ACONTECE QUE ELE É DO MUNDO
Esta minha homenagem a Dorival Caymmi é tardia em termos, já que ele se provou atemporal, inclusive um dos compositores brasileiros mais interpretados em todo o mundo – inclusive em português! Vejamos três amostras de diferentes épocas, países e estilos.
Para começar, o emérito violonista e cantor porto-riquenho José Feliciano com “Maracangalha” (subtitulada “El Voh”), de seu LP duplo ao vivo Alive-Alive-O!, gravado em Londres em 1969 (peguei a gravação de um compacto mono lançado aqui paralelamente ao LP).
José Feliciano – Maracangalha
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Um dos nomes de destaque do estouro da folk music comercial da primeira metade dos anos 1960 nos EUA foi o grupo The Limeliters (os mais atentos já devem ter se lembrado de que é deles a gravação original de “Those Were The Days”, o megahit de Mary Hopkin – baseado numa canção folclórica russa, mas isso já é outra mensagem de blog). Em seu LP The Slightly Fabulous Limeliters, de 1963, eles incluíram “O Vento”, de Caymmi, porém com título “Curima”.
The Limeliters – Curima (O Vento)
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Dado que Caymmi tinha ascendência italiana e era grande fã de música erudita, nada mais natural que alguém vestisse casaca em alguma de suas canções. Tal aconteceu com “O Mar”, gravada pelo barítono italiano GinoBecchi nos anos 1940. (Espero que a Revivendo me perdoe por incluir aqui esta faixa e encare como um comercial para sua coletânea de Becchi, La Strada Del Bosco. Eccola: http://www.revivendomusicas.com.br/produto_detalhe.asp?id=683 )
Gino Becchi – O Mar
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Caymmi foi um caso raro de artista totalmente realizado, conseguindo uma carreira longa sem períodos de ostracismo e sucesso e prestígio nacionais e internacionais praticamente desde o início. Inclusive, uma de suas composições foi lançada pelo cantor francês Jean Sablon: “Por Quê?”, em 1949. (A canção teve versão em inglês, “Why Not?”, pelo letrista estadunindense Carl Sigman – creditado até nas poucas reedições da gravação no português original de Sablon!)
Jean Sablon - Porque
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Se Caymmi já foi tão regravado no exterior em português, imaginem as versões. Por exemplo, o cantor israelita Matt Caspi gravou em 1974 um LP inteiro, O Mar (The Sea) – Songs By Dorival Caymmi. Um exemplo é “Samba Da Minha Terra”.
Matt Caspi - Samba Da Minha Terra
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Cauby Peixoto, além de grande astro da MPB, também foi um dos primeiros ídolos do pop-rock brasileiro e um dos poucos que podem se orgulhar de terem feito legítimo, embora pequeno, sucesso no exterior. Muitos de vocês já sabem que Cauby teve breve carreira nos EUA no finzinho dos anos 1950, cantando em inglês e usando o nome “Coby Dijon”. Um dos compactos que gravou, “Locked In The Arms Of Love”, do início de 1959, traz no lado-B “I Go”, uma versão pândega em inglês de “Maracangalha”.
Coby Dijon – I Go (Maracangalha)
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Ainda não conferi: será que esse arranjo de “Maracangalha” gravado por Coby/Cauby é de seu então colega de gravadora Ray Conniff? (Ray gravava para a Columbia e Coby, então contratado da filial brasileira, na subsidiária estadunidense Epic.) O fato é que este arranjo foi decalcado por uma equipe de músicos franceses que, aproveitando a voga do cha-cha-cha de 1960, usou o nome The Cha Cha Boys em um LP intitulado Tea For Two Cha Cha, inclusive lançado aqui em meados desse ano.
Cha Cha Boys – Eh Oh (Maracangalha)
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Para terminar esta homenagem, uma gravação exclusivíssima de Caymmi interpretando outros compositores – no caso, a valsa “Boa Noite, Amor” de José Maria de Abreu e Francisco Mattoso, quando entrevistei Caymmi em Copacabana na ocasião de seu octagésimo aniversário em 1994.
Dorival Caymmi – Boa Noite, Amor
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