Thursday, April 29, 2010

PACHELBEL, PACHELBEL, DOCE COMO MEL - PARTE 3 - POP E OUTROS BRASILEIROS

Agora é a vez dos roqueiros brasileiros e dos que não facilmente categorizáveis, como Caetano, Oswaldo Montenegro e Tom Zé, além do Palavra Cantada e do desconcertante dono desta blague e deste blogue (cuja canção foi composta para uma cantora breganeja mas continuou inédita e pode ser conferida na íntegra na página do Clube Caiubi de Compositores http://clubecaiubi.ning.com/profile/AyrtonMugnainiJr).

Caetano Veloso - O Leãozinho (Caetano Veloso) 1977
Marcelo - Tempo De Estio (Caetano Veloso) 1977
Tom Zé – Passageiro (Tom Zé) 1970
Wanderléa - Vivendo Sem Ninguém (Rossini Pinto) 1965
Arthurzinho - Não Toque Este Long-Play (Mário Faissal) 1968
Roberto Carlos - Custe O Que Custar (Hélio Justo/Edson Ribeiro) 1968
Antônio Marcos - Marcas No Caminho (Antônio Marcos/Mário Marcos) 1970
Ângelo Máximo - Vem Me Fazer Feliz (Ângelo Máximo/Juliano Rivas) 1975
Renato e Seus Blue Caps – Tire Os Grilos da Cabeça (Alessandro) 1976
Renato e Seus Blue Caps – Playboy (Raul Seixas/Pedro Paulo) 1970
Raul Seixas – How Could I Know (Raul Seixas) 1973
Little Robinson – But We Need (Jim Russell/Harry Thompson) 1973
Oswaldo Montenegro – Travessuras (Oswaldo Montenegro) 1990
Lamborguines – Há De Haver (Marcelo Vasques) 2006
Lulu Santos – Pop Star (Leandro) 2005
Kleiton e Kledir – Deu Pra Ti (Kleiton e Kledir) 1981
Sílvio Brito - Pare O Mundo Que Eu Quero Descer (Silvio Brito) 1976
Karnak – Juvenar (Carneiro Sândalo/André Abujamra) 2000
Pato Fu – Canção Para Você Viver Mais (John Ulhôa) 1998
Palavra Cantada – Rato (Edith Derdyk/Paulo Tatit) 1998
Ayrton Mugnaini Jr. – Demais De Bom (Ayrton Mugnaini Jr.) 1992

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PACHELBEL, PACHELBEL, DOCE COMO MEL - PARTE 2 - SERTANEJO

Pachelbel alcançou até bem para longe da cidade grande. Aqui vão alguns exemplos sertanejos. E se estrangeiros chiques como Chuck Berry, Pete Townshend e Ray Davies podem compor um monte de canções com a mesma harmonia, por quê não um humilde grupo de forró como o Falamansa? (E, com todo o respeito, prefiro o outro Tato, o Fischer.) Confiram então este medley.

Maria Bethânia – Gostoso Demais (Nando Cordel/Dominguinhos) 1987
Falamansa – O Sol De Hiroshima (Tato) 2007
Falamansa – 100 Anos (Tato) 2003
Falamansa – Asas (Tato) 2000
Ronny e Rangel – Vida Do Meu Coração (Jefferson Farias/Gabriel Valim) 2008
Edson e Hudson – Foi Deus (Edson/Bruno/Felipe) 2006
Zezé di Camargo e Luciano – Preciso Ser Amado (Cesar Augusto/Piska) 1996
Maria Cecília e Rodolfo – Quem Ama Cuida (Eu Vou Cuidar De Você) (Vanessa Evelyn) 2009

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PACHELBEL, PACHELBEL, DOCE COMO MEL - PARTE 1 - SAMBAS E CHOROS

Durante um ensaio d'A Banda de Tato Fischer, da qual honrosamente sou contrabaixista, Tato mostrou-nos um vídeo que descobriu no Youtube e que o deixara altamente entusiasmado. Ao assistirmos, foi nossa vez de ficarmos igualmente entusiasmados. Trata-se do já famoso "Pachelbel Rant" (algo como "grande bronca a respeito de Pachelbel") do humorista e músico estadunidense Rob Paravonian, cujo alvo é o uso em inúmeras composições populares da sequência harmônica (D A Bm F#m) do Cânone em Ré Maior do compositor barroco alemão Johann Pachelbel (1653/1706).

Você já viu? Precisa ver ou rever:

Rob Paravonian - Pachelbel Rant

http://www.youtube.com/watch?v=Kvl6kBpxfmU

Justo para quem Tato foi mostrar isso... Desse dia em diante não houve ensaio, festa ou passagem de som em que eu não comparecesse com um exemplo de "Pachelbel" que descobri na véspera ou no caminho. Sem falar em alguns finais de canção em pleno show, nos quais eu e o violonista Brau Mendonça citamos a melodia.

A sequência harmônica do Cânone em Ré acabou se tornando ingrediente tão importante para a música popular quanto a de "I Got Rhythm" (D D#o Em A7), "Blue Moon" (D Bm G A), "La Bamba" (D G A), "My Girl" (D Em G A) ou do blues de 12 compassos. Curiosamente, este Cânone ficou esquecido até o começo do século 20, a partitura só foi editada em 1919 e a primeira gravação esperou até 1940 (pela orquestra de Arthur Fiedler). Nesse meio tempo, a obra já havia caído no inconsciente coletivo; a gravação mais antiga de canção inspirada nela que tenho em mãos é "Keep The Home Fires Burning", composta em 1914 pelo inglês Ivor Novello. E já descobri cerca de cem "Pachelbéis", estrangeiros e brasileiros, que agora passo a mostrar homeopaticamente.

Aqui vai um medley que montei de alguns sambas e choros "pachelbélicos" de diversas épocas, somente os trechos onde se nota a sequência em apreço.

Benito di Paula – Proteção Às Borboletas (Benito di Paula) 1977
Monarco – Amor De Malandro (Alcides Dias Lopes/Monarco) 1975
Alcides Gerardi – Rei Dos Reis (Bibi/Fernando Martins) 1950
Elisa Coelho – No Rancho Fundo (Ary Barroso/Lamartine Babo) 1931|
Noel Rosa – Coisas Nossas (Noel Rosa) 1936
Pixinguinha – Vou Vivendo (Pixinguinha/Benedicto Lacerda) 1946
Quinteto em Branco e Preto – Patrimônio da Humanidade (Magnu Souza / Maurílio De Oliveira) 2008
Francisco Alves e Mário Reis – Se Você Jurar (Ismael Silva/Manoel Bastos) 1931
Fábio Luna – Deixa Essa Mágoa Pra Lá (Fábio Luna) 2009
Exaltasamba – Até O Sol Quis Ver (Thiaguinho/Claudio Bonfim) 2008

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Thursday, April 15, 2010

ALICE FAZ, AQUI SE CANTA: UM ASSUNTO REALMENTE ALICI... ANTE – PARTE 1

Nada como redescobrir um assunto interessante e perceber que esse assunto torna-se cada vez mais interessante. Pois bem, vamos a um destes assuntos. O que Ginger Rogers, Cary Grant, Roberto Carlos, John Lennon, Raul Seixas, Grace Slick, Susana Vieira, Tom Waits, Captain Beefheart, Elton John, Irving Berlin, Betty Boop, Sammy Davis Jr. e Danny Elfman têm em comum? Ora, muito simples: todos participaram de obras e/ou compuseram canções inspiradas em Alice, a famosa personagem do escritor e matemático inglês Lewis Carroll e que vem tendo surtos de popularidade já desde antes da adaptação em desenho animado de seu livro Alice’s Adventures In Wonderland (que se tornou mais conhecido simplesmente como Alice In Wonderland) pelo estúdio de Walt Disney em 1951 – conheci este desenho em 1970 e recentemente me surpreendi ao saber que era tão antigo; parece bem mais recente, fiel à atemporalidade da obra de Lewis Carroll, que talvez forma a grande trinca de romancistas infanto-juvenis anglo-saxões da virada dos séculos 19 para 20 ao lado do escocês J. M. Barrie de Peter Pan e do estadunidense L. Frank Baum de O Mágico de Oz.

Só uma relação de blogs e páginas na internet dedicadas a Alice e Lewis Carroll já seria um grande assunto; para começar, temos uma prata da casa, o blog brasílico Alicenations: http://alicenations.blogspot.com

E como hoje é meu desaniversário, vou comemorar com uma ligeira coletânea de gravações as mais diversas, dentre as menos óbvias, inspiradas em Alice. (Sim, se você quiser pode imaginar os linques dizendo “Me bebe”.)

Começarei pela gravação mais antiga que tenho em mãos no momento. Um dos mais importantes compositores do pop pré-rock, Irving Berlin, não se contentou em compor apenas uma canção intitulada "Alice In Wonderland", e sim nada menos de duas, uma lançada em 1916 no musical The Century Girl e outra oito anos depois, para outro espetáculo da Broadway, Music Box Revue Of 1924. Aqui está a versão de 1916, cantada por Anna Howard e Harry MacDonough.

Anna Howard e Harry MacDonough - Alice In Wonderland (Irving Berlin)

http://www.4shared.com/audio/RAiRbqJY/Anna_Howard_and_Harry_MacDonou.html

A segunda gravação mais antiga que tenho agora é “Alice, I’m In Wonderland”, de autor desconhecido e cantada por Vernon Dalhart num cilindro de Edison em 1918.

Vernon Dalhart – Alice, I’m In Wonderland

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Garota tão anticonvencional à sua moda e atemporal quanto Alice, a sensacional personagem de animação Betty Boop comparece com o desenho Betty In Blunderland, de 1934. Nele Betty (sim, a voz é da dubladora Mae Questel) interpreta duas canções (cujos autores ainda não descobri), “Rabbit Foot” e “How Do You Do” (esta última baseada em “Everyone Says I Love You” de Betty Kalmar e Harry Ruby e que, como canções de filme não têm idade, muitos devem conhecer de filmes dos Irmãos Marx e Woody Allen).

Betty Boop – Rabbit Foot/How Do You Do

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E aqui vão dois ancestrais diretos da versão Disney. Primeiro, o musical Alice In Wonderland, que estreou na Broadway em 1947, escrito por Eva Le Gallienne e Florida Friebus com música de Richard Addinsell, e que ganhou um belo álbum de discos 78 RPM com o elenco original, incluindo a própria Le Galliene como a Rainha Branca e Bambi Linn no papel de Alice. Vamos ouvir a canção da cena com o Grifo e a Falsa Tartaruga.

The Gryphon and the Mock Turtle - Will You Walk a Little Faster

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Agora é a vez do outro ancestral, ou melhor, concorrente - ou ainda, como foi dito, um filme que acabou brincando de Tweedledee e Tweedledum com o desenho de Disney: Alice In Wonderland/Alice Aux Pays Des Merveilles, co-produção franco-inglesa com atores humanos e marionetes produzida e co-dirigida por Lou Bunin em 1949, mas cujo lançamento nos EUA se atrasou devido a dois probleminhas: a intervenção da Disney, que estava produzindo seu desenho animado sobre o mesmo tema e não desejava concorrência, e a intolerância dos ingleses, que interpretaram sua versão da Rainha de Copas como uma caricatura não muito respeitosa da Rainha Vitória. No fim, o atraso fez com que o lançamento deste filme coincidisse com o do desenho disneyano!

Vamos ouvir uma das canções compostas por Sol Kaplan para o filme de Bunin; não consegui ainda descobrir o título, mas quem com certeza também gostou deste tema foi o grupo inglês Badfinger, julgando por um trecho da melodia da canção “Looking For A Boy”, que gravaram quando ainda se chamavam The Iveys.

A song from Lou Bunin’s Alice In Wonderland

http://sharebee.com/0fd32de2

Alice é assunto tão cativante que muitos têm voltado a ele mais de uma vez - até mesmo sem querer. O ator inglês Peter Sellers interpretou o Rei num especial de televisão da BBC em 1966 e a Lebre Marchante num filme (Alice's Adventures In Wonderland) de 1973. "Space Truckin'", da banda Deep Purple, fala sobre dançar com "Borealice", sem dúvida um trocadilho com Alice e "aurora borealis", e dois integrantes do Purple, Ian Paice e Jon Lord, lançaram um disco intitulado Malice In Wonderland. No desenho de Betty Boop que mencionamos há uma aparição relâmpago de um personagem inspirado no humorista Ed Wynn, que quase vinte anos depois faria a voz do Chapeleiro Louco no desenho da Disney. Por sua vez, Disney acaba de retornar ao País das Maravilhas com este novo filme dirigido por Tim Burton (sem falar num desenho curto de 1936 estrelando Mickey, Thru The Mirror), e a Rainha Louca do desenho animado disneyano me sugeriu uma versão feminina de Fred Flintstone – que foi criado mais tarde e aparece no desenho New Alice In Wonderland (What’s A Nice Kid Like You Doing In A Place Like This?) da Hanna-Barbera, lançado em 1966.

Neste desenho temos Sammy Davis Jr. fazendo a voz do Cheshire Cat (o “Gato Risonho” da versão dublada que vi duas vezes em 1969-71 e gostaria de rever) na canção “What’s A Nice Kid Like You Doing In A Place Like This?”, composta por Charles Strouse e Lee Adams. Pois bem, em 1985 Davis Jr. voltou ao País das Maravilhas fazendo o papel da Lagarta numa versão de Alice In Wonderland (também conhecida como Alice Through The Looking Glass) especial para a televisão, dirigida por Harry Harris e com música de Stephen Deutsch e Morton Stevens. (Este especial está disponível em DVD, mas o desenho da Hanna-Barbera ainda não foi relançado em formato algum, assim como sua trilha sonora, lançada na época em LP – mas com Scatman Crothers cantando no lugar de Davis Jr., que não foi liberado por sua gravadora, a Reprise.)

Sammy Davis Jr. - What’s A Nice Kid Like You Doing In A Place Like This

http://sharebee.com/003f2964

Sammy Davis Jr. – Caterpillar

http://sharebee.com/be747baa

Scatman Crothers – What’s A Nice Kid Like You Doing In A Place Like This

http://sharebee.com/eb27eee7

É fato dos mais consumados que Alice no País das Maravilhas é psicodélico e totalmente no espírito rock and roll desde muto antes de estes rótulos surgirem ou dos criadores dos estilos terem nascido. Não faltam, nem poderiam faltar, obras de pop-rock psicodélico inspiradas em Alice. Pois bem, poucos se lembram do pioneirismo de Neil Sedaka, um dos melhores compositores da primeira geração do pop-rock, inclusive grande influência como melodista, pianista e cantor sobre Elton John, que até o trouxe para sua gravadora nos anos 1970. Elton compôs duas canções chamadas “Mona Lisas and Mad Hatters” (partes 1 e 2)? Pois bem, muito antes, em 1963, Sedaka fez sucesso com “Alice In Wonderland”, com letra de Howard Greenfield.

Neil Sedaka – Alice In Wonderland

http://sharebee.com/e9ece570

Mais recente e de mais longe é o grupo pop japonês Velvet Eden, que em 2002 gravou “Fushigi No Kuni No Arisu” (literalmente, “Alice Do País Das Maravilhas”).

Velvet Eden - Fushigi No Kuni No Arisu

http://sharebee.com/9646041f

E a atriz Suzana Vieira comparece como narradora da história neste disco também de 2002, tomado emprestado ao blog Cantos e Encantos:

http://rs723.rapidshare.com/files/95980943/CD_1015-3_-_Suzana_Vieira_Conta_Alice_no_Pais_das_Maravilhas.rar

(Ah, sim: numa constatação bem bloguística, fiquei sabendo do verdadeiro nome de Lewis Carroll por volta de 1971, num livro sobre curiosidades da matemática escrito por Júlio César de Mello e Souza, por sinal outro matemático que fez boa literatura sob pseudônimo, no caso Malba Tahan. E vocês devem ter percebido que evitei ao máximo falar muito do mais recente filme sobre Alice, dirigido por Tim Burton; ainda não assisti a ele, mas o que vi de divulgação não me animou muito, sugerindo mais um “cinemão” de Hollywood no mau sentido, e Johnny Depp me parece estar homenageando o Coringa de Heath Ledger.)

Wednesday, April 07, 2010

APCA TAMBÉM SIGNIFICA "A PREMIAÇÃO DO COMEÇO DE ABRIL"

Ontem aconteceu a cerimônia da entrega de prêmios da Associação Paulista de Críticos de Artes (APCA), no SESC-Pinheiros, e foi muito boa. Desde 2008 honro-me em ser um dos críticos de música popular da entidade, e me diverti em ter sido alvo de um dos raros erros da festa. Os apresentadores foram Maria Fernanda Candido e Dan Stulbach, e este se atrapalhou ao pronunciar meu sobrenome; até poderia ter sido graciosamente corrigido por Maria Fernanda, residente por meses em Terra Nostra. (Sim, o grande Stulbach se atrapalhou com outros nomes estrageiros, muito pouco para comprometer sua reputação - e mais pouco ainda para aparecermos juntos em alguma Monica Bergamo da vida.)

Falta apenas a classe artítica se acostumar: toda primeira terça-feira de abril é dia de entrega dos prêmios! A maioria não pôde comparecer porque ficou retida no Mar de Abril, perdão, Rio de Janeiro, mas houve quem se esquecesse mesmo.

(Desculpem a brincadeira com o Rio, mas boa parte da responsabilidade - e isto não é privilégio deles, de São Paulo ou outros lugares - deve-se ao povo que insiste em confundir sarjeta com lixeira.)