AUTO-REFERÊNCIA AQUI EU POSSO: RETROSPECTIVA PESSOAL 2014
Realmente, uma boa hora para se iniciar uma
retrospectiva de 2014 é o anoitecer do primeiro dia de 2015, bem longe daquela
pressa de sair publicando retrospectiva quando novembro mal ou nem acabou. E precisei
de cinco dias para escrever, pois 2014 foi um ano bom e produtivo, geralmente
fazendo jus aos votos de “feliz ano novo” que ouvimos. Vejamos:
RETRATO DO ARTISTA QUANDO VELHO
Em dezembro de 1984, durante meu afastamento do
Língua de Trapo, lancei oficialmente minha carreira-solo, com a fita cassete Brega’s
Banquet; o quase-sucesso veio em 1985-6, com mais fitas (Brega Segundo Brega,
Sexo, Leite & Brega; O Melhor Que Péssimo De Ayrton Mugnaini Jr.) e composições
minhas em shows e/ou discos do Língua, O Espírito Da Coisa, Maria Angélica Não
Mora Mais Aqui e outros. Desde então faço ocasionais shows-solo,
preferencialmente com banda, e agora em 2014 fiz dois, um no sarau Sopa de
Letrinhas em agosto (aqui vai uma breve amostra em vídeo) e outro no Boa Breja (belo restaurante-bar-espaço-para-música-ao-vivo na Mooca, vale conhecer) em dezembro. Como se diz, só quem sabe
obedecer aprende a comandar, e após anos como “sideman” mereço ter momentos
como “band-leader” além de músico e arranjador. Em 2015 tem
mais.
Meus primeiros shows solo com banda foram lá em
1992, e a formação incluiu Kim Kehl na guitarra, Jovaldo Guimarães ao saxofone
e, à bateria, Serginho Gambale e, mais tarde, Vande Mano. A formação atual
inclui Marcos Mamuth na guitarra e Laércio Muniz na bateria (também integrante
da ARBanda). E novamente agi como o Sócrates filósofo “corruptor da juventude”: Mamuth, assim como Kehl,
chegou, graças a mim, a ir além do rock e blues onde se notabilizou e tocar
também samba, xote, valsa e outros ritmos e gêneros de que nem imaginava ser
capaz...
A VIDA SÃO VÁRIAS CANÇÕES CURTAS (pedindo licença a Ian Anderson)
De mim Chrissie Hynde não poderia reclamar em
2014. Para quem não entendeu: um diz Jim Kerr perguntou a ela “o quê tu
compuseste hoje?” e ela, pega de surpresa, respondeu “eu nada, por quê?” e ele
esclareceu “É que vi no teu passaporte ‘profissão: compositora’...” Pois bem,
eu, compositor de carteirinha da AMAR e membro da diretoria do Caiubi, compus
perto de 60 canções este ano, a maioria delas lançada na internet, em minha página
do Caiubi ou pelo Soundcloud, e algumas aparecerão em discos meus ou de outros
artistas, inclusive os próximos lançamentos de Vera Mendes e Soul Demetrio.
E minha amiga Fabiana Viana até se diverte ao
contar que tem 5 mil almas amigas no Facebook mas, tendo concorrido a deputada
federal, conseguiu apenas cerca de 1300 votos. Quero crer que alguns se devam a um jingle que fiz para ela...
"LIVROS ÀS MANCHEIAS" (INCLUINDO NOVA DUPLA DE ESCRITORES PAI E FILHO)
Como escritor, participei do livro 1973, O Ano
Que Reinventou A MPB, lançado no início de 2014 e que teve eventos por todo o
Brasil, inclusive na Livraria Cultura do Conjunto Nacional em Sampa, com várias
outras pessoas participantes do livro, radicadas ou não em Sampa, como Emilio
Pacheco, Marcelo Fróes, Mona Gadelha e Tavito.
E em 2014 realizei uma ambição de décadas,
graças a Deus e à editora Nova Alexandria: meu primeiro livro sobre nosso rock,
intitulado justamente Breve História Do Rock Brasileiro e mais uma façanha
relacionada ao Arquivo do Rock Brasileiro, projeto multimeios do qual sou o
curador. Em 2014 saíram muitos outros livros sobre o assunto, mas o meu foi um
dos poucos a focarem nas origens do gênero, inclusive quando “o rock ainda não
era rock”, ou seja, já existia, pelo menos em forma prototípica, antes de
receber esse nome – lá eu conto que até Carmen Miranda gravou um proto-rock, e
quem não concordar ou tiver curiosidade pode tirar a cisma aqui. Um dos eventos de
divulgação do livro foi uma participação (que pode ser conferida aqui) no
programa Em Cartaz, da TV Aberta, onde
aproveitei para acompanhar ao violão o apresentador Atílio Bari – o segundo
apresentador de televisão que transformei em cantor, tendo o primeiro sido
Heródoto Barbeiro, a quem acompanhei no cavaquinho quando ele me entrevistou
sobre Adoniran Barbosa há alguns anos.
Meu filho Ivo, também grande fã de leitura, tem
me acompanhado em todas as Bienais do Livro desde os oito anos de idade. E até
a Bienal do ano passado ele não pagava ingresso devido à idade; desta vez ele
não pagou por ter se tornado escritor! É que nesse meio tempo a escola em que
ele estudava fez um acordo com Ziraldo e ele liberou alguns de seus desenhos
para as crianças inventarem histórias baseadas neles, daí cada criança ganhava
um livro da história que criou, embora exemplar único. De modo que Ivo pode
dizer que se tornou escritor publicado antes de mim, eu comecei aos 35 anos e
ele aos dez... (E Mug pai e filho estivemos também ao evento anual Anime
Friends, como em todos os anos.)
Continuei pesquisando e garimpando música popular; projetos meus em andamento incluem livros sobre música brasileira e circo, rock brasileiro e religião e rock brasileiro gravado por artistas não do rock até 1965; um de meus achados foi este LP do saudoso roqueiro capixaba Aprigio Lyrio.
E aqui vai uma imagem de quando dois fãs da música dos Rolling Stones se encontram, no caso Ayrton "Richards" (apelido de quando voltei a morar em Sampa em 1978) e Mauricio "Watts", numa das lojas da rede do famoso Manoel Jorge Dias (aquele que só perde para Zero Freitas em quantidade de LPs amealhados).
O PERSEGUIDOR IMPLACÁVEL
Em 2014 tive a honra de tocar pela primeira vez com pessoas que admiro há tempos, como Fábio Stella, Gereba, Gerson Conrad e Pedro Lua, acompanhando os três primeiros ao contrabaixo e o quarto ao cajón – por sinal, a primeira vez em que toquei tal instrumento num show inteiro. Igualmente histórica (ao menos para mim, claro) foi minha canja numa jam comandada por Kim Kehl, em que dividi a cena com Luiz Domingues – sim, o “ex-Tigueis” de grupos como Língua de Trapo e Chave do Sol; eu e Domingues fizemos parte do Língua em momentos diferentes e fomos nos reunir num palco agora, nesta jam que citei no espaço Magnólia; aí está uma pose, sei que o evento foi filmado e quero rever!
Os outros encontros que acima mencionei deram-se no velho e bom Julinho Clube (passe lá: Rua Mourato Coelho, 585, meio Pinheiros, meio Vila Madalena), onde sempre estou com o Clube Caiubi de Compositores, nos saraus de segunda-feira e no evento bimestral Sopa de Letrinhas, e onde tive também o prazer de tocar com o próprio Julinho Camargo (proprietário do Julinho Clube), o guitarrista Palhinha Cruz do Vale e os bateristas Paulinho Andrade e Véio Drumis, além das pessoas companheiras de sempre, incluindo Aika Shimada, Alvaro Cueva, Bia Clamente, Bráu Mendonça, Célia Demezio, Cris Gambale, Di Melo, Ibis Maceioh, Kana de Brasil, Márcio Policastro, Marcos Mamuth, Nando Távora, Ozi Stafuzza, Raquel Martins, Renata Pizi, Sonekka, Suzzy Mellody. Tato Fischer e Vlado Lima. Sem falar na “invasão caiubista” no clube literário Hussardos, quando o letrista e meu parceiro Léo Nogueira lançou seu primeiro romance, Filho Da Preta, e convidou a caiubada para a parte musical; lá fomos eu e uma turma que incluiu boa parte das pessoas citadas acima e Adolar Marin, Daniel & Lu, Elio Camalle (radicado na França e de passagem pelo Brasil), Fernando Cavalieri e Kleber Albuquerque.
Tive também o prazer de tocar em outros locais além do Caiubi e eventos parentes ou amigos como o Sarau da Maria (realizado no bairro de Vila Maria) e O Autor na Praça. Além de tocar pela primeira vez neste milênio com o velho amigo, irmão e parceiro Kim Kehl, na jam de blues que citei acima, foi igualmente bom voltar a gravar com o velho e bom Trinkão, no novo disco do amigo Demetrio, a sair em 2015. Outra pessoa amiga, irmã e parceira que reapareceu foi a cantora e multi-instrumentista Edria Barbieri, com quem participei de um show do projeto O Autor Na Praça em homenagem a Elis Regina – Edria me confiou a missão de conseguir uma aproximação da linha de baixo de Luizão Maia em “Conversando No Bar”, e consegui.
Outro belo reencontro foi com a amiga e cantora Graziela Sanchez e seu mano Rodrigo num sarau de samba e choro semanal num bar na esquina da Fortunato com a Frederico Abranches, perto do Largo de Santa Cecília.
Além do cajón, mostrei minha veia de percussionista em minha primeira participação no Bloco Da Mata Que Resta, bloco carnavalesco de rua que se reúne todos os anos em Cotia; participei junto com meu filho e a mãe dele, que moram na região. Nesta foto não estou muito difícil de se ver, com direito a coroa de rei providenciada por meu filho - que aparece mais para o meio da foto, de roupa preta, com a mãe, de camiseta branca. (Uma opinião interessante e abalizada sobre esta foto veio da amiga e colega do Caiubi Hilda Borges, emérita percussionista de maracatu: "Sua intimidade com a caixa é 'amazing', 'astonishing'!"
Participei também de eventos promovidos pelo Centro de Memória do Circo, onde, ao violão, toquei pela primeira vez com a acordeonista Lívia Mattos, o cantor de boleros argentino radicado no Brasil Turibio Fortes (!muy bueno!) e, vejam só, a coordenadora de tais eventos, Verônica Tamaoki, que cantou um pedacinho de “O Circo” de Sidney Miller (“vai, vai, vai começar a brincadeira”) e mostrou muito potencial como cantora.
Outra honra foi participar de um evento promovido pela Associação Comercial de São Paulo, a convite de André Furkin e da já quase famosa Vera Mendes, a quem acompanhei; um instante desse momento está na foto abaixo. Nesse mesmo evento dei uma canja com a cantora Rubi Lins, acompanhando-a em “Ando Meio Desligado” – essa Mauricio Ruella perdeu, rerrê.
Lembrarei também BigNel Manoel Corrêa, agora morando em Olinda e que em 2014 acompanhei num de seus raros shows em Sampa. E, além da honra de colaborar com o Conjunto João Rubinato na pesquisa e resgate da obra de Adoniran Barbosa, produzi algumas de suas gravações – nada menos que as primeiras do grupo! – e ainda participei de uma de suas apresentações (foi no belo Espaço Cachuêra, no bairro das Perdizes - ficou parecendo verso de Adoniran), “intruso bem-vindo” ao contrabaixo elétrico e também num divertido debate sobre o Bardo do Bixiga com Sergio Rubinato, sobrinho de Adoniran e assessor em muitos de seus shows, e Celso de Campos Jr., autor de Adoniran, Uma Biografia, livro que faz uma bela dupla com meu Adoniran: Dá Licença De Contar.
Não esquecerei de registrar um show da ARBanda, a banda do Arquivo do Rock Brasileiro (e que lidero além do quase famoso TONQ e minha carreira-solo), no lançamento do já citado livro, Breve História Do Rock Brasileiro.
Por falar em rock brasileiro, neste milênio tenho aparecido por aí tocando principalmente violão e contrabaixo (usando meu cavaquinho “walkman” dos anos 1990 somente em gravações), mas em 2014 voltei ao instrumento com que comecei a tocar em bandas: guitarra-base, num belo show de anos 1960/1970 que reuniu nada menos que metade da lendária banda The Beatniks: o guitarrista-solo Bogô (com quem tenho tocado em outros grupos desde os anos 1980) e o contrabaixista Cláudio Morgado, além da cantora Cecilia Ramadas, o cantor José Gaspar Ramos e o baterista Batata da Vila Mariana (que conheci em seu estúdio quando fui visitar um ensaio de Tom Zé nos anos 1980 e com quem eu mal sabia que iria tocar numa festa no milênio seguinte).
FALA QUE ALGUÉM TE ESCUTA
Sim, este ano teve para mim uma relativa novidade. Famoso por muita coisa boa exceto falar em público, fui convidado a participar de alguns debates-palestras, “desafios”que encarei falando o mais pausadamente que me foi possível, e me saí bem. Tais eventos incluíram dois debates sobre rock brasileiro na Faculdade Belas Artes, ao lado de (ver foto abaixo) Guilherme Bryan, Silvio Essinger, Regina Echeverria e o mencionado Gerson Conrad, além de Toni C. e Alex Antunes; o debate sobre Adoniran que mencionei mais acima; e uma palestra sobre música e circo, junto à também mencionada Verônica Tamaoki, no Centro de Memória do Circo.
Tem mais: em 2013 eu, também poeta, já havia feito minha “estréia mundial” como recitador, nos saraus Poemas À Flor Da Pele e o Sopa de Letrinhas do Caiubi, mas sempre paralelamente às funções de compositor e músico; agora em 2014 compareci apenas como poeta num dos saraus da Casa das Rosas, além de recitar mais alguns versos no Caiubi de sempre.
Em 2014 falei também por intermédio de gravatas berrantes. Sim, no meio do ano iniciei uma segunda fase engravatada (a primeira foi nos anos 1990), numa brincadeira-a-sério que parece estar fazendo sucesso – e nunca pensei que um dia eu iria arrematar tantas gravatas e camisas sociais quanto discos e livros numa mesma compra de brechó...
COMO É QUE É O NEGÓCIO?
Desde já esquentando as turbinas e microfones
para as comemorações de seu trigésimo aniversário agora em 2015, o Rádio
Matraca (programa de humor, música e informação produzido e apresentado por
mim, Laert Sarrumor e Alcione Sanna, todo sábado às 17h na USP FM, 93,7 MHz ou na internet, para quem
ainda não sabia) recebeu em 2014 personalidades convidadas ilustres como Fábio
Stella (na foto abaixo), o já mencionado Guilherme Bryan (co-autor de Teletema, primeiro e belo livro sobre as trilhas musicais das
telenovelas brasílicas), Pedro Mariano, Anelis Assumpção e a banda Cracker
Blues, além de apresentar programas especiais sobre artistas que merecem a
melhor atenção como Carole King, Sergio Endrigo, Victor Young e temas como os
palhaços cantores brasileiros e os 50 anos da canção “O Calhambeque”.
VITROLA, MINHA VITROLA
Em 2014 conheci algums/algumas artistas novas
para mim, como as cantoras Anelis Assumpção, Cecilia Arellano e Ilana Volcov e
o rapper Gaspar Z’África Brasil, além de receber uma bela pilha de discos
independentes. Quem disse que a música brasileira acabou ou se resume só ao que
toca nas grandes emissoras de rádio e TV? E recebi tantos discos independentes
bons desse ano que resolvi fazer algumas micro-resenhas neste blog. Os nomes,
além dos citados, incluem Givly Simons, Ligiana Costa, Luciana d’Ávila, Os
Marchistas, Marlene Souza Lima, Meno Del Picchia, Novanguarda, Pedrão Neto,
Pitomba, Rodrigo Bragança, Os Sertões e Trio Improvisado, além de celebridades
veteranaças como os mencionados Gereba e Guca Domenico,
Leticia Coura e Tavito. E não tem problema se um ou outro destes CDs saiu até dois ou três anos antes, pois, como sempre digo, nunca é tarde para independentes. (Mas bem que a maioria dos e das artistas poderia ajudar um pouco mencionando data de lançamento, ou pelo menos gravação, nos CDs e/ou embalagens...)
CANÇÕES DE ETERNAS DESPEDIDAS
Em 2014 a Parca se serviu sem moderação; as
baixas musicais incluem Bobby Womack, Charlie Haden, Don Everly, Ian McLagan,
Jack Bruce, Joe Cocker, Johnny Winter, Manitas de Plata, Paco De Lucia, Pete
Seeger, Riz Ortolani, Roy Cicala e, no Brasil, Clemilda, Dino Franco, Hélcio Milito, Jair
Rodrigues, Marcio dos Vips, Marly Marley, Miltinho, Nelson Ned, Nonato Buzar e Vange Leonel. E
houve perdas que senti mais por estarem mais perto: o tradutor Frank Barbosa (nosso querido "Frank, Mr. Shank"), o guitarrista Hélcio Aguirra (mestre do hard rock e integrante das bandas Golpe de Estado e Harppia), o radialista, guitarrista e compositor Lizoel Costa (primeira baixa do Língua de Trapo), a cantora, compositora e
jornalista Lúcia Helena Corrêa (de cuja banda fui integrante e cujo único disco
saiu em 2013), o cantor e compositor Madan (um dos precursores do que se
tornaria o Clube Caiubi) e o artista plástico e compositor Roberto Campadello
(nos anos 1980 e 1990 proprietário do Espaço Persona, onde trabalhei como
músico, produtor e professor de violão, enfim, praticamente morei lá durante
cinco anos).
Pena foi também a vida curta do bar Confraria, bela tentativa de ser um Caiubi moocano mas que mal teve tempo de acolher pessoas como eu e Tato Fischer em shows e canjas; segue abaixo um flagrante, ao lado de Silvio Zuccolato e Juliano Mendes (um deles com meu famoso contrabaixo "Pingo").
Lembremos ainda o lamentável e desnecessário fechamento do Orkut, cuja praticidade de armazenamento e pesquisa está longe de ser igualada pelo Facebook - menos mal que eu participe de bons grupos facebookianos como Empoeirados Do Rock e Brazil By Music.
...E ADEUS, ANO ETERNO
Mas, tirando esse último item, 2014 foi, como
dizia Rod McKuen via Sinatra, um ano muito bom, e meu único motivo de queixa
quanto ao número 14 é o limite de faixas nos CDs que muitas grandes gravadoras
brasileiras ainda insistem em praticar... E vamos lá, que este ano Quinze seja
de fazer honra a Raquel de Queiroz!
(Sim, tudo isso aconteceu em Sampa, em 2014 fui mais "árvore" do que nunca e não saí da Grande São Paulo, mas este ano pretendo viajar mais fora de casa, já estou pronto com violão e mochila cheia de gravatas.)
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