Estou atualizando meu livro sobre John Lennon
para reedição até o final do ano, e descobri que houve uma briga (ou, como
dizem as pessoas jovens, uma treta) entre ele e o artista pop estadunidense
Todd Rundgren. Esta briga tem sido transcrita pela internet afora em todo o
mundo, e notei um detalhe que, até onde vi, ninguém mais notou. Num dado momento
Lennon diz a Rundgren: “Remember
that time you came in with Wolfman Jack?” (“Lembra de quando você veio com Wolfman
Jack?”) Nenhuma transcrição deste trecho parece ter percebido que o ex-Beatle estava
se referindo a um sucesso do ex-Nazz, “Wolfman Jack”, tributo ao grande DJ estadunidense
e faixa do mítico álbum duplo Something/Anything de Rundgren (já pensaram num
álbum de John & Todd em dupla intitulado Something In New York City ou
Nazzy Cats? E terá o álbum de Todd sido inspiração para a dupla Joia/Qualquer Coisa
de Caetano Veloso?). Pensei então em elaborar um tributo-relâmpago ao DJ com
algumas curiosidades que não vi publicadas na internet ou mesmo em papel.
“Wolfman Jack” de
Todd Rundgren foi lançada em compacto simples nos EUA nada menos de duas vezes –
e com uma surpresa, talvez involuntária, provando que fora do Brasil gravadoras
também erram. Explicarei. O primeiro lançamento foi em julho de 1972, como
lado-B de outra faixa do álbum Something/Anything?, o clássico do power-pop “Couldn’t
I Just Tell You”. E o segundo foi em dezembro de 1974, desta vez como lado-A (tendo
como acoplo “Breathless”, única faixa instrumental de S/A?), mas com um detalhe:
esta segunda edição traz o belo brinde da participação de Wolfman Jack em
pessoa! Só que a gravadora se esqueceu de dar-lhe o crédito...
Tive tamanha
surpresa ao conhecer a edição brasileira (sim, há uma) deste disco.
A primeira edição
em CD do álbum Something/Anything? saiu em 1990 pela Rhino e é muito boa, mas não
inclui faixa bônus alguma, e haveria muitas, como esta versão de “Wolfman Jack”
com o próprio e alguns jingles e spots promocionais do álbum. Mas em 1999 a
Rhino lançou uma edição de luxo incluindo estas faixas e muito mais! Confiram
aqui.
O próprio Wolfman
Jack gravou vários discos como intérprete e DJ, incluindo um raro compacto
promovido pela Força Aérea dos EUA por volta de 1975, que pode ser ouvido aqui.
Foi no começo
dos anos 1970 que Wolfman Jack foi descoberto pelo grande público, tornado-se figura
midiática (palavra que acho terrível), aparecendo em filmes de sucesso como
American Graffiti e homenageado em canções como a citada de Todd Rundgren e
outras de artistas como Grateful Dead (“Ramble On Rose”) e The Guess Who (“Clap
For The Wolfman”). Nosso DJ Big Boy está para Wolfman Jack assim como George Harrison
está para Carl Perkins, Keith Richards para Chuck Berry, Chico Buarque para
Noel Rosa, e fez uma bela homenagem ao colega estadunidense em seu LP The Big
Boy Show (RCA, 1974), ao apresentar uma outra homenagem não-ianque, a citada “Clap
For The Wolfman” da banda canadense Guess Who. Confiram aqui.
Big Boy não foi
a única pessoa no Brasil a homenagear Wolfman Jack – mas foi certamente a menos
sacana. Explicarei de novo. Em 1974 a Odeon lançou dois LPs de “covers
fantasmas”, ou seja, por artista(s) anônimo(s), de sucessos do momento: No Mundo
Das Novelas e Maneiríssimo, cujas capas são estas.
Cada faixa destes discos é
creditada a um ou uma artista com nome estrangeiro, obviamente apenas nome de
fantasia – temos até um “T. Bell” querendo ser confundido com o compositor de “Philly
soul” Thom Bell, autor de algumas composições destes discos, e um “Derek” que
não é o do hit “Cinnamon” e muito menos o dos Dominos, além de um “Wolfman Jack”
que não é aquele... Confiram abaixo detalhes das contracapas e um dos selos. As duas faixas deste Wolfman Jack estão neste arquivo aqui.
Parabéns Ayrton....realmente eu não tinha noção do seu atlento....estou como dizem os jovens "Babando"....
ReplyDeletethe fevers sob pseudonimo
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