SONHOS E EMOÇÕES
Um filme concorrente ao Oscar este ano é o musical Dreamgirl, cujo enredo tem mais que uma ligeira semelhança com o grupo vocal feminino The Supremes (uma delas até escreveu uma autobiografia intitulada Dream Girl: My Life As A Supreme). Ainda não vi o filme, mas tenho dois comentários. Diana Ross, a Supreme mais famosa, sempre quis ser sofisticada - ou pelo menos passar esta imagem - sem saber como. E sou muito mais Beyoncé Knowles (atriz de Dreamgirl) em todos os quesitos - ela, sim, faria justiça a Billie Holiday num filme sobre esta. Não custa lembrar que, tal como La Ross, Beyoncé fez parte de um trio vocal, Destiny's Child; vamos ouvir este trio interpretando "Emotion" (sim, a composição dos Bee Gees que foi sucessso com Samantha Sang) - e ainda por cima num arranjo à capela. (Até nisto Beyoncé, mesmo sem querer, acaba com Diana Ross, que chegou a gravar um disco inteiro de composições dos irmãos Gibb.)
Destiny's Child - Emotion
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A TV QUE QUASE NÃO SE VÊ
Outra exposição atual do MIS (embora não permanente como a de Adoniran) é a de fotos históricas da televisão brasileira nos anos 1950 a 1960. Aqui estão duas gravações de grandes artistas retratados nesta exposição. Primeiro, a atriz Cacilda Becker, que podemos ouvir num trecho do musical Isso Devia Ser Proibido de Bráulio Pedroso e Júlio Medaglia: “O Homem É Ordinário”. (como contraponto, incluí outro protagonista, Walmor Chagas, interpretando “O Atleta Sexual” – sim, grandes gravadoras brasileiras, no caso a RGE, lançavam discos oficiais assim nos idos de 1967.)
Cacilda Becker - O Homem É Ordinário
Walmor Chagas - O Atleta Sexual
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Outra foto desta mostra inclui a jovem e promissora cantora Inezita Barroso, de quem desenterrei “Ser Mãe É Dureza”, belo e bem-humorado samba do grande Billy Blanco, gravação de 1957.
Inezita Barroso - Ser Mãe É Dureza
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...E AGORA NÓIS FUMO PRO MIS
Obviamente, nem pensei em deixar de reparar nas tantas e tantas coisas interessantes que se pode ver e ouvir no Museu da Imagem e do Som de Sampa. Você já deve saber que o acervo do Museu Adoniran Barbosa é uma das atrações (incluindo telinha com duetos do próprio com os Demônios da Garoa e muito mais). Não resisto a lembrar a existência de meu livro sobre ele (Adoniran: Dá Licença De Contar, lançdo pela Editora 34) e contribuir para você ouvir mais gravações raras do mestre.
Para começar, a gravação original de “Prova de Carinho”, sua parceria com Hervê Cordovil, sucesso com os Demônios porém lançada pelo Trio Marayá em 1960, perfeito complemento para o banjo-cavaco de Adoniran que teria inspirado a música e que também pode ser visto no MIS.
Trio Marayá – Prova de Carinho
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Como sabemos, “Trem Das Onze” fez muito sucesso na Itália, como “Figlio Unico” – mas não foi a única composição de Adoniran regravada na terra de seus ancestrais. Em 1968 o grupo pop I Romans transformou o “Samba Italiano” num, bem, samba italiano (na linha de “Meglio Stasera” de Henry Mancini e “Quando Quando Quando” de Tony Remis, ricordate?), com letra levemente revisada por Leo Chiosso.
I Romans – Che Tempo Fa, Gigi?
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E aqui está um dos jingles que gravou, para uma caderneta de poupança, em 1979. Se hoje este banco “nem parece banco”, este jingle “bem parece Adoniran”, mesmo se não tiver sido composto por ele e sim por algum bom publicitário.
Adoniran Barbosa – Unibanco
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O ARB JÁ ESTÁ NO MIS
Já estou devidamente instalado no Museu da Imagem e do Som de São Paulo (isso mesmo: Avenida Europa, 158) de segunda a sexta (exceto durante este Carnaval) como curador do Arquivo do Rock Brasileiro (isso mesmo, em parceria com a Associação Cultural Dyanmite, com apoio da Petrobras e de acordo com a Lei Rouanet), separando e organizando material de meu próprio acervo e de outros. Pretendemos fazer a primeira exposição do ARB em julho. Interessados em doar ou emprestar gravações, material impresso ou memorabília em geral podem me contatar pelo e-mail curadoria@arquivodorock.com.br ou 5 11 3441-8828. Acompanhe também minha coluna na página da Dynamite , http://www.dynamite.com.br/portal/view_coluna_action.cfm?id_colunista=46&id_show=1117
E aqui vai uma pequena amostra do que se poderá ouvir na página do ARB, com inauguração prevista para abril. Para começar, o inimitável Cauby Peixoto, primeira pessoa a ter lançado em disco um rock composto no Brasil (“Rock’n’Roll Em Copacabana”, de Miguel Gustavo, em 1957). Para quem perdeu, aqui vai de novo.
Cauby Peixoto – Rock’n’Roll Em Copacabana
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Dez anos depois, Cauby continuava em plena forma (como, aliás, até hoje) e, mesmo não sendo roqueiro de carteirinha (apesar de ter tido breve carreira nos EUA com o nome Coby Dijon), fez uma bela gravação de “O Caderninho” - ela mesma, professor, a famosa composição do guitarrista Olmir Stockler “Alemão” que fez sucesso na jovem guarda com Erasmo Carlos no mesmo ano de 1967.
Cauby Peixoto – O Caderninho
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Valerá a pena lembrar também como os não-roqueiros reagiram ao rock, como esta paródia de Alvarenga e Ranchinho de “Oh Carol”, de Neil Sedaka, sucesso no Brasil também na versão gravada por Carlos Gonzaga.
Alvarenga e Ranchinho – Tá Caro (Oh Carol)
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E que tal um pouco de polêmica – mas de alto nível? Sim, dá para fazer. Veja se esta música, “Killer Diller”, gravada em 1960 pro seu autor, o norte-americano Jim Breedlove, não te lembra determinado clássico do rock brasileiro:
Jim Breedlove – Killer Diller
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Em 1987, no melhor estilo Marcelo Tas (aquele que perguntou a Paulo Maluf se ele era ladrão), ao entrevistar Raul Seixas, perguntei sobre o assunto referente à canção acima. Confira sua resposta bem-humorada abaixo:
Raul Seixas fala de Rock das Aranhas a Ayrton Mugnaini Jr.em 1987
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