Tuesday, November 26, 2019

"NO JARDIM DA INFÂNCIA": MEU PRIMEIRO DISCO INFANTO-JUVENIL


Siiiim, esta capa é ilustração de Martha Maria Zimbarg!

Boa parte da trilha sonora de minha infância veio de discos produzidos especialmente para crianças: a coleção Disquinho, aqueles LPs dos anos 1950 da gravadora RCA, LPs do selo Carrossell, o indefectível e perene palhaço Carequinha, o contador de histórias Tio Janjão, A Turma da Mônica, a coleção Historinhas de Walt Disney da editora Abril, a Biblioteca Sonora Infantil da Bloch em parceria com a Philips... Ao me tornar adulto (ou pelo menos tão adulto quanto um homem pode se tornar), vi surgir a produção cultural para a infância da geração seguinte. Tivemos os e as $hoo$has, Patotinhas, Bozos, Três Patinhos e Balões Mágicos da vida, que queriam mesmo era transformar pessoas pequenas ouvintes em pessoas grandes consumidoras, mas que felizmente tiveram bom contrabalanço em obras de Chico Buarque, Toquinho e/ou Vinicius em projetos como Arca de Noé, Casa de Brinquedos e Os Saltimbancos e em artistas de minha geração como Rumo, Thelma Chan, toda a série Rá-Tim-Bum, Solange Sá e Palavra Cantada – e tenho muita simpatia por artistas normalmente esnobados como Patati Patatá e Galinha Pintadinha. (Sem falar na influência do cancioneiro folclórico infantil na música popular comercial, de Bahiano com “Ai, Filomena” e “O Meu Boi Morreu” a Simonal pilantreando cantigas de roda e à axé-music idem cantigas da Bahia – e isso não ocorre apenas no Brasil, bastando lembrar alguns clássicos estrangeiros como “Simon Says” e “Walking The Dog”; bom assunto para outro artigo.)

Foi em 1985-6 que comecei a pensar em compor música para crianças, e nessa época nasceram minhas primeiras filhas dessa linhagem: “Nanico”, “O Caracol”, “Lesma Mole”... Um bom incentivo veio da pianista e professora Miriam Murakami Otachi, em cuja escola lecionei violão. Em 1988 iniciei parceria com a cantora e compositora Carmen Flores, e com ela escrevi mais canções apreciáveis pela petizada, como “A Vingança Do Gênio” e “Magrelinha”, além de colaborar nos arranjos de seu ciclo de canções para o jogo Tigram. Entrei de vez no segmento infanto-juvenil em 1991, fazendo shows e gravações (incluindo o hoje clássico LP Um Conto Que Virou Canto) com a maestrina e compositora Thelma Chan. Veio então outra ninhada de músicas infanto-juvenis: “Isto É Samba”, “Samba Da Paquera”, “Um Bolero”, “Mambo Mambembe”. O novo século trouxe nova parceira, a esteticista e fonoaudióloga Vera Mendes, cujo trabalho me motivou canções sobre fonética, cuidados com a pele e empreendedorismo de interesse para todas as idades: “Hidratação”, “Encontros Consonantais”, “Irmão Não É Igual”, “Marinheiro Empreendedor”. Nem preciso falar dos grandes impulsos de quando me tornei pai em 2002, artista circense em 2013 e avô agora em 2019. E tenho a alegria adicional de composições infantis minhas interpretadas por corais e estudantes de canto em todo o Brasil.

Sim, eu sabia que um dia eu iria fazer um disco infanto-juvenil. E eu soube que esse dia havia chegado em setembro último, quando minha esposa, Martha Maria Zimbarg, me apontou o detalhe de que nada menos de seis das 30 faixas de meu álbum Dó, Ré, Mi, Fá... Sei Lá! (lê mais sobre este disco aqui) ficariam melhores se relançadas num disco especial para crianças. Mais que isso, Martha me incentivou a completar um disco desses, e ainda ofereceu a capa. Foi como pedir para um peixe nadar: em três meses remixei as canções infanto-juvenis do disco anterior, reuni outras canções antigas, compus ainda outras novas e... aqui está Ayrton Mugnaini Jr. No Jardim Da Infância, meu primeiro equivalente ao disco Elvis Sings For Children And Grownups Too, com a vantagem de minha participação mais que ativa. Sim, eu disse “primeiro”, pois já penso em outros – e basta lembrar que, a conselho de Martha, estou dosando entusiasmo & generosidade, incluindo menos faixas em meus discos, apenas 18 (mas fazendo questão de ultrapassar o limite de 14 arbitrariamente imposto e passivamente aceito pela predadora indústria fonográfica brasílica).

Pois bem, aqui vai um texto sobre cada faixa deste meu primeiro álbum para o público infanto-juvenil, doravante (gostaram?) abreviado como JDI, junto às respectivas letras.

Faixa 1: MANIFESTO INFANTIL

Composta especialmente para este disco e cujo título diz tudo. Duas inspirações mais ou menos remotas foram a “Canção da Criança” de Francisco Alves (que conheci pela regravação de Carequinha) e o tema principal da telenovela A Patota, lá em 1971: “Vou ser criança, vou/até morrer...” Esta canção pode também ser ouvida como uma versão sutil de “Donos Do Mundo” do Língua de Trapo contra a produção cultural que quer passar por infantil mas na verdade é infantilizante, “criança não é imbecil/criança não é fantoche...”.

Para mim a primeira e a última faixas de JDI podem ser intercambiáveis como abertura e encerramento; vocês podem programar seus toca-CDs ou mp3s de acordo.
  
Ayrton: vocal, violão, guitarras, contrabaixo e bateria

MANIFESTO INFANTIL
Ayrton Mugnaini Jr.

Que bom fazer música pra criança
Que bom contar história pra criança
Que bom levar criança pra passear
Que bom estar com criança pra brincar
Estar com criança é uma coisa linda
Mas ser criança é melhor ainda
Ser criança é ter sinceridade
É saber ter e dar felicidade
É saber aproveitar o que se tem
É acreditar que tudo vai ficar bem
É ver o que o mundo tem de bom
Ver arte em cada palavra e som
É colocar espírito na matéria
E ter alegria até pra coisa séria
É bom lembrar que ser criança
Não é ser bobona nem bobão
Quando todo mundo for criança
Acho que não vai ter mais guerra, não
Ser criança é tão gostoso
Eu quero ser criança até depois de idoso

Faixa 2: NANICO

Composta em 1985 ou 1986, é, até onde me lembro, minha primeira composição especial para crianças (eu já havia composto canções sobre crianças, como “Acalanto”). Esta entrou no disco Um Conto Que Virou Canto gravado e lançado em 1991, dirigido pela maestrina Thelma Chan e patrocinado pela saudosa escola paulistana O Poço Do Visconde, que tinha três corais: o Pocinho, de crianças de seis a nove anos estudantes nos dois primeiros anos do ensino fundamental; o Poço, de dez a doze e no terceiro e quarto anos; e o Poção, de adolescentes alunos e alunas dos anos seguintes. Este disco é uma superprodução, com capa de Elifas Andreato (mostrando muito bem que não vivia somente de palhaços chorões), encarte luxuoso com letras, partituras e fotos de todo mundo que participou e composições deste que vos fala e de Wandi Doratiotto (seu filho Danilo Doratiotto era pocista e cantou no disco); há edições posteriores em CD mas infelizmente com menos faixas. Para este JDI acrescentei dois violões e surdo imitando tímpano.

LP Um Conto Que Virou Canto

Coral “Pocinho” da escola O Poço do Visconde: vocal-solo
Rosa Amélia Figueiredo Silva: teclado
Thelmo Cruz: pandeiro
Thiago Chan: bateria
Ayrton: violões, tímpano e contrabaixo

E aqui vai a formação do "Pocinho" que gravou este disco:


Ana Gouvea Bocchini
Beatriz Lopez do Nascimento
Camila Carvalho Nogueira
Carolina Blanco Frydman
Carolina Casanova Penteado
Carolina Venturelli
Cassio Garcia Cipullo
Frederico Perrenoud Elias
Gabriel Yamamoto Nanbu
Julia da Silveira Codo
Julia Maria Mayer Casali
Julia Maykot Pucci
Juliana Salomão dos Santos
Luis Eduardo Negrão Meloni
Mariana Solbes da Silva
Marina Bernardo de G. Piedade
Marina Chaves Alves
Marina França Faria
Maura Vainsencher Lamas
Pedro Rangel Filardo
Vitor do Amaral Osorio

Muitas destas crianças são hoje profissionais da musica. E pensar que hoje, em 2019, elas têm mais idade do que eu quando gravei com elas em 1991...

NANICO
Ayrton Mugnaini Jr.

Nanico acorda cedo
Com disposição
Levanta e dá um pulo
Pra pôr a mão no chão
Depois vai tomar banho
Na xícara de café
E sei pra trabalhar
De pintor de rodapé
Grande Nanico
Amigo e trabalhador
Grande Nanico
Pequeno e de grande valor
Nanico chega em casa
À noite bem cansado
Se perde no tapete
Se não tomar cuidado
Mas se esquecer a chave
Nanico não se importa
Porque ele passa
Por debaixo da porta
Grande Nanico
Amigo e trabalhador
Grande Nanico
Pequeno e de grande valor

Faixa 3: QUEM QUER PIPOCA?

Esta nasceu numa festa da cantora Carmen Flores; ela começou a cantarolar “quem quer pipoca?”, percebi o mote e compus o resto. Lancei a canção em 1998 em minha fita cassete BREGA.COM.BR.MAIUSCULO. Notem a participação de minha sobrinha Amélie Quoniam, então com sete anos.

Carmen Flores: vocal-solo
Amélie Marie Quoniam: vocal
Ayrton: vocal, guitarras, teclado, contrabaixo, pandeiro e programação de bateria eletrônica

QUEM QUER PIPOCA?
Carmen Flores
Ayrton Mugnaini Jr.

Quem quer pipoca?
Quem quer pipoca?
Quem quer pipoca?
Tá na hora de comer!

Fazer pipoca é fácil
Põe óleo na panela
Esquenta, pega o milho
E coloca dentro dela
Mas não esqueça a tampinha
Senão a pipoca sai
Pulando pela cozinha

Quem quer pipoca?
Quem quer pipoca?
Quem quer pipoca?
Tá na hora de comer!

Pipoca é muito bom
Com pimenta, mel ou sal
Pipoca não tem jeito
É sempre legal
Mas se você tem preguiça ou dinheiro
É só sair pra rua
E chamar o pipoqueiro

Quem quer pipoca?
Quem quer pipoca?
Quem quer pipoca?
Tá na hora de comer!

Faixa 4: HOJE TEM CIRCO!

Em 2009, a convite do Centro de Memória do Circo, comecei a pesquisar sobre música circense, e em 2013 tornei-me artista de circo, tocando violão e contrabaixo na banda (e hoje sou maestro e contrabaixista da banda circense A5 Em PB), além de compor minhas primeiras canções com gosto de serragem, começando nesse mesmo 2013 pelo instrumental “Bailarina Palhaça” (também incluída neste CD, leiam mais abaixo), além de, quatro anos depois, “Palhaça”, sucesso nos shows de meu trio Los Interesantes Hombres Sin Nombre. E “Hoje Tem Circo!” foi composta quase agora.

Ayrton: vocais, violão, guitarra, contrabaixo e surdo


Banda A5 Em PB: Jorge LA Matheus, Marquinhos Gil, Ayrton Mugnaini Jr., Dinho Nascimento e Tetê Purezempla.

HOJE TEM CIRCO!
Ayrton Mugnaini Jr.

Hoje tem circo
Amanhã também
Circo todo dia tem
Tem circo aqui
Tem circo lá (vamos circular!)
Tem circo em todo lugar

Viva o Cirque du Soleil,
Stankowich, Espacial e tudo o mais
E também tem circo
No metrô, na calçada e nos sinais
Onde tiver um palhaço ou uma palhaça
Sempre vai ter muita graça
Onde tiver uma pessoa malabar
O circo sempre vai se equilibrar

Hoje tem circo
Amanhã também
Circo todo dia tem
Tem circo aqui
Tem circo lá (vamos circular!)
Tem circo em todo lugar

Faixa 5: HIDRATAÇÃO

Este samba-choro é parte de um projeto em dupla com a esteticista Vera Mendes sobre tratamento facial e entrou neste disco porque tem bom apelo para a criançada. A gravação nasceu como demo no lendário TC Studio, com co-produção de Tereza Miguel.

Vera Mendes: vocal-solo
Wilson Rocha e Silva: cavaquinho
Ayrton: violões, guitarra, contrabaixo e pandeiro

HIDRATAÇÃO
Ayrton Mugnaini Jr.

Água
O mundo é água
Eu sou água
Você é água
Água é setenta por cento
Do que a gente tem
Por causa dela
Os outros trinta passam bem
Que maravilha
Com dois litros por dia
Eu ando mil milhas
Bom jeito de se tratar
É se hidratar

De fato
Eu tenho tato
Eu me trato
Eu me hidrato
Caldo de cana,
Água de coco e suco dão o tom
E água pura
Também é tudo de bom
Que maravilha
Com dois litros por dia
Eu ando mil milhas
Bom jeito de se tratar
É se hidratar

Faixa 6: MELZINHO

Em 2016 a pesquisadora e artista circense Verônica Tamaoki, diretora do Centro de Memória do Circo – para o qual trabalho na banda circense A5 Em PB – , compôs, como um agrado para seu neto, o início desta canção, “Melzinho”; desenvolvi e assim nasceu nossa primeira parceria, lançada no disco Dó, Ré, Mi, Fá... Sei Lá! em 2017 e remixada para este CD.

Verônica Tamaoki: vocal-solo
Ayrton: violão, guitarra, contrabaixo, bateria e vocais

MELZINHO
Verônica Tamaoki
Ayrton Mugnaini Jr.

Melzinho, melzinho
Melzinho é gostosinho
Criança gosta de mel
Criança gosta de mel
Faz bem e é bom demais
Criança gosta de mel
Eu também quero mais!

Faixa 7: SOU LIXEIRO

Um de meus grandes orgulhos é ter participado da banda Magazine, liderada pelo saudoso Kid Vinil, e gravado com ela o disco Na Honestidade, lançado em 2002 e que, sem falsa modéstia, há de ser redescoberto e revalorizado, embora quase toda a grande imprensa tenha resolvido esnobar o disco. O diário belorizontino Hoje Em Dia proclamou que nenhuma faixa de Na Honestidade estava à altura de “Sou Boy” ou “Tic-Tic Nervoso” e implicou com a “fórmula” de “Sou Boy” ter sido seguida por outra ode a subempregos, “Sou Flanelinha”, comentando “Qual vai ser o próximo? ‘Sou Lixeiro’?” Pois eu gostei da sugestão e na hora pensei em compor uma canção com este mote – afinal, Lou Reed tem uma série de canções “Fulana Says” e ninguém reclama – , o que acabei concretizando agora em 2018, e com inteira justiça dei parceria a Túlio Andrade, autor da reportagem, logo que lhe descobri o nome. E a participação do trompetista Luiz Antônio da Silva (não confundir com seu preclaro xará do Beatles Cavern Club, também chamado de Luiz Lennon ou Big Bob), que tem dado canjas com a banda A5 Em PB nos eventos circenses, deixou a canção com um adorável jeitão de Muswell Hillbillies ou Everybody’s In Showbiz (ou, como meus "addicts" preferem, "Muswell Hillbregas" e "Everybody's In Showbrega"). Lancei esta canção no disco Sujeito Determinado (leia mais sobre ele aqui) em agosto de 2019; Martha achou que ela tinha apelo para a criançada e sugeriu que eu a incluísse em JDI, o que aceitei, mas adaptando a letra para o publico infantil.

Luiz Antônio da Silva: trompete
Ayrton: vocal, banjo, guitarra, contrabaixo e bateria

SOU LIXEIRO
Túlio Andrade
Ayrton Mugnaini Jr.

Eu sou lixeiro
Porque existe lixo
E existe muita gente
Sem muito capricho
Que só fica sonhando
Ou vê sessão coruja
Ou fica esperando
Que a sujeira fuja
    
Eu sou lixeiro
Hoje eu vivo assim
Mas imagina eu sem você
E você sem mim
Eu sou lixeiro
Sou lixeiro, sim
Mas imagina eu sem você
E você sem mim

Eu sou lixeiro
Você pode notar
Sou eu quem sempre luta
No seu lugar
Por um mundo mais lindo
E com mais perfeição
Uma pessoa agindo
E outras não

Eu sou lixeiro
Por enquanto eu vivo assim
Mas imagina eu sem você
E você sem mim
Eu sou lixeiro
Sou lixeiro, sim
Mas imagina eu sem você
E você sem mim

Faixa 8: TÁ TUDO MUITO BEM MAS EU QUERO A MAMÃE!

Esta bossa-nova infantil foi gravada no fim do século 20 e lançada em 2002 em Give The People What You’ve Got... Some Will Want It, minha segunda semi-coletânea para o publico estrangeiro.

Amanda Flores Campadello: flauta e vocal
Carmen Flores: vocal-solo
Diego Sonna: vocal
Ayrton: vocal, cavaquinho, contrabaixo e programação de bateria eletrônica

TÁ TUDO MUITO BEM MAS EU QUERO A MAMÃE!
Carmen Flores
Ayrton Mugnaini Jr.

A minha escola é muito boa
Tão limpa e tão bonita
Tudo é muito gostoso
Falando cê nem acredita
Mas pra falar a verdade
Chega uma hora que me dá saudade
Tá tudo muito bem mas eu quero a mamãe!

A professora é tão legal
Tanta coisa boa me ensina
No recreio tem tanto brinquedo
Falando cê nem imagina
Mas agora eu te confesso
Tem uma pessoa que eu nunca esqueço
Tá tudo muito bem mas eu quero a mamãe!

O dia que ela vem me buscar
Vai ser aquele gruda-gruda
Mas tem dias que o relógio
É mais lento que uma tartaruga
A escola é um paraíso
Espero o dia todo se for preciso
Tá tudo muito bem mas eu quero a mamãe!

Faixa 9: BAGUNÇA

Composta e gravada em 2004 e lançada em meu disco Sine Quais-Quais-Quais Non no mesmo ano.

Ayrton: vocal, guitarras, cavaquinho, contrabaixo e programação de bateria eletrônica

BAGUNÇA
Ayrton Mugnaini Jr.

Veja só quanta bagunça
Que todo dia você faz
Depois procura alguma coisa
E não encontra nunca mais
Procura no jardim
Procura no quintal
Em cima do armário
Embaixo do jornal
Depois você reclama
Que assim não pode ser
Se eu tento arrumar
Quem reclama é você
Tem aquela bela frase
Que agora eu vou lembrar:
“Um lugar pra cada coisa
E cada coisa em seu lugar”
Bagunça, bagunça,
Depois ainda quer se achar!
Bagunça, bagunça,
É feita pra se arrumar

Faixa 10: MARINHEIRO EMPREENDEDOR

Em 2014 comecei a trabalhar com a cantora Vera Mendes num projeto sobre empreendedorismo, compondo uma série de canções sobre o tema, incluindo esta, que julguei sob medida para este disco. Lancei no disco Dó, Ré, Mi, Fá... Sei Lá! em 2017 e remixei para este CD.

Ayrton: violão, cavaquinho, pandeirola, apito e vocais

MARINHEIRO EMPREENDEDOR
Ayrton Mugnaini Jr.

Oh! Marinheiro, marinheiro só
O tempo inteiro só tem desafio
E virou marinheiro, marinheiro só
Porque levou aquele tombo do navio

Só pensava em se deitar na areia
Uma preguiça enorme de assustar
Foi arrastado pela maré cheia
Acordou e aprendeu a nadar

Oh! Marinheiro, marinheiro só
O tempo inteiro só tem desafio
E virou marinheiro, marinheiro só
Porque levou aquele tombo do navio

Num navio ele foi se virando
Muita batata ele descascou
E resolveu descascar cantando
Cantor da banda ele se tornou

Oh! Marinheiro, marinheiro só
O tempo inteiro só tem desafio
E virou marinheiro, marinheiro só
Porque levou aquele tombo do navio

De marinheiro a cantor então
O nosso amigo nos surpreendeu
Montou empresa de navegação
Agora canta “esse mar é meu”

Oh! Marinheiro, marinheiro só
O tempo inteiro só tem desafio
E virou marinheiro, marinheiro só
Porque levou aquele tombo do navio

Largou preguiça e tem muito pique
De desafio ele não foge, não
E se ele embarcar num Titanic
Faz sociedade até com tubarão

Oh! Marinheiro, marinheiro só
O tempo inteiro só tem desafio
E virou marinheiro, marinheiro só
Porque levou aquele tombo do navio

Faixa 11: MARCHINHA DA AURORA

A inspiradora é Aurora Marinho Zimbarg, nascida em 28 de maio de 2019 às 11h13 – “quase às onze e meia da manhã”, filha de Celso Zimbarg e Naira Marinho e neta de Martha – sim, e o avô compositor e jornalista compôs esta marchinha praticamente na porta da maternidade. Lancei no disco Sujeito Determinado e para este CD acrescentei intervenções vocais de ninguém menos que Aurora aos cinco meses de idade.

Ayrton: vocais, violão, cavaquinho, berimbau, guiro, pandeirola e surdo

Primeira reunião com Aurora
Alguns meses depois.

MARCHINHA DA AURORA
Ayrton Mugnaini Jr.

Aurora
Chegou agora
Quase às onze e meia da manhã
Olhar tão vivo
E expressivo
Cê já chegou e eu já sou seu fã

Aurora, Aurora
Quem me vê já vê que eu sou avô babão
Aurora, Aurora
Quem te vê vê que eu tô cheio de razão
E de emoção

Faixa 12: A MILA

Homenagem no estilo “jovem guarda” em parceria com Martha à nossa cachorra de estimação. Realmente, além de artista plástica, Martha canta direitinho – e suas próximas gravações serão ainda melhores, pois ela começou a ter aulas de canto com Tato Fischer (por sinal, logo em seguida também comecei!). Lancei esta canção no disco Sujeito Determinado e nem precisei remixar para incluir em JDI.


Martha Maria Zimbarg: vocal-solo
Neide Fernandes: vocal
Ayrton: vocal, cavaquinho, guitarras, contrabaixo e bateria

A MILA
Martha Maria Zimbarg
Ayrton Mugnaini Jr.

A Mila é bonitinha
Mila, Mila
A Mila é boazinha
Mila, Mila, Mila
A Mila é minha amiguinha
Mila, Mila
A Mila é minha cachorrinha
Mila, Mila, Mila

A Mila é boazinha
Mila, Mila
Pois sua família é uma gracinha
Mila, Mila, Mila
Lhe deu amor desde pequenininha
Mila, Mila
Toda fera assim vai ser mansinha
Mila, Mila, Mila

Faixa 13: CADÊ O DOCE?

Samba da Bahia por um paulista, vejam só. A inspiração veio de uma amiga que no começo dos anos 2010 residiu por algum tempo com o filho na casa de outra, e ela me disse que comprava guloseimas e escondia pela casa mas seu filho e a amiga devam um jeito de encontrar e devorar... Em 2011 lancei uma demo deste samba no Soundcloud, além de cantá-lo em saraus, por sinal com muito sucesso (inclusive no evento de dez anos do Clube Caiubi de Compositores, registrado e lançado em DVD). E o final desta gravação dá uma ideia do que seria Bill Wyman tocando samba em 1964-66; confiram. Lancei no disco Dó, Ré, Mi, Fá... Sei Lá! em 2017 e remixei para este CD.

Ayrton: cavaquinho, guitarras, contrabaixo, vocal-solo e coro
Gi Vincenzi: percussão e vocal

CADÊ O DOCE?
Ayrton Mugnaini Jr.

Ô mãe, cadê o doce

Que você me prometeu?
Ô mãe, cadê o doce,
Esse doce que era meu?
Ô mãe, cadê o doce
Cadê, desapareceu?
Ô mãe, cadê o doce?
– Tua tia já comeu!


Tua tia é gulosa
É cada aperto que eu passo
Ela é gorda de maldade
Pra ocupar o meu espaço
E se eu comprar dez doces
Não vai ser uma surpresa
Ela vai comer os onze
Um dia ainda come a mesa


Ô mãe, cadê o doce
Que você me prometeu?
Ô mãe, cadê o doce,
Esse doce que era meu?
Ô mãe, cadê o doce
Cadê, desapareceu?
Ô mãe, cadê o doce?
– Tua tia já comeu!

Tua tia é gulosa
Toda hora ela teima
Qualquer coisa que faz sombra
Logo vira guloseima
Junta gula e egoísmo
Dá essa tia maluca
Nunca leve ela pro Rio
Que ela engole o Pão de Açúcar


Ô mãe, cadê o doce
Que você me prometeu?
Ô mãe, cadê o doce,
Esse doce que era meu?
Ô mãe, cadê o doce
Cadê, desapareceu?
Ô mãe, cadê o doce?
– Tua tia já comeu!

Faixa 14: ISTO É SAMBA

Primeira a ser gravada de meu ciclo de canções infanto-juvenis sobre ritmos e estilos musicais. Lançada no referido disco Um Conto Que Virou Canto de Thelma Chan, tem feito grande sucesso, regravada inclusive por meu amigo saxofonista e maestro capixaba Jovaldo Guimarães em 2002 em seu disco Ritmos Brasileiros. Para este CD acrescentei à gravação original cuíca e tamborim.


Coral “Poço” da escola O Poço do Visconde: vocal-solo
Rosa Amélia Figueiredo Silva: teclado
Thelmo Cruz: pandeiro
Thiago Chan: bateria
Ayrton: cuíca, tamborim e contrabaixo

E esta é a formação do "Poço" que gravou este disco:


André Fiorussi
André Lopez do Nascimento
Beatriz Carvalho Nogueira
Bruno Dowbor
Caio Tatamiya Rodrigues
Débora de Arruda C. P. Borba
Fernanda Santos Teixeira Mendes
Fernanda Todescan Cury
Fernando Reis Ballesteros Kreigne
Gabriela de Toledo Arruda
João Paulo de Brito Greco
José Bernardo da Cruz Torres
Julia Chaim Salles
Ligia de Assis Moura Teubl
Ligia Perigo
Ligia Rangel Filardo
Luiza Lemos Roland
Mariana de Camargo Ruggiro
Marina Galassi Soares
Matias Barbosa de A. L. Lisboa
Murilo Prestes C. P. Antunes
Raul Carvalho Nin Ferreira
Renato de Oliveira Barbaro
Thais Chang Waldman
Vania de Arruda Campos P. Borba
Vinicius de Castro Freitas
Vitoria Gabriela B. Pintaudi



ISTO É SAMBA
Ayrton Mugnaini Jr.

Música é bom
A toda hora
A gente canta e ri
Ou descansa e chora
Não quero ouvir só rock
O dia inteiro
De vez em quando é bom
Um som brasileiro

Samba, isto é samba
Um ritmo gostoso de dançar
Samba, isto é samba
Também é bom pra cantar e pra tocar

O samba foi criado
Na escravatura
Por negros que levavam
Uma vida dura
Quando não estavam
Trabalhando a muque
Pegavam seus tambores
E faziam batuque

Samba, isto é samba
Um ritmo gostoso de dançar
Samba, isto é samba
Também é bom pra cantar e pra tocar

O branco viu o negro
Fazendo samba
Resolveu mostrar
Que também é bamba
Pra fazer harmonia
Sobre a marcação
Trouxe o cavaquinho
E o violão

Samba, isto é samba
Um ritmo gostoso de dançar
Samba, isto é samba
Também é bom pra cantar e pra tocar

Faixa 15: BAILARINA PALHAÇA

Única composição instrumental de JDI e minha primeira obra de inspiração circense, composta logo que comecei a trabalhar em circo, em 2013. Lancei no disco Dó, Ré, Mi, Fá... Sei Lá! em 2017 e remixei para este CD.

Ayrton: guitarras, violão, teclados, contrabaixo e bateria

Faixa 16: ODE À MENINA BAUAUÁ

Menina era o nome e Bauauá o apelido de uma adorável vira-lata de estimação de meu filho Ivo; eu a chamada de Bauauá por causa de seu latido de alerta. Ivo compôs por volta dos três anos de idade uma cançãozinha para Menina; mais tarde percebi que a canção daria um belo samba-rock no estilo “Pilantragem” e desenvolvi o tema. Menina faleceu há poucos anos, e aqui vai nossa homenagem. E esta foi a estreia em disco de uma de minhas melhores bandas, Los Interesantes Hombres Sin Nombre, meu trio de rock e blues ao lado do guitarrista Marcos Mamuth e do baterista Carlinhos Machado. Outra que lancei no disco Dó, Ré, Mi, Fá... Sei Lá! em 2017 e remixei para este CD.

Ivo Tonso Mugnaini: vocal-solo
Ayrton: cavaquinho, contrabaixo, claves, pandeiro, vocal-solo e vocais
Marcos Mamuth: guitarra
Carlinhos Machado: bateria

ODE À MENINA BAUAUÁ
Ivo Tonso Mugnaini
Ayrton Mugnaini Jr.

Menina, Menina, Menina
Menina, Menina

Quem a conheceu sente saudade
Mas pelo menos teve a felicidade
Ela corria, ela latia, bauauauá
Mais amiga que a Menina não há!

Faixa 17: IRMÃO NÃO É IGUAL

Este cateretê é parte do ciclo Destrava-Orelha de fonoaudiologia gramatical de Vera Mendes em parceria comigo. E esta gravação é de 2006 com finalização em 2019.

Vera Mendes: vocal-solo
Ayrton: vocal, violão de seis cordas, violão de 12 cordas, cavaquinho, contrabaixo, guiro, agogô, chocalho e programação de bateria eletrônica

IRMÃO NÃO É IGUAL
Vera Mendes
Ayrton Mugnaini Jr.

Ouça bem, não faça confusão
Porque o B é irmão do P mas não é igual, não (2X)

Andei de barquinho no parquinho (4X)

Ouça bem , não faça confusão
Porque o T é irmão do D mas não é igual, não (2X)

Tente não ter dor de dente (4X)

Ouça bem, não faça confusão
Porque o “Gue” é irmão do Q mas não é igual, não (2X)

O galo deu uma bicada no meu calo (4X)

Ouça bem, não faça confusão
Porque o “Ne” é irmão do “Me” mas não é igual, não (2X)

Tomei uma xícara de nata no meio da mata (4X)

Ouça bem, não faça confusão
Porque o “Fe” é irmão do V mas não é igual, não (2X)

Os carros fizeram fila para entrar na vila (4X)

Ouça bem, não faça confusão,
Porque o C é irmão do Z mas não é igual, não (2X)

Minha rua tem cinco casas com teto de zinco (4X)

Ouça bem, não faça confusão
Porque o G é irmão do “Che” mas não é igual, não (2X)

Tem um pedaço de queijo em cima do seu queixo (4X)

Ouça bem, não faça confusão
Porque o “Lhe” é irmão do “Lê” mas não é igual, não (2X)

Lá vai a velha acender a vela (4X)

Ouça bem, não faça confusão
Porque o “re” é irmão do “le” mas não é igual, não (2X)

Vai, tia Vera, sopre e apague a vela (4X)

Ouça bem, não faça confusão
Porque o “RRe” é irmão do “re” mas não é igual, não (2X)

Aquele carro está muito caro (4X)

Ouça bem, não faça confusão
Ouça bem, não faça confusão
Ouça bem, não faça confusão
Ouça bem, não faça confusão...

Faixa 18: DADADÁ LELELÊ

Esta nasceu de uma das primeiras composições de Ivo, de logo antes de ele completar dois anos de idade, e foi lançada no meu disco Sine Quais-Quais-Quais Non em 2004, com título “Abertura” – sim, ela abriu aquele disco e está fechando este, embora, como eu disse no começo, seja intercambiável com “Manifesto Infantil”, que inicia este disco.


Ivo Tonso Mugnaini: vocal
Ayrton: vocal, violão, cavaquinho, contrabaixo, agogô e programação de bateria eletrônica

DADADÁ LELELÊ
Ivo Tonso Mugnaini
Ayrton Mugnaini Jr.

Dadadá, dadadá
Dadadá
Lelelê
Tum, tum, tum
Quais, quais, quais
Fazer música pra vocês é bom demais!

PS: Quero ver quem vai perceber as citações aos Paralamas do Sucesso, aos Trashmen, Pharrell Williams e Paulo Bagunça & A Tropa Maldita, rerrerre.