Thursday, January 28, 2021
Não tem jeito: 2020 vai ficar na História como o ano da pandemia de coronavírus tão indelevelmente (falei bonito) quanto, por exemplo, 1914 é o ano da primeira guerra mundial e 1939 o da segunda. Eu e todas as outras pessoas de alguma sensatez tivemos, e estamos tendo, de seguir medidas de segurança como isolamento; no começo imaginei que teria de ficar me guardando para quando o carnaval voltar - mas logo percebi que continuei ativo, embora um pouco menos e com atividades um tanto diferentes.
Um tanto. Continuei lançando discos, e neste ano saíram dois: Da Sertório à Oratório, meu tributo aos Beatles a meu jeito, e Elemento Único, "disco de carreira", por sinal que quase todo de canções novas, incluindo algumas inspiradas na pandemia - e também um pouco de modernidade: uma versão trap de "Conceição", o megahit de Cauby (sim, composto por Dunga e Jair Amorim), num arranjo em dupla com Celso Zimbarg, meu enteado e filho de minha esposa Martha Maria Zimbarg (que, além de autora das capas de meus discos desde Sujeito Determinado, participa também cantando em ambos). E tive a honra e prazer de participar como contrabaixista do primeiro CD, lançada em 2020, da banda Gozi, liderada pelo compositor guitarrista Ozi Garofalo e sua esposa, a cantora Gisele Garofalo.
O ano dos dois vintes me deu oportunidade de explorar mais um admirável mundo que para mim ainda é meio novo: vídeos. Finalmente o mundo pôde ver "Amélia In the Sky", o mashup que fiz para o programa Rádio Matraca de "Ai, Que Saudades Da Amélia" de Ataulfo Alves e Mário Lago e "Lucy In The Sky With Diamonds" dos Beatles; o áudio deste mashup tem sido ouvido, com as devidas remixagens, na própria Rádio Matraca, e foi incluindo no CD Da Sertório À Oratório. Outros vídeos de que participei foram parte de um projeto iniciado por outro ilustre casal em comunhão total de melodias, formado pelo violonista e guitarrista Bráu Mendonça e pela tecladista e cantora Rosângela Alves; nós, ao lado do baterista Sandrinho Silva, constituímos uma "Wrecking Crew", turma de estúdio que toca e topa de tudo, inclusive aceitando encomendas de arranjos e acompanhamentos para pessoas compositoras em geral. Alguns exemplos do que fizemos em 2020 foram os vídeos de "Etc. E Tal" de Eliana Iglesias e Dionisio Moreno e Thaly Pimentel e "Do Asfalto Para O Mato E Do Mato Para O Mar" de Carlos Taricano. E com a quase total impossibilidade de shows em palcos, as "lives" e saraus virtuais têm sido uma boa alternativa. Fiz minha primeira live em 6 de novembro, pelo Facebook, e que pode ser vista aqui.
Tudo tem seu lado bom. Não havendo saraus presenciais, estas versões pelos Zooms e Streamyards da vida possibilitam a participação de quem está distante, inclusive em outros países; foi assim que fiz minha primeira presença na Feira de Livros e Autores Sorocabanos, a FLAUS. Outros saraus de cujas versões virtuais sempre participo incluem o Quartaquarta (comandado por Tato Fischer), o Toca do Autor (onde Alexandre Tarica e Regina Cell fazem uma dupla Bonner e Rosana bem melhorada) e o Bodega do Brasil (liderado pelos músicos e cordelistas Costa Senna e Cacá Lopes), além de eu exercer meu lado circense nos evntos do Centro de Memória do Circo.
Mas em 2020 participei de alguns eventos presenciais antes de começar oficialmente a pandemia e um depois. Antes, houve alguns dos saraus que mencionei acima e uma apresentação de meu belo trio de blues-rock Los Interesantes Hombres Sin Nombre, na cervejaria paulistana Zuraffa, com canja de nuestro hermano Kim Kehl. E o show que ajudou a enfrentar com prazer a pandemia foi o show comemorativo de quatro anos do sarau Toca do Autor, no venerável e resiliente Bar Brahma, em dezembro, que pode ser conferido aqui. Além do contrabaixo habitual, fiz uma rara aparição pública tocando bongô, com um detalhe que pode lembrar Lou Reed - sim, "blue mask".
A internet também me propiciou fazer vídeos de interpretações bem à minha moda de canções de artistas que admiro, como Captain Beefheart, Frank Zappa (com participação da matraqueira Alcione Sanna; confira aqui) e Arnaldo Baptista (num tributo-homenagem a ele; veja aqui).
Registrarei também que em 2020 comecei a tocar em duas bandas, a Brazuca do Bom, de samba-rock, e Old's Cool, do chamado "classic rock", mas a pandemia interrompeu toda atividade de ambas...
O que esta pandemia tem aprontado não está no gibi? Está, sim! O Covid-19 é o tema de alguns dos trabalhos inscritos no edital do Proac de 2020 para produção e publicação de histórias em quadrinhos no Estado de São Paulo, ramo em que tenho alguma experiência, desde quando trabalhei como tradutor e ocasionalmente roteirista ao lado de bambas como Drago e Franco de Rosa; fiz parte da comissão julgadora desta edição, e para mim só o pessoal colega do júri ter concordado comigo quanto a uma história que cita Adoniran Barbosa e o Língua de Trapo - Tempo Discos, de Rodrigo Febronio - já valeu ter participado. Fiz uma remontagem à la Editora Saber de uma amostra desta história; vejam abaixo.
Pois é, para um ano em que a Terra parou, até que não fiquei muito parado, e, na última citação por enquanto, durante o nevoeiro tocamos o barco devagar, com máscara e um verdadeiro nevoeiro de álcool gel. E já tenho alguma coisa para contar desde que começamos a fazer um 21! Virei contar aos poucos e em 2022, já que uma de minhas distinções é fazer retrospectivas completas, ou seja, eu espero o ano terminar para daí falar dele, sem pressa ou neura de publicar em novembro ou dezembro algo que, mesmo pronto, está na verdade incompleto...
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