Monday, June 27, 2005

TOULS LES GARÇONS ET LES FILLES... QUI ONT BESOIN D'AIDE

A grande cantora e compositora Françoise Hardy, além de este ano ter lançado disco novo, engajou-se no projeto beneficente europeu 2005 - Plus De Excuses ("2005 - Chega De Desculpas"), para ajudar a ONU a atingir sua meta de reduzir a pobreza no mundo à metade até 2015. A campanha inclui um vídeo beneficente em duas versões, que você pode ver e copiar a partir dos links abaixo.

http://www.2005plusdexcuses.org/IMG/mov/spotBW__30_internet.mov
http://www.2005plusdexcuses.org/IMG/mov/spotBW_30_sms.mov

Mais informações sobre o projeto, inclusive adesões, estão em www.2005plusdeexcuses.org E se cuidarmos dos pobres como Françoise cuida de si mesma, o mundo estará salvo...

PEGANDO O ESPÍRITO DAS COISAS

Ontem assisti (começo bem bloguístico) Avenida Dropsie, peça teatral baseada no álbum de quadrinhos homônimo do grande Will Eisner, encenado pela Sutil Companhia de Teatro (com direito a locução de Gianfrancesco Guarnieri) e em cartaz no Teatro Popular do SESI-SP (Avenida Paulista, 1313) de quarta a domingo às 20h (ingressos a R$ 15, R$7 para comerciários e entrada franca aos domingos). Altamente recomendável; só não espere diversão escapista, o que não falta são pessoas e ruídos como britadeiras, metrô e pregadores religiosos típicos da grande cidade - e, literalmente e sem exagero, a Sutil Companhia é tão boa que até faz chover!
Esta coleção de esquetes em quadrinhos é recomendável não só fãs da ironia fina e traço tragicômico (também fielmente reproduzido pelos atores!) de Eisner, mas também por música popular norte-americana pré-rock - embora rock também seja bem-vindo, em trechos de rap e "Sad-Eyed Lady Of The Lowlands" de Bob Dylan). A canção mais recorrente é "My Blue Heaven", aquela de Walter Donaldson com letra de Richard Whiting, que aqui vai numa gravação diferente da usada na peça, mas de estilo e época semelhantes (por Vaughn Deleath, 1928), para vocês irem entrando no clima.

Vaughn Deleath - "My Blue Heaven"
http://s51.yousendit.com/d.aspx?id=1P5TB3ZT3IF8R10B43ISE1ON4L

Saturday, June 25, 2005

BREGA OU NÃO BREGA, MESTRE É SEMPRE MESTRE

“If I only knew/I was going to lose you/I wouldn’t have allowed my belongings/To get used to you…”

“I’m gonna take you out of this place/I’m gonna take you to stay with me/and no matter what other people might say…”

“Leave all that shame aside/'Cause none of that is of any value/Just because you’re a simple housemaid/This ain’t gonna change my love for you…”

“There is no such thing as happiness/In life there are only happy moments…”

Talvez alguém esteja perguntando: “Nossa, que poesia! Quem é? John Lennon? Ray Davies? Nick Drake? Richie James?” Agora, leiam em português e saibam que o autor (ou pelo menos intérprete) é ninguém menos que Odair José. E não venham me dizer “Nossa, cada coisa brega”!

Odair acaba de ganhar um disco-tributo, Eu Vou Tirar Você Desse Lugar, pela Allegro Discos, a sair em agosto. As gravações, todas inéditas (e em número bem maior que 14, outro ponto a favor), incluem “Uma Lágrima” com o Pato Fu, “Vou Contar De Um A Três” com o Volver, a faixa-título com Paulo Miklos (lembrando que alguns Titãs haviam composto “Baby” para ele e a dupla Xicotinho & Salto Alto gravarem) e “Eu, Você E A Praça” com Zeca Baleiro. Convém lembrar que o projeto é a sério no melhor sentido, o critério de seleção foi incluir gravações que não levassem Odair José ou o próprio "brega" na gozação, paródia ou brincadeira.

E daí que algumas músicas de Odair lembrem outras (compare, por exemplo, “Cadê Você” com “Morningside” de Neil Diamond” ou “Na Minha Opinião” com “Silver Moon” de Mike Nesmith)? John Lennon, para citar apenas um gênio do pop, transformou “You Can’t Catch Me” de Chuck Berry em “Come Together”, “Stewball” em “Happy Xmas”, “Don’t Worry Baby” dos Beach Boys em “Starting Over” e ninguém reclamou (exceto um ou outro editor original ranzinza ou empresário mais safado). E, como diz F. Scott Fitzgerald, a única definição possível de “gênio” é a habilidade de expressar o que se pensa.

Wednesday, June 22, 2005

NÃO CONTEM PARA NINGUÉM, MAS...

...a cantora Neusinha Ximenes, que alguns de vocês conhecem de meus cassetes e CDs (interpretando "A Primeira Última Vez" e "Lá Vai O Trem"), é a mesma Nina Ximenes classificada no Oitavo Prêmio Visa de Música Brasileira - Edição Vocal. É sempre bom lembrar o cronograma do festival, a se realizar sempre no Espaço Promon às 20h30, com ingressos gratuitos mas que devem ser retirados na bilheteria com uma hora de antecedência:

Dia 29/6 - Nanda Cavalcante, Yara de Mello, Kátia Freitas e Paulo Lara.

Dia 6/7: BR6, Dudu Salinas, Consuelo de Paula e Regina Machado.

Dia 13/7: Tininha Herlander, Yara de Mello, Simone Almeida e Márcia Lopes.

Dia 20/7: Vocalise, Cris Aflalo, Rubi e Ana Cascardo.

Dia 27/7: Ana Luiza, Luciana Coló, Nina Ximenes e Sérgio Santos.

Dia 06/08: Nós Quatro, Izabel Padovani, Luciana Alves e Daisy Cordeiro.

Maiores informações na página do Visa, www.premiovisa.com.br

POLÍTICA DE ÓTIMA VIZINHANÇA

Dois integrantes do Pato Fu, o guitarrista John e o compositor Rubinho Troll "Rubs", estão com um blog-solo de variedades as mais variadas possíveis, que merece ser conferido: 665 - O Vizinho Da Besta http://665ovizinhodabesta.blogspot.com/

Friday, June 17, 2005

AQUI SÓ O INSTRUMENTO É PEQUENO

Muita gente ainda deve se surpreender ao descobrir que ainda se faz música no Brasil e, ainda por cima, ainda se escreve sobre música no Brasil. (Entenda-se aqui os termos "escrever" e "música" em seus sentidos mais estritos). Música instrumental, então, vai muito além da comprensão de quem se restringe ao tum-tis-tum e às garrapatéias guitarrísticas de hoje em dia. Que o diga Marco Antonio Bernardo, que, além de pianista de primeira (uma das poucas pessoas de cuja amizade privo e que podem ser chamadas de "musicistas" até pelos mais exigentes), revela-se escritor à altura em seu segundo livro, Um Cavaquinho Na História, biografia do cavaquinhista Waldyr Azevedo que acaba de sair pela editora Vitale. (O primeiro livro de Bernardo é sobre outro mestre do choro, o clarinetista Nabor Pires Camargo.)

Wednesday, June 15, 2005

É HORA DE JOGUINHOS

Um de meus grupos de rock preferidos são os ingleses Yardbirds. Infelizmente, em 1966 o contrabaixista e produtor Paul Samwell-Smith caiu fora e eles se tornaram o tipo de artista que se vende e não encontra comprador: em 1966/7 resolveram adentrar pelo pop mais comercial, com um produtor especialista no assunto (Mickie Most), e entraram justamente em seu período de menor sucesso - Little Games, último LP lançado durante a vida do grupo (descontando a volta nos anos 2000, claro), nem foi lançado na Inglaterra. Mas vale a pena relembrar este disco, baixável (por pouco tempo, é lógico) aí em baixo (sem trocadilho). Seguem os detalhes.

Yardbirds - Little Games

Lançamento: Epic, julho de 1967

1. Little Games (P. Wainman/H. Spiro)
2. Smile On Me (Keith Relf/Jimmy Page/Jim McCarty/Chris Dreja)
3. White Summer (Jimmy Page)
4. Tinker, Tailor, Soldier, Sailor (Jimmy Page/Jim McCarty)
5. Glimpses (Keith Relf/Jimmy Page/Jim McCarty/Chris Dreja)
6. Drinking Muddy Water (Keith Relf/Jimmy Page/Jim McCarty/Chris Dreja)
7. No Excess Baggage (Roger Atkins/Greg D’Errico)
8. Stealing Stealing (Keith Relf/Jimmy Page/Jim McCarty/Chris Dreja)
9. Only The Black Rose (Keith Relf)
10. Little Soldier Boy (Keith Relf/Jimmy Page/Jim McCarty)

Faixas bônus de compactos e da edição inglesa do LP (1985)
11. Puzzles (Keith Relf/Jimmy Page/Jim McCarty/Chris Dreja)
12. I Reemmber The Night (Pirollo/Finizio)
13. Ha Ha Said The Clown (Tony Hazzard)
14. Ten Little Indians (Harry Nilsson)
15. Goodnight Sweet Josephine (Tony Hazzard)
16. Think About It (Keith Relf/Jimmy Page/Jim McCarty)

Muitos devem reconhecer "Think About It", talvez a melhor faixa de todo este lote, e regravada pelo Aerosmith.

Yardbirds – Little Games
http://s34.yousendit.com/d.aspx?id=3J3E3P33BA47X2XZRWAXZHN80Y

Por sinal, uma das faixas chama-se "Stealing Stealing". Compare-a com "Stealin' Stealin'", da Memphis Jug Band, lançada em setembro de 1928. Formação do grupo: Will Shade (vocal), Vol Stevens (violão), Ben Ramey (kazoo) e Jab Jones (garrafão). Com o tempo, Jimmy Page, último guitarrista-solo dos Yardbirds, tornaria-se quase tão famoso por façanhas como esta quanto como guitarista do Led Zeppelin.

Memphis Jug Band – Stealin’ Stealin’
http://s40.yousendit.com/d.aspx?id=0IZHW5HFWTY3P0BEE7TM7UEWQK

Monday, June 13, 2005

A EXISTÊNCIA DO JAZZ PRECEDE A ESSÊNCIA DO EXISTENCALISMO

Neste 21 de junho o filósofo Jean-Paul Sartre completaria cem anos. Não pude deixar de lembrar que sua obra tem sido bem aproveitada pela música popular em geral, como Caetano Veloso usando sua frase "nada no bolso ou nas mãos" em nada menos de duas músicas ("Alegria, Alegria" e "Superbacana") e Tim Buckley participando de uma encenação da peça Sem Saída. Além disso, o próprio Sartre permeia seu romance Náusea (publicado em 1938) com um clássico do jazz, "Some Of These Days" (a mesma cujo título foi parodiado por Aloysio de Oliveira para o LP Samba These Days - sim, em mim também doeu, ou, como diz aquele blues antigo, "it hurts me too" - do Bando da Lua). Não me lembro se Sartre cita algum intérprete em especial desta composição de Shelton Brooks e Jerry Vogel. De qualquer modo, a música foi regravada por Bing Crosby, Bobby Darin e muitos outros. E aqui vai a (talvez) primeira gravação, com Sophie Tucker, de 1911.

Sophie Tucker – "Some Of These Days"
http://s22.yousendit.com/d.aspx?id=0N1WWWJINUSC62F6T10WNR6H3H

Saturday, June 11, 2005

COMEÇANDO A ATACAR NO ATACADO

Aqui vão dois LPs de rock norte-americano dos anos 1970 que ouvi muito na época e hoje tenho o prazer de repassar: Synergy do trio Glass Harp e Bloodshot do sexteto J. Geils Band.

Glass Harp - Synergy

1. One Day At A Time (Phil Keaggy)
2. Never Is A Long Time (Dan Pecchio)
3. Just Always (John Sferra)
4. Special Friends (Phil Keaggy/Dan Pecchio/John Sferra)
5. Coming Home (John Sferra/Dan Pecchio)
6. Song Of Hope (Phil Keaggy)
7. Child Of The Universe (Dan Pecchio)
8. Mountains (Phil Keaggy)
9. The Answer (Phil Keaggy)
10. Dawn Of A New Day (Phil Keaggy/Dan Pecchio)

Formação: Phil Keaggy (guitarra), Dan Pecchio (contrabaixo) e John Sferra (bateria). Convidados: Ralph McDonald (percussão) e Mary Smith (vocal em "Just Always")
Produtor: Lewis Merenstein
Gravado nos Electric Lady Studios
Lançamento: MCA, 1971

Glass Harp – SYNERGY
http://sharebee.com/41c45495

J. Geils Band - Bloodshot
1.(Ain't Nothing But A) House Party
2. Make Up Your Mind
3. Back To Get Ya
4. Struttin' With My Baby
5. Don't Try To Hide It
6. Southside Shuffle
7. Hold Your Loving
8. Start All Over Again
9. Give It To Me

Formação; J. Geils (guitarra), Peter Wolf (vocal), Magic Dick (gaita), Seth Justman (teclados), Stephen Jo Bladd (bateria), Daniel Klein (contrabaixo). Convidado: Mike Hunt (saxofone em "Don't Try To Hide It").
Composições de Wolf & Justman, exceto "House Party" de Del Sharh e Joseph Thomas e "Hold Your Loving" de Titus Turner e Bernice Snelson
Produção: Bill Szymczyk
Lançamento: Atco, 1973

J. Geils Band - Bloodshot
http://s45.yousendit.com/d.aspx?id=1WORR2VU33EVF3BQLZ1S0A03WP_

Thursday, June 09, 2005

SE NÃO VIU NA TV, PODE VER NO PALCO

O Grupo TV Temas dedica-se a "reprises ao vivo na TV", executando temas de seriados antigos, jingles e quetais. Pode-se conferir a partir de 15 de junho, às 21h, no Teatro dos Quatro, no
Shopping da Gávea, segundo piso (info: 21 2274-9895). Espero que tenham se lembrado daquele maxixe do Miguel Gustavo para a TV Excelsior, alguém se lembra? "Não desligue, não/o defeito é nosso/estou fazendo o que posso/para endireitar a televisão..."

AQUI CADA MACACO QUEBRA MIL GALHOS

Ah, a grande Rosinha Monkees. Merece pelo menos um blog em tributo a ela. Enquanto isso, confira o blog dela própria, pode ir lá ver que eu espero: On The Road With Rosinha Monkees http://www.rmonkees.blog.uol.com.br/

Segue uma pequena homenagem, com versões dos Monkees gravadas na Hungria, la bella Itália e o Brasil na jovem guarda.

Vaclav Neckar – “Nikdy Nebusu San” (A Little Bit Me, A Little Bit You)http://s25.yousendit.com/d.aspx?id=2SVQ31EJU29Y812ELEKRMY7Z8T

Caterina Caselli – “Sono Bugiarda” (I`m A Believer)
http://s28.yousendit.com/d.aspx?id=2C1HL4Q7T74ER1ZENNVJO3Y2KM

Os Iguais – “Quando O Amor Bater Na Porta”http://s28.yousendit.com/d.aspx?id=22PK2CBXWWN302SM9GAXJWCN7H

Como nossa amiga é versada no idioma alemão, segue, diretamente do meu baú, uma versão do “Sonho De Amor” de Franz Liszt em ritmo de twist.

Charly Cotton – “Der Liebestraum Als Twist”http://s25.yousendit.com/d.aspx?id=0TK4KW73XVEVU13TJOKDG4ATST

E... eine grossen Kuss, Rosinha!

ESTE TEMPO QUE PASSOU, ESTA CAROLINA VIU

O Museu Afro Brasil (Parque Ibirapuera, portão 10, fone 11 5579-8542) terá, até 13 de julho exceto terças-feiras, uma exposição dedicada a Carolina Maria de Jesus, a famosa residente da favela do Canindé que escreveu o clássico livro Quarto De Despejo, sobre tais condições de vida. E estamos aqui para lembrar que, com o sucesso do livro, Carolina teve a oportunidade de se revelar cantora e compositora (pena que não chegou a trabalhar com Clementina de Jesus), lançando um LP pela RCA, do qual segue uma amostra, "Rá-Ré-Ri-Ró-Rua".

Carolina Maria de Jesus – "Rá-Ré-Ri-Ró-Rua"
http://s25.yousendit.com/d.aspx?id=2AZUIIATZ94PL279RN913FS2HC

Infelizmente, Clementina não soube administrar seu lucro de escritora e acabou voltando à vida na favela, onde faleceu em 1977. Dez anos antes, outro grande cronista do cotidiano, Adoniran Barbosa, compôs (em parceria com Marcos Cesar) "Carolina" em sua homenagem, gravada pelo grupo Sambaquatro.

Sambaquatro – "Carolina"
http://s23.yousendit.com/d.aspx?id=0UTH0J9XNYH3O1F716T7V4U9CE

Monday, June 06, 2005

"O HOMEM QUE SABIA DJAVANÊS"

Procuro evitar mensagens longas, mas considerei que esta vale a pena; agradeço ao remetente, Rodrigo Piva, neto do saudoso compositor Túlio Piva.

O Homem que sabia Djavanês
Rogério Ortega

Eu tinha chegado fazia pouco ao Rio de Janeiro e estava literalmente na miséria. Vivia fugindo de casa de pensão em casa de pensão, sem saber onde e como ganhar dinheiro. Até que um dia, lendo O Globo, deparei com este anúncio: "Precisa-se de um professor de djavanês".
A audição das músicas de Djavan sempre provocou em mim puro mal-estar físico. Mas, enfim, precisava de grana e decidi fazer o possível para vencê-lo. Naquela semana, fui a todos os barzinhos com música ao vivo da cidade. Perdi a conta de quantas vezes escutei "e o meu jardim da vida ressecou, morreu" ou "amar é um deserto e seus temores". Foram sete dias de tortura; contudo, saí deles com o djavanês na ponta da língua. Em vez de mandar meu currículo, achei que conviria visitar o endereço indicado no anúncio.
Era um tríplex de cobertura, decorado com muito dinheiro e mau gosto ainda maior, num dos bairros mais caros do Rio. Apresentei-me como professor de djavanês e, após ser submetido a inquérito pelos empregados, fui levado à presença do patrão, o doutor Albernaz. Ele me recebeu com um sorriso visivelmente irônico.
- Então o senhor é professor de djavanês, hein?
- Sim, sou. Formado em djavanês e com mestrado em beregüê. Tive dez com louvor na minha tese sobre a influência de Carlinhos Brown na obra de James Joyce.
A tese, obviamente, não existia, mas o doutor Albernaz pareceu acreditar na conversa.
- Então, só o senhor pode me ajudar. Ouça isto, por favor - e pôs nas minhas mãos uma coletânea do DJ Avan em CD.
Ao notar minha cara de ponto de interrogação, ele contou sua história:
- Pouco antes de morrer, meu pai me entregou esse CD e disse: 'Filho, tenho certeza de que DJ Avan canta coisas muito profundas, mas ouvi suas músicas durante anos e nunca consegui entender porra nenhuma. Só podem ser segredos iniciáticos transmitidos da maneira mais hermética possível. Descubra o significado e você obterá a chave da felicidade'.
O doutor Albernaz abriu o encarte do CD e me mostrou uma das letras:
- 'Obi, obi, obá. Que nem zen, czar. Shalom Jerusalém, z'oiseau'. O que é que significa isso?.
Eu estava tenso com a pergunta do doutor Albernaz. Tantas músicas do DJ Avan e o velho tinha de querer saber o que significava a letra de "Obi"? Desgraçado. Se ainda fosse aquela do "o amor que é azulzinho", mas era tarde. Ele tinha os olhos fixos em mim: queria respostas. Todo o sucesso da minha empreitada dependia de uma explicação convincente e imediata. De repente, uma idéia. Começo:
- Veja bem. 'Obi' é certamente uma referência a Obi-Wan Kenobi, o sábio de 'Guerra nas Estrelas' interpretado por sir Alec Guinness.'Obá', por sua vez, remete a 'Djobi Djobá', sucesso dos Gipsy Kings. DJ Avan buscou contrastar o lado luminoso e britânico da força com os mistérios nômades da alma cigana. A mesma tensão dialética pode serverificada no verso subseqüente, 'que nem zen, czar': a contemplação espiritual dos monges budistas e o poder absoluto dos czares. Perceba como tese e antítese se resolvem lindamente na síntese do verso seguinte: 'shalom Jerusalém' é a paz do espírito na divina cidade. É ela que faz a alma se elevar aos céus, como um pássaro ('z'oiseau').
Os olhos do doutor Albernaz se arregalaram enquanto eu falava. Dois segundos depois de eu terminar, ele gritou:
- Que maravilha! Sabia que havia algo de muito profundo nessa letra! O senhor é um gênio da hermenêutica, um mestre do djavanês!
Passei a tarde inventando explicações para todas as outras letras do CD - Açaí guardiã..., Kremlin-Berlim-pra-não-dizer-Tel-Aviv..., índio cara-pálida cara de índio... Citei Joyce, Pound, Oswald, Glauber, Zé Celso, Hélio Oiticica e Odair Cabeça de Poeta: name-dropping é comigo mesmo.
Daí por diante, minha ascensão social estava garantida. Eu era o único intelectual do país capaz de traduzir a transcendência da linguagem de DJ Avan. Tinha prestígio acadêmico e subsídio do Ministério da Cultura; gostosíssimas estudantes de lingüística rasgavam as roupas e se atiravam aos meus pés.
Mas troquei tudo por um violão, sandálias de couro cru e um penteado novo. Mudei até meu nome graças ao djavanês. Hoje me chamo Jorge Vercilo e sei que "nada vai me fazer desistir do amor"...

Saturday, June 04, 2005

ATRASADO MAS AINDA ATRAENTE

Meu livro A Jovem Chiquinha Gonzaga, da coleção Jovens Sem Fronteiras da Editora Nova Alexandria, iria sair em março último, mas achamos que valia a pena adiá-lo para que ficasse ainda melhor, e a nova data é agosto - ainda em tempo de lembrarmos que 2005 não só é o septuagésimo aniversário de nascimento de Elvis Presley e Luciano Pavarotti, mas também do falecimento de Chiquinha.

MAIS UM BUQUÊ DE MELODIAS

É sempre bom lembrar que minha intenção é justamente compartilhar minhas descobertas ao longo de quase cinco décadas de vida e quase outro tanto de pesquisas; não tenho usufruto financeiro algum por colocar no ar estas gravações. Mas se você, que ora me dá o prazer de sua companhia, for a (o) artista, herdeira (o) ou proprietária (o) de alguma destas obras e se sentir prejudicado de alguma forma, é só me pedir e retirarei o atalho.

Elvis Presley & Linda Ronstadt – "Love Me Tender"

Uma brincadeira charmosa feita pelo DJ norte-americano Ray Quinn em 1980. (Com agradecimentos a Marcelo Costa, da BEPS.)
http://s44.yousendit.com/d.aspx?id=056219GYDP43R3M41HVQTMDNKK

Jim Reeves - "Aura Lee"

Esta música lembra alguma coisa? Sim, é a canção da época da Guerra Civil norte-americana que serviu de base para "Love Me Tender". Quem canta é um dos maiores cantores country, o saudoso Jim Reeves.
http://s23.yousendit.com/d.aspx?id=1DTIAI5I7SK4428BYXJWJQSZE0

Harry Champion – "I’m Henery The Eighth"

A versão original (original mesmo, de 1911) do megasucesso dos Herman’s Hermits.
http://s44.yousendit.com/d.aspx?id=1AHTEN4KNZ78P3D7MRP7C5Y89C

The Stereos – "I Really Love You"

Na fase final de sua carreira-solo, George Harrison desenvolveu o dom de descobrir "oldies" obscuros e interessantes, como este de 1961. Curiosidade adicional: ete grupo de doo-wop foi o precursor de muitos, muitos e muitos grupos dos anos 1990 e 2000 que não podem viver sem se chamar Stereo-alguma-coisa (Stereolab, Stereo MCs, Apples In Stereo, Pretty In Stereo, Stereo Total e por aí vai e vai e vai).
http://s41.yousendit.com/d.aspx?id=1FE3ILS0RTYFY0MB61H6KU5CJI

Jorge Ben – "A Minha Menina"

Vocês já sabem que esta música foi um presente para o primeiro LP dos Mutantes. Pois esta é a primeira gravação feita pelo próprio autor, logo em seguida (também em 1968).
http://s23.yousendit.com/d.aspx?id=3TEA4M8280BPR1CISM0D9NS555

JUNHO LEMBRA SÃO JOÃO, SANTO ANTÔNIO... E SANTO ANDRÉ

A próxima feira de colecionadores de discos patrocinada pela Prefeitura de Santo André será realizada no sábado, dia 18 de junho (seria 25, mas anteciparam em uma semana), das 9 às 17h, no Teatro Municipal de Santo André (Praça IV Centenário, s.n.), com entrada franca. Convém lembrar que o evento limita-se "somente" a LPs, compactos e 78 RPM, livros e revistas - é que CDs e DVDs são fáceis de serem pirateados e a Prefeitura quer justamente evitar fomentar a pirataria.

TAMBÉM SOU FILHO DE DEUS E PORTANTO IRMÃO MAIS POBRE DE BILL GATES

Aqui vão alguns quase-sucessos de minha própria lavra.

Para começar, um xote moderno, "Conformática", lançado em 1992.

Ayrton Mugnaini Jr. – "Conformática"
http://s49.yousendit.com/d.aspx?id=05HV8EBRUE1PT1PX2VFUZUI5NZ

Segue-se "O Homem Da Minha Vida", a "Yesterday" do brega-cabeça, que lancei em 1984, regravada em 1986 pelo Língua de Trapo no LP Os 17 Big Golden Hits Superquentes Mais Vendidos No Momento (lamentavelmente não disponível) e mutilada em 2000 pelo Língua do Rock no CD 21 Anos Na Estrada (lamentavelmente disponível).

Ayrton Mugnaini Jr. – "O Homem Da Minha Vida"
http://s49.yousendit.com/d.aspx?id=1T1ZXUEA2BJW22HNX6ZEX158QC

"Esconde-Esconde" é um sambinha que é também uma das preferidas do Fernando Rosa, editor do altamente recomendável fanzine virtual Senhor F www.senhorf.com.br . Quem canta é Vera Mendes.

Ayrton Mugnaini Jr. – "Esconde-Esconde"
http://s49.yousendit.com/d.aspx?id=2CVCX70R3XMP12JCQJK49J64M7

Esta é daquelas que eu gostaria que fosse minha: "Crendices...", de Mário Albanese e Irvando Luiz, que regravei em meu CD mais recente, Sine Quais-Quais-Quais Non.

Ayrton Mugnaini Jr. – "Crendices..."
http://s12.yousendit.com/d.aspx?id=1ZHC8UW1P04B11J5KR8XGQULXM

Outra do disco Sine Quais-Quais-Quais Non, mas de minha própria autoria: a tragicômica "Música Também Enche Barriga".

Ayrton Mugnaini Jr. – "Música Também Enche Barriga"
http://s12.yousendit.com/d.aspx?id=2JZS7C583OJ4R1ZA702P7F8ZM1

Para terminar por enquanto, o country "Gorda", homenagem às mulheres que têm a "síndrome de Cursinho Etapa", ou seja, "mais de você em você mesma". Foi lançada em 1992 no meu LP A Coragem De Ayrton Mugnaini Jr. e teve uma excelente regravação do Magazine em seu disco Na Honestidade, que só não aconteceu porque a gravadora se recusou a tornar mais "gorda" a conta bancária das emissoras.

Ayrton Mugnaini Jr. – "Gorda"
http://s12.yousendit.com/d.aspx?id=2LBQGU6NWL66P1ELABP8OU85RT

Friday, June 03, 2005

ATENDENDO A PEDIDOS

Todos já sabem que Roberto Carlos gravou "A Volta", parceria sua com Erasmo Carlos lançada pelos Vips lá em 1966. Pois aqui vai uma versão em francês, também dos anos 1960.

Les Safaris – "Comment Ne Pas Penser À Toi"
http://s27.yousendit.com/d.aspx?id=1JXPLJGQLO4C70Y93D1A55AI5S

E esta é do grupo anglo-italiano The Rokes, "The Works Of Bartholomew", versão em inglês do original, "L'Opere Di bartolomeo", composição de Sergio Bardotti e Ruggero Cini.

The Rokes – "The Works Of Bartholomew"
http://s27.yousendit.com/d.aspx?id=26Y0EB9MQOSIL3O6G6UWHIMO74

MUITO BEM, MUITO BEM, BEM, BEM!

Uma singela homenagem ao palhaço Arrelia, falecido semana passada: "Fantasia De Toalha", parceria dele com J. Saccomani e Hercílio Consoni, sucesso no Carnaval de 1963.

Arrelia - Fantasia De Toalha
http://s27.yousendit.com/d.aspx?id=10OHE9FK9B9482K590X08B29EK

PROGRAMA ARRETADO

A Música Popular Brasileira com MPB maiúsculos ainda tem seus espaços no Brasil. Um deles é o programa Tão Brasil, produzido e apresentado pelo jornalista e pesquisador Assis Ângelo, e que estréia nesta quarta-feira, 8 de junho, às 20h, na AllTV, primeira emissora de televisão brasileira via internet.

Thursday, June 02, 2005

ESTE BLOG ESTÁ BEM CRESCIDINHO, ATÉ JÁ FALA

Acabo de descobrir a América - não a novela, claro, mas uma maneira de incluir arquivos sonoros, graças ao novo e bom YouSendIt. Seguem algumas amostras de meu acervo.
Convém lembrar que, por razão de direitos autorais, conexos e etc., estes links estarão disponíveis por pouco tempo - uma semana ou um certo número de downloads.

Anthony Perkins – "Quand Je Dors Pres De Toi"
O saudoso ator Anthony Perkins gravou pelo menos um compacto duplo cantando emf rancês, incluindo esta composição de Françoise Sagan do filme Aimez-Vous Brahms?.
http://s22.yousendit.com/d.aspx?id=0UJC9ZXWTZTCU0RDU9Z9HG3NFK

Acid Gallery – "Dance Round The Maypole"

Esta jóia de 1968 foi composta e produzida por Roy Wood, e é daquelas que deveriam ter sido sucesso mas não foram.
http://s22.yousendit.com/d.aspx?id=2I5BJKKRPOXPJ36TITW7NOA7HO

Tom Dissevelt - "Vibrations"

Esta gravação de c. 1960 é pioneira da música eletrônica de Kraftwerk, Jean-Jacques Perrey e quetais.
http://s22.yousendit.com/d.aspx?id=0JRDFFO96SZHE2IU9C2TY9PL1A

Demônios da Garoa – "Apesar De Você"

O grupo de música popular mais longevo da História universal fez esta bela gravação da música de Chico Buarque, mo mesmo ano de 1970.
http://s34.yousendit.com/d.aspx?id=3P1TQXQM14SFG096D0FJVWH2HM

The New Vaudeville Band – "Wait For Me Baby"

Típica raridade campeã de vendas, pérola escondida no lado-B do megasucesso "Winchester Cathedral"; a composição é do líder do grupo, Geoff Stephens. Júpiter Apple me disse há mais de dez anos que adorava esta gravação; pois bem, aqui está ela.

http://www.badongo.com/file/9818241

UMA REAL ENCICLOPÉDIA VIRTUAL

Que tal uma enciclopédia de vocalistas, bandas, orquestras, grupos vocais e afins que só existem em filmes e programas de TV? Pois existe, e atende pelo nome de Rocklopedia Fakebandica . Estão todos lá: Cotton Candy, Vince Everett, os Wonders, os Chipmunks (apesar do nome, a obra não inclui somente rock)... O livro está disponível por US$ 5 na Amazon; melhor ainda, tem uma versão na Internet a um clique de distância: http://www.fakebands.com/