VOS AMO, ESPAÑOLAS: SARITA MONTIEL E "LA VIOLETERA"
Em 8 de abril faleceu aos 85 anos a atriz e cantora espanhola
María Antonia Alejandra Vicenta Elpidia Isidora
Aurelia Esther Dolores Abad Fernández, bem mais conhecida como Sarita Montiel. De carreira longa e grande sucesso como símbolo do charme e sensualidade hispânicas, seu carro-chefe (pelo menos no Brasil) é a brejeira canção "La Violetera", composta por José Padilla (1889/1960, autor de outros clássicos da canção como "El Relicario" e "Valencia").
Neste blog já comentei que "La Violetera" tem, ao menos para meus ouvidos, um trecho da melodia ("cómpreme usted este ramito") parecido com outro de "Manolita" ("alza, alza, Manolita"), outro sucesso mundial de inspiração hispânica (embora composto por pessoa não espanhola, o francês Leo Daniderff) sobre o qual fiz uma pesquisa; esta eu apresentei aqui mesmo no blog, e agora chegou a vez de "La Violetera", que já havia se tornado clássico da canção popular mundial antes da interpretação de Sarita Montiel de 1958, inclusive num filme desse nome. Nem no cinema a canção era inédita, bastando lembrar o filme Luzes Da Cidade de Charlie Chaplin, de 1931 (com arranjo de Arthur Johnston).
Até onde sei a primeira gravação de "La Violetera" foi feita pela cantora espanhola Raquel Meller em 1918. Outras gravações que descobri incluem as da cantora Lucrezia Bori (1928), a francesa Emma Liebel (1924) um arranjo que defino como "tango-punk" gravado por Carlos Gardel em 1927, além das interpretações de Dalida, Gigliola Cinquetti, Connie Francis, Dinah Shore ("Who'll Buy My Violets"), Nana Mouskouri, Ângela Maria ("A Violeteira"), a polonesa Lucyna Szczepanska ("Kwieciarka"), Cauby Peixoto, o ator e humorista francês Dranem (a paródia "La Cacahuettera"), as xarás cantoras e atrizes xarás Maria Dolores Pradera e Maria Pillar Sevilha, a atriz e cantora espanhola dos anos 1960/70 Encarnita Polo e versões instrumentais pelas big bands de Tommy Dorsey ("Buy My Violets") e Ray Conniff, as orquestras de Stanley Black e Paul Mauriat, o grupo Borrah Minevitch and His Harmonica Rascals e o moderno grupo franco-argentino The Gotan Project. Tudo isso e mais pode ser conferido neste nosso primeiro "festival de 'La Violetera'", que dá para enfeitar uma bela "Avenida Ramalhete".
Uma curiosidade sobre a gravação de Tommy Dorsey, feita em 1937. Na era das Big Bands raramente os maestros faziam os arranjos eles mesmos, e "Buy My Violets" foi um destes casos. Dorsey idealizou as partes de cada instrumento e mostrou a Dick Jones, mais experiente como arranjador, que comentou "cada parte sozinha soa bonita, o problema é como todas soarão juntas". Pois bem, Dorsey foi em frente e, ao se ouvir o resultado, todo mundo, inclusive ele, quase rolou no chão de rir; Jones fez os ajustes necessários e recebeu metade do crédito como arranjador. Sim, Dorsey provou ser bom de vender violetas, desde que deixasse os arranjos florais a outros.
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