Tuesday, January 31, 2017

AUTO-REFERÊNCIA AQUI EU POSSO: RETROSPECTIVA 2016

2016 foi para mim um ano de tantas atividades produtivas que muitas prosseguiram 2017 adentro – além de outras que iniciei no novo ano (e que, sim, estarão em minha retrospectiva dele!) – , de modo que só agora tive tempo de vir apresentar esta minha retrospectiva anual (e percalços com a internet e meu computador a atrasaram mas não impediram).

Sim, 2016 foi um ano de mudanças de governo, mas sei que eu e outras pessoas estamos lutando para que as mudanças não tenham sido tão para pior assim. E sei que apresentar uma retrospectiva de um ano semanas após ele ter terminado pode soar no mínimo esquisito do ponto de vista do marquetingue, mas me parece bem mais lógico que fazer retrospectiva de  um ano antes de este acabar... Enfim, vocês já devem saber que sou o tipo de pessoa que segue sua própria  lógica. Bem, vamos ver o que pude fazer em 2016.

HIDRATANDO E CANTANDO E SEGUINDO A FUNÇÃO

Meus muitos projetos em dupla com a cantora, fonoaudióloga e esteticista Vera Mendes – parceria que em 2017 completa vinte anos – incluíram em 2016 um de estética facial aplicada à fonoaudiologia, com Verona dando as idéias e subsídios teóricos e práticos e eu fornecendo a parte musical. Um dos resultados pode ser conferido nesta ode à hidratação em ritmo de samba-choro.

E sou grande privilegiado, trabalhando com minhas queridas Verô e Verona. Minha parceria com a pesquisadora – e agora também cantora – Verônica Tamaoki seguiu firme, inclusive com o Sarau Café do Circo; até participamos da Virada Cultural de 2016.





O QUE HÁ DE NOVO E DE VELHO POR ESTAS BANDAS

O ser humano, especialmente a famosa classe média, odeia mudanças exceto se for para ficar tudo na mesma, daí termos ouvido em 2016 um festival de “volta da direita ao poder”, “volta da ditadura militar”, “volta do vinil” (que aliás nunca foi embora de vez), “volta da fita cassete” (idem)... Nem toda volta, porém, significa atraso de vida; há retornos e reciclagens oportunas e bem-vindas. Um óptimo exemplo é a volta do grupo Língua de Trapo irreverente e versátil como o conheci lá me 1980, e para o qual efetivamente voltei como compositor; em 2016 voltamos à berlinda (sim, posso novamente me referir ao Língua na primeira pessoa) com o disco O Último CD Da Terra, lançado pelo selo Genesis (da lendária editora Arlequim – adorei estar no elenco de uma empresa que tem algo, pelo menos no nome, a ver com o circo) e que pode ser adquirido fisicamente por aqui ou virtualmente por ali. Em 2016 o Língua fez belos shows no SESC-Pompeia; aqui vai um flagrante de minha participação. E pra vocês deixamos o nosso Circular 46, aquele assim, meio de lado...

(E, sim, eu e Laert Sarrumor, vocalista do Língua, continuamos firmes, ao lado de Alcione Sanna, no programa Rádio Matraca, todo sabadão às 17h na USP FM; por sinal, constatei em 2016 que a emissora estava sendo das mais ouvidas em táxis e espaços culturais, ao invés das tão decantadas Nova Rock Brasil FM e rádios-sucesso em gral.)



Outra banda em que toquei e que eu gostaria que voltasse para eu a ela voltar é a Peppermint, formada em 1997-8. Vejam só que primeira formação de arromba: Bogô e Raphael Villardi (guitarras), Suely Chagas e Suzy Leuba-Salum (vocais), Mug (contrabaixo) e Vicente Scopacasa (bateria). Esta e outras formações da banda (que durou até 2004) :estão bem documentadas no CD e no DVD intitulados Peppermint Light Old Rock’n’Roll, produzidos por Suzy e lançados numa tiragem bem limitada. Newton Bardauil, guitarrista que também tocou no Peppermint, está comigo na banda The Vintages, que fez alguns shows em 2016 na casa paulistana Tonton Jazz.

E o Trio Sem Nome, formado por mim ao lado do guitarrista Marcos Mamuth e do baterista Carlinhos Machado, descobriu a existência de um grupo xará e mudou para Los Interesantes Hombres Sin Nombre. Fizemos belas apresentações na casa The Pub, na Rua Augusta, e no Julinho Clube, e já começamos a gravar demos e o primeiro disco.

SARAU, SARAU, É MELHOR E NÃO FAZ MAL

Sempre digo que a era dos festivais de TV podem já ser História, apenas uma noite lá em 1967, mas agora estamos em plena era dos saraus, excelentes eventos para se divulgar nova música, poesia e literatura de forma informal (forma informal? Perdoem ou apreciem o contraste). Vamos em frente com os eventos do Clube Caiubi de Compositores e o já mencionado Sarau do Café do Circo (promovido pelo Centro de Memória do Circo, em Sampa), o Sarau da Maria (sim, na Vila Maria). e em 2016 passei a participar também de mais alguns de tão bons eventos, como o Sarau da Casa Amarela, mensalmente no bairro de São Miguel Paulista (do qual falarei mais daqui a pouco), e o Sarau Manuel Andrade, no Largo de Santa Cecília. Poetas, seresteiros, namorados, seresteiras e namoradas, correi, há outras Luas no Céu...

PRA SER POETA NEM FALTAVAM AS PENAS

Pois é, levei 14 anos para descobrir que eu era míope e mais de 50 para assumir que via tudo com olhos de poeta – e isto todo mundo que me conhece já sabia. E foi em 2016 que me lancei oficialmente como poeta publicado, graças a Deus e à Editora Matarazzo; tenho participado de quase todos os livros da série Poemas Contemporâneos da casa, desde o primeiro volume, lançado em março. A Matarazzo publica também livros de prosa e memorialismo, e tenho participado de muitos – tantos quanto o tempo e conhecimento de cada assunto me permitem – de seus lançamentos, como Vamos Falar Da Mooca?, Vamos Falar do Centro De São Paulo? e até Vamos Falar de Portugal?, país que ainda não conheço mas de que tenho descendência – sou resultado do encontro do italianíssimo clã Mugnaini com os Moreira, Teixeira e Leme (além do grego Tricta) – e que, piadas à parte, sempre admirei, nas pessoas e obras de pessoas como Camões, Pessoa, Amália e Ruy Veloso.

A Editora Matarazzo está aberta a pessoas poetas e escritoras em geral, e em 2016 tive a honra e prazer de apresentar à editora e indiretamente tirar do ineditismo em livro nada menos de cinco pessoas amigas:  Irene de Oliveira, João César Gagliardi (também compositor e cantor e de quem sou diretor musical), Lia Helena Gianecchini, Rosa Rocha (sim, cantora e compositora com que  me honro em trabalhar) e Sílvia Palaia (que, também honrosamente, eu já havia transformado em letrista ao musicar alguns de seus poemas).

E,no segundo semestre tive outra editora que lançou poemas meus em livro: a Futurama, na coletânea Emoções Poéticas 3. E a Futurama está para lançar edições atualizadas de meus livros da cultuada (e não só por mim) série Biblioteca Musical, começando pelos do Queen e de Raul Seixas; aguardem! Inclusive, este livro da Futurama teve evento de lançamento na Bienal do Livro de 2016, e estive lá. E a Editora Matarazzo fez um sarau na Casa das Rosas, em conjunto com o lançamento do belo livro Da Modinha Ao Sertão - Vida E Obra De Catulo Da Paixão Cearense, de Luiz Américo Lisboa Junior.

GO EAST, YOUNG AND OLD MEN AND WOMEN!

O transporte público paulistano já foi bem mais deficiente, tanto que qualquer local além da Paulista ou da Sé era periferia ou mesmo tão distante quanto o Acre ou a Lua. De modo que quando falo em São Miguel Paulista muita gente até pensa ser outra cidade. Mas este histórico bairro da Zona Leste está bem próximo, graças a boas linhas de ônibus e trem. Já há alguns anos tenho ido para lá como tradutor e intérprete de casamentos civis no cartório local, e agora m 2016 comecei a ir também como artista, participando do velho e bom Sarau da Casa Amarela, todo segundo domingo de cada mês, e ocasionalmente tocando no barzinho Encontros, quase todas as noites de quinta-feira.

DIR-TE-EI COM QUEM ANDO E DIGAS-ME QUE FELIZARDO SOU

Como sempre digo, arte é soma – uma versão mais pacifista da igualmente certa frase raulseixista “nunca se vence uma guerra lutando sozinho”. Pessoas com quem no ano de 2016 iniciei parcerias artísticas, ou com quem simplesmente toquei, incluem o gaitista e compositor Adriano Adiala, a cantora e jornalista Anete Santa Lúcia, a Banda Generosa (que me acolheu como seu contrabaixista), a grande cantora Claudya (com quem comecei a compor em parceria), a multiinstrumentista Cristina Costa, o compositor e cantor João Cesar Gagliardi, o poeta João Coradi Neto (de que,m me tornei parceiro ao musicar um de seus poemas em pleno sarau de lançamento do Poemas Contemporâneos), o percussionista Marcelo Luciano, o cantor Netinho (novo dono do bar Encontros em São Miguel Paulista), o casal Paulo Pires & Claudia Martins, a cantora Vania Maria Cavallini, neta do compositor Alberto Marino (no sarau da Editora Matarazzo na Casa das Rosas tive a honra de acompanhá-la ao violão na mais famosa obra do avô, a valsa "Rapaziada Do Brás") e três cantoras e compositoras de gêneros diferentes: Monica Cardoso (rock and roll), a já mencionada Rosa Rocha (samba e MPB em geral) e Sheila Cruz do Vale (MPB e blues – se o sobrenome parece familiar, há um bom motivo motivo: ela é irmã do guitarrista Palhinha Cruz do Vale, surgido nos anos 1980 e que mereceria ser mais famoso, e com quem inclusive tiquei em alguns shows no Julinho Clube).

Alguns locais que descobri em 2016 (além do citado The Pub, no número 580 da Rua Augusta) também merecem menção; O Gioia Caffé (Rua Frei Caneca, 1071. na Bela Vista) revelou-se muito bom para acolher os saraus da Editora Matarazzo. Toquei com Marcelo Luciano e o supracitado (gostaram? Coisa de tradutor juramentado) casal Paulo & Claudia em duas boas casas da Mooca, o aprazível barzinho Sprockets (Rua Padre Raposo, 969) e o belo restaurante C.C. Rider (Rua Jumana, 198). Vi alguns belos shows da cantora Claudya na Casa Ceci (Alameda Ceci, 1283, Moema - ou, se preferirem, Planalto Paulista) – com direito ao privilégio de dar uma canja após um deles. Mais informal e igualmente acolhedor é o Encontro Bar (Avenida Pires do Rio, 175A, em São Miguel Paulista), onde fiz algumas apresentações acompanhando Rosa Rocha e sozinho. (Sim, todos estes locais são “número 1” na qualidade, e isso até se reflete no começo dos endereços de alguns.)

MUGS FAZEM ACONTECER

Minha retrospectiva de 2017 falará de meu novo disco, que comecei a gravar em 2016 e pretendo lançar no meio do ano como parte das comemorações de meus anos 60 – sim, completo seis décadas de atividades neste ano. (E em 2017 o Clube Caiubi de Compositores, de cuja diretoria sou integrante, completa 15 anos de atividades, também a serem devidamente comemorados.)

E uma das melhores coisas dos shows do Língua no SESC-Pompeia foi a presença de meu filho Ivo na plateia em um deles; retribuí prestigiando-o em sua formatura do ensino fundamental no fim do ano.


1 Comments:

At 9:01 AM, Blogger Lia Helena Giannechini said...

Querido amigo Ayrton, sua retrospectiva comove pelo leque de coisas que você faz. Um dia eu te disse pessoalmente que você é meu herói e hoje reafirmo com todas as letras, ter você em todas essas matizes faz de mim uma pessoa melhor!!!!

 

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