BLOGUEIROTECA - PARTE 1
Tem coisa mais blogueira que gravações de discoteca pessoal? Pois bem, vou reunir agora um monte de prazeres num só: colecionar discos (ou melhor, colecionar música), comprar discos, digitalizar gravações e repartir tudo isso. Aqui vai uma primeira leva de compactos que adquiri nos anos 1970.
Precisamente em 2 de setembro de 1970, durante o almoço após a escola, ouvi no rádio uma canção de que gostei; quando o locutor anunciou só entendi que o intérprete era Ray Charles. Eu morava em Sorocaba, e no mesmo dia fui à Praça Fernando Prestes e, com toda a autoconfiança de meus recém-completados 13 anos, fui pedindo "O que vocês têm de Ray Charles?" e o vendedor me vendeu este compacto duplo recém-lançado e que tenho até hoje. A faixa que me fez comprar o disco, "Baby Please", é a menos boa, apenas uma derivada de "Words" dos Bee Gees. Mas considero Ray Charles o tipo do artista de quem até as gravações ruins são boas, tipo este que inclui Stevie Wonder, Jorge Ben Jor e Louis Armstrong. Este compacto duplo, The Genius Ray Charles, é uma micro-coletânea de gravações de 1965 a 1970; aqui está uma das outras faixas, sua leitura de "Sentimental Journey" de Les Brown, julgada por determinada Revista Semanal Brasileira de Informação como "mais moderna que a do Beatle Ringo" - e, posso acrescentar, põe moderna nisso: devido à falta de dados no disquinho além dos títulos e autores das faixas, o(a) resenhista da publicação, obviamente pouco expert em "The Genius", não poderia adivinhar que a gravação era de quatro anos antes, 1966. (Não custa, e é até bom, lembrar as outras duas faixas do disco: "Laughin' And Clownin'" de Sam Cooke, lançada em 1970, e "Light Out Of Darkness" do próprio Ray, é de 1965, do filme Ballad In Blue, também exibido como Blues For Lovers, estrelado pelo próprio Ray e dirigido pelo inglês Paul Henreid. E "Baby Please" foi lançada em 1969.)
Ray Charles - Sentimental Journey
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Fui praticamente acionista da rede sorocabana de lojas A Musical, apesar de desde cedo ser esquerdinha e viver reclamando dos preços. Uma das pérolas que garimpei na seção de ofertas foi esta, "Today Was Tomorrow Yesterday", com o cantor Billy Eckstine, que eu conhecia de alguns discos 78 RPM da família, e gostei de saber que ele continuava se atualizando anos 1970 adentro e com o vozeirão em forma. (Ah, sim: a compra foi em 20 de setembro de 1972.)
Billy Eckstine - Today Was Tomorrow Yesterday
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Um pouco depois, em 21 de novembro, desenterrei do ofertão de uma loja da mesma Musical este disco de Walter Hawkins, cantor e compositor de soul que, quase 40 anos depois, continua um tanto obascuro para mim; pelo que entendi, ele fez carreira gospel e chegou a vir a um dos FICs.
Walter Hawkins - It Pays
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Em 1975 fui promovido a universitário e exportado para Lins; precisarei dizer que me lembro menos das aulas de Engenharia que das lojas de discos da cidade? Uma delas, A Instaladora, era na verdade uma loja de eletrodomésticos com uma seçaozinha de discos; um dos muitos que lá adquiri foi "Ghetto Woman" de B. B. King (em 11 de agosto daquele ano), cujo lado-B, "The Seven Minutes" (composto por Stu Phillips e Bob Stone), não foi incluído no LP correspondente (B. B. King In London, de 1971) e, pelo que sei, continua raro até hoje. E só recentemente descobri que esta faixa é de um filme homônimo dirigido por Russ Meyer.
B. B. King - The Seven Minutes
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