ESTE JK VOLTOU PARA GOVERNAR TEU MICRO
Jaques Kaleidoscópio foi um dos mais influentes DJs de rádio dos anos 1970, dedicado ao pop anticomercial, perfeito contraponto para o estilo frenético de Big Boy e sua programação dançante. Pois bem, ele está de volta, e moderno no melhor sentido, na emissora virtual AllTV, que você pode acesssar daqui mesmo de seu computador, www.alltv.com.br . O programa se intitula Monte De Sinais - também título de um livro que Jaques está escrevendo - e vai ao ar todas as segundas-feiras às 16h.
E aqui vai uma pequena homenagem a Jaques Kaleidoscópio e a todos os comunicadores que não se alimentam de jabá. Vamos ouvir ("vamos ouvir, vamos ouvir...") um trecho - ou melhor, dois - do programa Kaleidoscópio em 5 de julho de 1975 na América AM (quem disse que rádio AM é sinônimo de brega?). Jaques anuncia o grupo Apokalpysis (que, por sinal, acaba de ter seu primeiro CD lançado, gravado ao vivo na época e justamente intitulado 1975) interpretando "O Rock Chegou À Cidade", de uma fita independente nunca lançada em disco (gravada no festival Banana Progressiva, não do CD ora lançado).
Jaques Kaleidoscópio anuncia a banda Apokalypsis
http://rapidshare.de/files/16696647/04_-_JK_anuncia_Apokalypsis.mp3.html
Apokalypsis - O Rock Chegou À Cidade
http://rapidshare.de/files/16697343/05_-_O_Rock_Chegou___Cidade.mp3.html
PICCOLO OMAGGIO AL GRANDE WILSON PICKETT
Não tive tempo de colocar esta na ocasião do falecimento do grande cantor soul Wilson Pickett no início deste ano, mas antes tarde do que mais tarde.
Tive a oportunidade de conhecer The Wicked Pickett quando ele veio a São Paulo se apresentar no festival Nescafé & Blues em 1995. Ele gostou de autografar meu Greatest Hits (LP duplo brasileiro), e se divertiu ao fazer o mesmo com meu compacto italiano "Un'Avventura", música com a qual concorreu no festival de San Remo de 1969; além de cantarolar um trecho da melodia, gostou de lembrar que foi padrinho do então recém-nascido filho do cantor italiano Fausto Leali.
Pois bem, aqui está Wilson Pickett cantando em italiano - não "Un'Avventura", e sim seu lado-B, "I'm In Love", um de seus sucessos, composição de Bobby Womack, versão de Vito Pallavicini, cantado mezzo Italiano, mezzo Inghiese.
Wilson Pickett - Amo Te (I'm In Love)
http://rapidshare.de/files/16544351/15_-_Wilson_Pickett_-_Amo_Te.mp3.html
ADAPTANDO SEU PRÓPRIO "NE ME QUITTE PAS"
Sem querer imitar Paulo Francis (coisa que só faço com intenção humorística e de vez em quando), trago uma pequena dica de Nova Iorque. Acaba de reestrear no Zipper Theater o musical Jacques Brel Is Alive and Well and Living in Paris, baseado nas canções do compositor francês Jacques Brel, mestre da canção intimista e angustiada; muitas de suas músicas têm sido regravadas por artistas diversos como Maysa, David Bowie e Susan Jacks.
Jacques Brel Is Alive and Well and Living in Paris estreou em 1968 e fez sucesso, durando quatro anos em cartaz. Como singela homenagem - mas fugiondo ao óbvio, como é meu estilo - , vamos ouvir o próprio Jacques Brel cantando "Ne Me Quitte Pas" em holandês, "Laat Me Niet Alleen" (tirei de um compacto original holandês, perdoem os chiados que não consegui remover).
Jacques_Brel - Laat Me Niet Alleen (Ne Me Quitte Pas, versão holandesa)
http://rapidshare.de/files/16634738/04_-_Jacques_Brel_-_Laat_Me_Niet_Alleen___Ne_Me_Quitte_Pas_-_Dutch_version_.mp3.html
UM COMPUTADOR DINOSSAURO OUVINDO BUCK OWENS
Parece que não é só no Brasil que muita gente boa não consegue avaliar a própria música. Nos anos 1990 a revista norte-americana CD Review conseguiu afirmar que "a ligação dos Beatles com a country music é, quando muito, tênue". Pode-se refletir sobre isso ouvindo a gravação original de "Act Naturally", composição de Johnny Russell e Vonie Morrison e um dos maiores sucessos do cantor country norte-americano Buck Owens, de 1963 - e que muitos de nós conhecemos na boa gravação dos Beatles de dois anos mais tarde. (Esta é também uam pequena homenagem a Buck, falecido dia 25 de março aos 75 anos; mais detalhes sobre vida & obra do próprio em www.buckowens.com) Vale lembrar também que Owens foi citado em música do Credence ("Lookin' Out My Back Door").
Buck Owens - Act Naturally
http://rapidshare.de/files/16540031/18_-_Act_Naturally.mp3.html
EMBARQUE NESTE EXPRESSO DOIS-DOIS
O que se segue é talvez a mais completa mini-tese sobre a nova sensação lá em casa, o desenho animado canadense Jacó Dois Dois, exibido na emissora Cartoon Network e disponível em DVD bom-e-barato da Vídeobrinquedo.
Jacó Dois Dois nasceu Jacob Two-Two bem antes de virar desenho animado dos bons dirigido por Laura Shepherd em 2003. O presonagem foi criado nos anos 1970 por Mordechai Richler (1931/2001), talvez o escritor canadense de maior fama mundial, para fazer um agrado em Jacob, seu filho caçula - isso mesmo, o garoto do livro e do desenho animado (e também do filme Jacob Two Two Meets the Hooded Fang
, co-produção EUA-Canadá dirigida por George Bloomfield em 1999) é o mais novo de cinco irmãos, precisando dizer tudo duas vezes para ser ouvido pelos outros, dois adolescentes chatos e duas pestes, sempre se metendo em encrencas e aventuras e se saindo bem delas, e ainda arrumando tempo para cantarolar o "Hino À Alegria" de Beethoven - enfim, um "ardil 22" diferente, onde todo mundo sai ganhando.
Vale lembrar o desempenho de Gustavo Pereira (também participante da dublagem de Procurando Nemo e ator de Sítio do Pica-Pau Amarelo) ao dublar a voz de Jacó (embora toda a dublagem brasileira seja uma delícia).
E não é só no Brasil que muita gente boa tem o cacoete de formar bandas de rock com nomes de atores e personagens de desenhos. Que o diga a banda canadense Jacob Two Two, que vive sendo visitada por fãs do desenho animado. Não custa conferir a banda:
http://www.jacobtwotwo.net/media
Por falar em banda de rock, o tema do desenho é obra de Martin Kucaj, de Praga, ex-integrante da banda Krausberry e também autor da trilha do desenho animado Bakuten Shoot Beyblade G Revolution, além de integrar bandas como Combo Fh e Tabu. E aqui vai seu tema de Jacó Dois Dois, para mim um bom exemplo de música judaica com sonoridade moderna. Por sinal, quem sabe Jacó Dois Dois se torne com o tempo o maior ídolo canadense judeu desde Leonard Cohen.
Martin Kucaj - Jacob Two-Two
http://rapidshare.de/files/15598706/Martin_Kucaj_-_Jacob_Two_Two.WAV.html
VIAJANDO DE SANTANA
Não é novidade que o guitarrista chicano Carlos Santana esteve recentemente de volta ao Brasil com sucesso e qualidade. Agora, quantos de vocês ouviram os originais de alguns de seus maiores sucessos? Já coloquei aqui "Evil Ways" com a orquestra de Willie Bobo. E é chegada a vez de "Oye Como Va", com a big band de Tito Puente.
Lembro-de de quando conheci a gravação de Santana nos idos de 1971, lá em Sorocaba. Ninguém teve problemas para memorizar a tradução do título conforme a contracapa do LP Abraxas, "Oi! Como vai?" - um dos raros grandes erros deste departamento da gravadora CBS (sim, hoje eu sei que "Ouça como vai" é mais exato). Mas a filial japonesa da CBS também errou no encarte do triplo ao vivo Lotus ao transcrever a letra: "Oye como va mi ritmo/bueno pa gozar tu lágrimas" - na verdade "bueno pa gozar, mulata". (Nem vou me estender muito sobre as tentativas de minha turma lá em Soroqueibol para transcrever a letra: "oye como va, menino, viemos almozar..." e por aí vai; Seu Jorge perde).
E até agora não conheci ninguém que não tenha reparado que o solo de guitarra cita "Reza" de Edu Lobo e Ruy Guerra (o popular "laia, ladaia, sabadana Ave Maria"). Uma edição em partitura de "Oye Como Va" dá a data como 1964, um ano antes de "Reza". Teria Edu Lobo copiado "Oye Como Va", intencionalmente ou não? Confira a gravação de Puente para livrar a cara de Edu Lobo - e Santana nem deve ter feito por mal, fã que é de música brasileira, tendo inclusive regravado obras como "Verão Vermelho" de Nonato Buzar e "Promessa De Pescador" de Dorival Caymmi (sem falar em ter sido um dos raros artistas estrangeiros de renome a vir se apresentar no Brasil no auge da fama na pre-história antes da era Rock In Rio).
Tito Puente - Oye Como Va
http://rapidshare.de/files/16143114/10_-_Tito_Puente___His_Ochestra_-_Oye_Como_Va.mp3.html
40 ANOS SEM JOSÉ MARIA DE ABREU
Há 10 anos, em 1996, tive a honra e o prazer de elaborar a primeira grande musicografia do compositor José Maria de Abreu a pedido da Prefeitura de sua cidade natal, Jacareí. E não estou disposto a deixar os 40 anos de seu falecimento passarem em branco pelo menos neste espaço.
Nunca é demais lembrar que José Maria de Abreu foi um dos grandes melodistas da MPB. Sem pensar muito, podemos lembrar vários sucessos de sua autoria, com diversos letristas, como "Alguém Como Tu", "Boa Noite, Amor", "Ponto Final", "Ao Ouvir Esta Canção Hás De Pensar Em Mim", "Tome Polca!" (apesar da melodia lembrar "Pinicadinho" de Jararaca e Ratinho), "Pegando Fogo"...
Esta última foi sucesso do Carnaval de 1939/40 com o Bando da Lua e resgatada nos anos 1980 com ainda mais sucesso por Gal Costa (infelizmente quando ela parecia estar tentando se tornar uma Chipmunk com sex-appeal e a serviço do arranjador Lincoln Olivetti, que podemos definir educadamente como formulaico). Antes de escreveres discordando, ouça a gravação original:
Bando da Lua - Pegando Fogo
http://rapidshare.de/files/16333968/Bando_da_Lua_-_Pegando_Fogo.WAV.html
UM BIG TRIBUTO
É isso mesmo, trata-se da balada-soul "Hello Crazy People (Tributo A Big Boy)", lançada em maio de 1977 num compacto do selo Epic, composta e cantada por Ronaldo (sobre quem ainda estou para descobrir detalhes) logo após o falecimento deste DJ que foi - ou melhor, é e sempre será - grande até no nome.
http://rapidshare.de/files/16331680/Ronaldo_-_Hello_Crazy_people__Tributo_a_Big_Boy_.mp3.html
GIÀ PO' PARLARE
Meu livro mais recente, A Jovem Chiquinha Gonzaga (editora Nova
Alexandria), foi um dos escolhidos pela Fundação Nacional do Livro Infantil e Juvenil para ser exposto na Feira do Livro Infantil de Bolonha (Itália, belli), o maior evento mundial sobre o assunto, a se realizar
de 27 a 30 de março.
PARA QUEM COMPÕE E VISA FAZER SUCESSO
Se você é compositor(a), vale a pena tentar o Nono Prêmio Visa, edição Compositores, mesmo que seu sobrenome não seja Tatit ou Ozzetti. Detalhes e ficha de inscrição (que pode ser feita pelo correio ou pela Internet) em: http://www.premiovisa.com.br/Visa9/home.asp
NESTA TODO MUNDO É BAMBA
Às vezes fico pensando sobre o que seria da música pop sem "La Bamba", canção trazida do folclore mexicano e sempre jovem aos mais de 200 anos de idade, regravada por quase todo mundo (Richie Valens, Trini Lopez, Unit 4+2, Neil Diamond, Los Lobos, Prini Lorez), sem falar nas derivadas (apenas algumas são "Wild Thing", "Louie Louie", "Twist And Shout", "Get Off Of My Cloud", "Guantanamera", "The Game Of Love", "Mamacita", "The Joker", "Substitute" (não a do Who, e sim da banda - alguém aí se lembra? - Clout), "Bang Bang" (de outra banda que para ficar obcura teria de sair no Orkut, a Salvation, e um dos grandes hits do programa de Big Boy), "Your Wonderful Sweet Sweet Love" (mini-pérola de Somkey Robinson para as Supremes após a saída da megaperua Diana Ross), "Da Da Da", a parte do meio de "You've Lost That Lovin' Feelin'" e seu clone "You're My Soul And Inspiration")... Mas a primeira gravação esperou até 1940, com o grupo folclórico mexicano Andres Huesca y Los Costeños - é esta aqui.
Andres Huesca Y Los Costeños - La Bamba
http://rapidshare.de/files/15407849/17_-_La_Bamba__M_xico_.mp3.html
TUDO EM FAMÍLIA
Muitos de vocês, assim como eu, conheceram o baião "Coroné Antônio Bento", do grande João do Vale em parceria com Luiz Wanderley, na boa interpretação da primeira faixa do primeiro LP de Tim Maia, lá em 1970. (Há outra boa gravação, mais recente, de outro "cabra macho" arretado - ele mesmo, Cássia Eller.) O curioso é que a regravação de Tim Maia (na qual, por sua vez, se baseou a de Cássia) tem várias mudanças na letra. Para começar, a gravação original de Luiz Wanderley, de 1960, chama-se "Matuto Transviado" e inclui uma estrofe inteira a mais gozando a nova moda do rock and roll. E, pelo jeito, o Coronel casava uma filha por década, Juliana segundo Tim Maia e Mariá (que inclusive rima com "contratou o Benê Nunes pra tocar") conforme o original de Luiz Wanderley. Confira:
Luiz Wanderley - Matuto Transviado
http://rapidshare.de/files/15240628/Luiz_Wanderley_-_MAtuto_Transviado.WAV.html
PRIMEIRO GRANDE FESTIVAL DE MANOLITA
Nestes dias me pediram uma pesquisa sobre “Manolita”, uma canção de grande sucesso nos anos 1940, um brega-chique de boa melodia (como se espera de boas canções pop de qualquer época) cuja letra é um dramalhão punk ambientado na Espanha.
"Manolita" é originalmente “Alza Manolita”, dos anos 1910, do compositor francês Leo Daniderff (1878/1943), cuja obra mais famosa talvez seja “Titine” (utilizada no filme Tempos Modernos de Charlie Chaplin). As duas gravações mais antigas de que tenho notícia são as das cantoras francesas Marcelly e Henriette Leblond (que para serem consideradas obscuras ainda exigem muita pesquisa), respectivamente de 1910 e 1911.
“Manolita" fez um baita sucesso no Brasil, tendo inspirado várias versões e paródias e até se tornado sinônimo de nota de um cruzeiro nos anos 1940. A canção tornou-se grande sucesso com a versão em português feita em 1918 pelo palhaço e cantor Eduardo das Neves e cantada por ele nos circos; esta versão só chegou ao disco dez anos depois, cantada por Arthur Castro (embora sem crédito no disco para Eduardo). Esta versão de Eduardo das Neves fez ainda mais sucesso nas regravações de Osny Silva e Francisco Alves, ambas de 1943.
Antes de brilhar como Rei do Baião, o arretado Luiz Gonzaga se afirmou como sanfoneiro de responsa. Ary Barroso reclamou de Gonzagão tocar música brasileira com "instrumento de tango"; talvez ele tenha até gostado de sua interpretação de "Manolita", feita também em 1943, para aproveitar o sucesso das gravações de Chico Viola e Osny.
Labels: Eduardo das Neves, Francisco Alves, Luiz Gonzaga, Manolita
UMA PARODIAZINHA SEM CONSERTO
Assistências técnicas boas hoje são maioria, mas aqui vai uma pequena homenagem às outras e a quem sofre com elas:
NENHUM APARELHO FICARÁ BOM COMO ANTES
(NADA SERÁ COMO ANTES)
Milton Nascimento
Fernando Brant
Paródia de Ayrton Mugnaini Jr.
Eu já estou com o saco na Lua
Eu mandei consertar o meu som
Sempre dizem que vai ficar pronto
Amanhã
Que notícias me dão do meu amp,
Dos falantes, do toca-CD?
Sempre dizem que é pra eu ligar
Amanhã ou depois de amanhã
Eu insisto por dias e noites, desgosto que dói...
O QUE DIZEM AS MÁS (OU BOAS) LÍNGUAS
Espero que dê tempo de vocÊ ficar sabendo da participação de meu novo grupo, o TONQ, amanhã, sábado, 11 de março, na USP FM Às 17 horas. Mas sei que vai dar tempo de você ver algo a respeito no blog do Lìngua de Trapo, exatamente aqui:
http://blogdolingua.zip.net/arch2006-03-01_2006-03-15.html#2006_03-10_19_09_07-114393966-0