Nombre e a percussionista Cristina Costa.
E
em 2017 continuei fiel à linhagem conjunteira de Edgard Scandurra e Dave Grohl.
Para facilitar a vida de quem pesquisar sobre música agora ou pelos séculos dos
séculos, aqui vão as bandas que atualmente integro, começando pelas duas para
as quais entrei em 2017:
A4
EM PB (banda do Sarau do Circo)
Jorge
Dersu – violão e vocal
Ayrton
Mugnaini Jr. – maestro, contrabaixo e vocal
Marquinhos
Gil – acordeão e vocal
Dinho
Nascimento – percussão e vocal
JANET
FENIX
Jany
Ketty – vocal
João
Arjona Jr. – guitarra e vocal
Ayrton
Mugnaini Jr. – contrabaixo e vocal
Maxi
Pere – teclados
Chang
Chih An – bateria
LOS
INTERESANTES HOMBRES SIN NOMBRE
Marcos
Mamuth – guitarra, violão e vocal
Ayrton
Mugnaini Jr. – contrabaixo e vocal
Carlinhos
Machado – bateria, percussão e vocal
THE
VINTAGES
Lucimara
Curitiba – vocal e percussão
Emiliana
Santos – vocal
José
Roberto Curitiba – maestro e teclados
Newton
Bardauil – guitarra e vocal
Fabio
Ferre – guitarra e vocal
Ayrton
Mugnaini Jr. – contrabaixo e vocal
Eduardo
Santos – bateria
(A
dupla Santos não tem parentesco entre si, e a dupla Curitiba é um casal – dos
mais belos e mais musicais.)
TONQ
(TOSQUEIRA OU NÃO QUEIRA)
Wilson
Rocha e Silva – violão, cavaquinho, violino, guitarra, teclados e vocal
Rica
Soares – guitarra, violão e vocal
Sonekka
– violão, teclados e vocal
Ayrton
Mugnaini Jr. – contrabaixo, guitarra e vocal
Ricardo
Moreira – bateria, percussão, violão e vocal
e
mais
Rosa
Freitag – guitarra e vocal
Mário
Lúcio de Freitas – vocal
TATO FISCHER & A BANDA
Tato Fischer - teclados e vocal-solo
Bráu Mendonça - violão, guitarra e vocal
Ayrton Mugnaini Jr. - contrabaixo e vocal
Bruno Sotil -bateria, percussão e vocal
ARBANDA (banda do projeto Arquivo do Rock Brasileiro)
Patricia Toscano – vocal
Leonardo Freund – guitarra e vocal
Marcelo Agulha – guitarra e vocal
Ayrton Mugnaini Jr. – contrabaixo e vocal
Laércio Muniz – bateria
E
tanta gente começou a me chamar de cantor e músico que resolvi assumir pelo
menos esta última qualificação – sempre me vi como um compositor que canta e um
multiinstrumentista “mandrake”, mas parece que aperfeiçoei meus gestos
hipnóticos o suficiente... Tenho consciência de que sou competente e “raçudo”,
como aconteceu no fim do ano, quando me chamaram para gravar uma marcha-rancho
ao violão, com andamento bem lento, sem ensaio prévio fora do estúdio, cheia de
mudanças de acordes e, a cereja do bolo, em si bemol. Precisei de apenas umas
cinco tomadas para dar conta do serviço – e estou pensando se alguém abaixo de
Heraldo do Monte mataria de primeira...
“PRA
ONDE EU VOU VENHA TAMBÉM”
Alguns
lugares que conheci e em que toquei pelo menos uma vez em 2017 e recomendo,
além do Brazileria, são o bar-galpão Susi In Trance, o bar-restaurante C. C.
Rider, o bar-loja vintage Cia 66 e os vilamadalênicos Cashmere, Dedo De La
Chica e Papila. E, como frequentador, conheci e recomendo o Casa de Francisca,
no centro de Sampa, e outro grande bar madalênico, Tupi Or Not Tupi.)
Uma
nota triste é sobre o bar Bodega Garcia, na Avenida Doutor Arnaldo, onde tive o
prazer de tocar em outubro com Los Interesantes Hombres Sin Nombre, mas que
fechou poucas semanas depois devido ao falecimento da co-proprietária Silvia
Garcia num acidente motociclístico.
Los Interesantes Hombres Sin Nombre no Bodega Garcia
Mais
alegre e curioso foi eu ter tocado num local de que fui vizinho por toda a
infância mas nunca havia adentrado: o Açaí Clube, no Brooklin, num show com o
guitarrista-base de The Rolls And Rocks Band, liderada por Bogô (sim, aquele
dos Beatniks e meu companheiro em outras bandas) e que inclui, vejam só, uma
parente minha, a cantora Ceci Ramadas; eu já havia tocado com ela, mas só em
2017 eu soube que seus antepassados incluem – honrosamente, espero – um
Mugnaini.
“VEJA
QUANTO LIVRO NA ESTANTE”
Em
2017 estive presente nas melhores estantes participando de algumas coletâneas
de poesia da Editora Matarazzo, além das honras de prefaciar o livro Fora Do Tom 2 – Crônicas De Um Jornalista
De Cueca do jornalista e cronista Tom Cardoso (lançando a teoria de Tom ser
reencarnação de Stanislaw Ponte Preta) e dividir com Tomás Bastian a pesquisa e
os textos do livro-e CD Adoniran Em
Partitura, neste resgatando, ao lado do Conjunto João Rubinato, composições
do Vate do Bixiga inéditas em disco, um belo equivalente do igualmente belo trabalho
sobre Noel Rosa feito pelos manos Carlos e Aloisio Didier e seu Conjunto Coisas
Nossas, junto ao escritor João Máximo. (Participei também, como vocalista, de
outro trabalho sobre Adoniran, pelo cantor e compositor Miguel Barone, mas que
não pôde ser lançado em 2017, embora eu tenha dado canja num dos shows.)
Além
disso, o mundo ganhou o livro Centro de
Memória do Circo, belo documento sobre a primeira instituição
latino-americana a registrar a História e os saberes circenses, e onde marco
presença com minha pesquisa sobre música e circo e minha participação no Sarau
do Circo.
Também
marquei presença na primeira edição da Feira dos Livros e Autores Sorocabanos (FLAUS),
mas à distância; convidado a participar mas impossibilitado de ir pessoalmente,
tomei a iniciativa de compor um jingle para o evento. Pois bem, a I FLAUS foi
um sucesso, e me disseram: “Não existe mais jingle da FLAUS... agora é Hino
Oficial da FLAUS!” Ouçam aqui.
E
no Sarau da Casa Amarela conheci Carlos Torres, da editora Essencial, que está
para reeditar alguns livros meus (inclusive Raul Seixas: Eu Quero Cantar Por Cantar) revisados e atualizados agora
em 2018.
“PRESENTES
EM TODO LOCAL O RÁDIO E A TELEVISÃO”
Em
2017 meu programa Rádio Matraca
ganhou o dobro de onda para surfar no rádio; além do horário das 17h de sábado
já tradicional, agora temos reprise à meia-noite de terça-feira, Belo presente
para o leitorado nestes 40 anos da emissora, a USP FM, que – e não é por nada –
continua sendo uma das cada vez melhores opções para quem reclama de emissoras
mais comerciais. E nesse ano a equipe do Rádio
Matraca – Mug, Laert Sarrumor e Alcione Sanna – ganhou um reforço: o engenheiro
e técnico de som José Miletto, que é também tecladista do Língua de Trapo, mas
não contem para ninguém.
Em
2017 surfei também em ondas como os programas radiofônicos de Jai Mahal e
Clovis Ribeiro e o de Paulo Nunes na TV CINEC (sozinho e ao lado de Rosa Rocha)
Mug e Mario Luiz Tricta em Piracicaba
Falei
de meu filho Ivo e de ter descoberto parentesco com a cantora Ceci Ramadas.
Pois bem, falarei de mais um parente, e é pelo menos um que tenho no rádio
(além de Ivo ter gravado algumas vinhetas para a Rádio Matraca): Mário Luiz
Tricta, nativo de Rio Claro e residente em Piracicaba, onde o conheci
pessoalmente em minha mais recente visita à cidade, agora em 2017.
POT-POURRI
DE ENCERRAMENTO
Logo
publicarei no blogue minha relação anual das personalidades musicais falecidas
no ano. Uma delas, mais infelizmente ainda, foi o radialista, DJ, jornalista e
vocalista Kid Vinil, uma das pessoas que mais fez para divulgar o rock no Brasil
desde o fim dos anos 1970 e uma das maiores personalidades do rock brasileiro
dos anos 1980. Tenho vários orgulhos com relação a Kid: ter sido seu amigo,
companheiro na banda Verminose/Magazine em algumas fases (o Magazine é como os
Demônios da Garoa e o Língua de Trapo, uma “famiglia” onde quase todo mundo saiu
e voltou pelo menos uma vez) e no programa Digital
Session na Brasil 2000 FM, além de ele ser padrinho de meu filho. Na
ocasião de seu falecimento publiquei uma pequena série de artigos, “Kausos De
Kid Vinil”, aqui em meu blogue. E, como homenagem a Kid, tenho tocado em meus
shows a canção “Sou Coroa”, que compus para ele (confira a história da canção aqui)
e ele a gravou no disco Xu-Pa-Ki do
Verminose; ouçam e vejam aqui está a canção com o trio Los Interesantes Hombres Sin Nombre em
versão semi-acústica no sarau Toca do Autor.
Nesse
ano segui o exemplo de Hermeto Paschoal – não fosse eu compositor antes de tudo
– e iniciei uma tradição de compor canções instantaneamente para eventos, como
esta no camarim do Brazileria uns quinze minutos antes de meu primeiro show na
casa.
Música é, tal como o futebol, uma
caixinha de surpresas, e lembrarei uma que tive e uma que dei em 2017. Nesta
minha fase de compor canções instantâneas para eventos (como o jingle para o
Brazileria apresentado acima), presenteei o radialista Jai Mahal com um jingle surpresa para seu programa Bamba Jam,
na Cultura FM, quando ele me convidou a participar. E quando fui homenageado
pelo Sarau da Casa Amarela, um jovem participante, Henrique Vitorino, uniu-se
ao veterano Milton Luna para me surpreender com... “O Velho Palhaço”, uma
canção minha que ele aprendeu de uma demo que lancei no Soundcloud, e com o
requinte de mudar o arranjo para que eu não reconhecesse a canção – e, de tão
surpreso, até errei uma nota ou outra (vejam minha expressão no vídeo que captou este momento). Depois Henrique me perguntou se eu gostei, e minha
resposta foi convidá-lo para cantar a canção no disco Dó, Ré, Mi, Fá... Sei Lá! – por sinal, a estreia de Henrique em
disco.
Ah, sim: de abril para cá apareço quase sempre sem óculos pois passei por cirurgia de catarata. Pois é, tornei-me homem de visão.
Taí
minha retrospectiva de 2017, cumprindo minhas duas tradições de ser a única retrospectiva
de um ano após ele ter se encerrado de vez e de chegar uns cinco dias após
previsto devido ao ano seguinte ter começado com tudo – sim, já tem assunto
para a retrospectiva de 2018, aguardem mais doze meses!