SLADE: NÓIS É NOIZE
Atendendo a vários pedidos - não meus, e sim de pessoas fãs de rock dos anos 1970 - , trago para cá uma matéria que escrevi na revista Metal Massacre em 2001 (vale lembrar que o editor era o emérito René Ferri) sobre a banda inglesa Slade, uma de minhas preferidas desde então até hoje.
Não atualizei o texto, mas o "remasterizei" e "remixei" corrigindo alguns errinhos.
Como fundo musical, e para mais curiosidade, não incluí gravações originais do Slade, em catálogo em lojas físicas ou virtuais, mas sim uma coletaneazinha de regravações raras e curiosas, a maioria "covers" fantasmas do tipo Top Of The Pops (quase sempre muito bem feitas, exceto detalhes como a guitarra em "Gudbuy T'Jane" e o vocal em "Take Me Bak'Ome"), e até uma versão brasileira.
(Ah, sim: o Slade marca presença em minha pesquisa sobre música e circo graças à capa do álbum Nobody's Fools.)
SLADE
por Ayrton Mugnaini Jr.
Um dia, se me deixarem, lanço um
livro sobre todos os artistas de que gosto desde a juventude, pouco me
importando se o mundo em volta os odiasse. Por enquanto, graças a Deus e à Metal Massacre, vou apresentando tal
livro em doses homeopáticas, um ou dois artistas por número da revista. E
quantos discordarão de que o Slade havia de ser um dos primeiros?
Na época de maior sucesso do
Slade, a primeira metade dos anos 1970, ele parecia ser apenas mais um expoente
do “glam-rock”, uma evolução do bubblegum, com ritmos pulsantes, guitarras
altas e distorcidas e melodias pegajosas, estilo este que fez a glória de
artistas como Suzi Quatro, Gary Glitter, Mud, Sweet e os mais sofisticados
David Bowie, Roxy Music e Mott The Hoople. Mas o velho e bom distanciamento
histórico nos permite ver e ouvir que o Slade não só foi um dos melhores grupos
dos anos 1970, como também dos mais influentes. Basta prestar atenção e, como
diz o próprio Slade, sentir o barulho: ouça “We’ll Bring The House Down” para
ver de onde o Kiss tirou o “ê-ê-ê-ê, êêêê!” de “I Love It Loud”, e imagine como
seriam as carreiras de Bon Jovi, David “Whitesnake” Coverdale e outros mestres
da balada pesada se o Slade não houvesse gravado “Everyday”, “She Did It To
Me”, “My Oh My”... Sem falar no Quiet Riot, cujos dois maiores hits foram
justamente “Cum On Feel The Noize” e “Mama Weer All Crazee Now”, covers você já
sabe de qual banda. E quem disse que o Oasis é um Beatles frustrado? É também
um Slade frustrado, já que gravaram “Cum On Feel The Noize” e Noel Gallagher
acaba de regravar “Merry Xmas Everybody” (hino natalino roqueiro que rivaliza
com “Happy Xmas” de John Lennon). De fato, muito antes do Sonic Youth e outros
se tornarem populares com o rótulo “noise”, o Slade já cantava “come on feel
the noize” – com “z”, para soar ainda mais “errado”, informal, e barulhento
Por falar em Beatles, o Slade foi
louvado como o Beatles dos anos 1970, por vários bons motivos: mesma formação
instrumental (duas guitarras sem muito virtuosimo mas bem arranjadas,
contrabaixo virtuosístico e bateria simples e segura), compunham quase todos
seu próprio repertório e seus raros covers soavam tão pessoais que pareciam
músicas próprias (como, por sinal, todo bom cover que se preze, na minha
opinião) – dois exemplos são “Hear Me Calling” do Ten Years After (o próprio
Alvin Lee agradeceu ao grupo pela pequena montanha em direitos autorais que a
regravação no álbum Slade Alive! lhe
rendeu) e “Move Over” de Janis Joplin (pelo menos em minha opinião ficou bem
melhor com o Slade, já que a Full Tilt Boogie Band tocava muito bem, mas com
pouca garra). Mais exatamente, o Slade lembra não os Beatles comportadinhos de
“I Want To Hold Your Hand” e “Yesterday”, mas os Beatles barulhentos e
descompromissados do “Álbum Branco” (disco que voltará muitas vezes à nossa
conversa). O próprio John Lennon era fã do grupo, não obstante o que a imprensa
brasílica noticiou na época. Em seu primeiro LP (ainda com o nome Ambrose
Slade), o Slade regravou “Martha My Dear”, do (olha ele aí) “Álbum Branco”. E,
tal como Lennon, Jim Lea, contrabaixista, principal compositor, líder e
arranjador do Slade, é mestre do plágio inspirado. Um exemplo é “Take Me
Bak’Ome”, um dos primeiros hits do Slade, admitido pelo próprio Jim Lea:
“Afanei um trecho ou dois de ‘Everybody’s Got Something To Hide’ [do “Álbum
Branco”, estão vendo só] e ninguém percebeu”. (Por sinal, nenhum artista está
imune a semelhanças e “coincidências; ainda no caso do Slade, compare, por
exemplo, “Everyday” e “Disney Girls (1957)”, sucesso dos Beach Boys, e “I’m
Mee, I’m Now And That’s Orl” – lado-B de “Cum On” – com “The Spider And The
Fly” - outro ilustre lado-B, de “Satisfaction” dos Stones - ou “My Oh My” com
(escolha) “Theme For Young Lovers” dos Shadows ou o tema do seriado de TV Laramie.)
QUANDO EU TÔ DANÇANDO EU NÃO TÔ BRIGANDO
Duas das grandes distinções e
qualidades do Slade são o senso de humor e a ausência de pretensões que não
fossem as de fazer dançar e divertir a si mesmos e aos fãs. Interessante é
lembrar, quase trinta anos depois, Carlos “Pop” Gouvêa esculhambando o Slade na
Folha de S. Paulo por sua
“musicalidade vazia” e “letras que não dizem nada”, enquanto elogiava o Made In
Brazil pelos mesmos motivos... Afinal, o próprio rock and roll remete à frase
do cineasta Samuel Goldwyn, que me permito atualizar: quem quiser passar alguma
mensagem, dirija-se à Empresa de Correios e Telégrafos ou mande um e-mail!
Outro jornalista (cujo nome me escapa no momento), a meu ver, resumiu melhor o
Slade: “Sua música é nada imaginativa, formulaica e monótona, e nos ensina
coisa alguma. Mas como soa bem! Batida pesada, ritmo pulsante, letras falando
de beber, dançar ou absolutamente nada.” E durante a primeira metade dos anos
1970 o Slade fez questão de ser antiprogressivo e o menos “cabeça” possível até
nos títulos de suas músicas, quase todos escritos com uma incorreção gramatical
que faz Carla Perez parecer Zélia Gattai e de que Adoniran Barbosa se
orgulharia: “Skweeze Me Pleeze Me”, “Gudbuy T’Jane”, “Cuz I Luv You”...
Audições mais atentas mostram que
o Slade ia além do mero rock and roll; como bons ingleses, também são fãs de music-hall
e jazz tradicional, como denotam “Cuz I Luv You”, “In For A Penny” e a mais
obscura “Kill’em At The Hot Club Tonite”. Fãs dos Kinks notam ter o Slade muita
influência deles, pela mistura peso+melodia e comunicação com a platéia (mas,
ao que sabemos, o único encontro entre ambos os grupos resultou em Ray Davies
despejando cerveja em cima de Noddy Holder, com intenções não muito amigáveis).
E em 1974 um jornalista inglês disse, de brincadeira, que só faltava sair um
disco chamado Symphonic Slade.
Imagino qual terá sido ou seria sua reação, quase trinta anos depois, ao ouvir
Julian Kershaw, grande autor de trilhas de filmes, e seu arranjo para quarteto
de cordas de “Merry Xmas Everybody”...
Como grupo, o Slade também é (ou
pelo menos era) imbatível, o típico resultado-maior-que-a-soma-das-partes. O
vocalista e guitarrista-base Noddy Holder (nascido em 1946) chamava atenção não
só por sua voz, uma das melhores e mais potentes de todo o rock, mas também por
sua presença de palco e domínio da platéia – “uma versão mais amigável do Diabo
da Tasmânia”, segundo o jornalista Ken Sharp. Suas principais influências como
cantor são Al Jolson (um dos maiores cantores pop pré-rock) e Little Richard (o
maior de todos os gritadores do rock). Dave Hill (nascido em 1946),
guitarra-solo, compensa o fato de ser nanico usando roupas e guitarras as mais
gritantes (em ambos os sentidos, no caso do instrumento). Jim Lea (nascido em
1949), virtuose do contrabaixo e ainda versátil o bastante no violino e
teclados, tem talento especial para melodias simples e grudentas – como resumiu
um crítico inglês, “o Slade não tenta
compor sucessos, sabe que os está
compondo”. E vejam só, crianças, como as aparências enganam: o baterista Don
Powell (nascido em 1946), geralmente o membro do Slade menos lembrado, foi nada
menos que o responsável pela formação e união do grupo. Mais um detalhe: a
exemplo dos Beatles com Liverpool e os Animals com Newcastle, foi o Slade que
colocou no mapa do rock a grande cidadezinha de Wolverhampton, famosa por suas
indústrias de engenharia e metalurgia (bem apropriada, portanto, para um grupo
de metal) e que hoje tem cerca de 300 mil habitantes.
VENTOS BRAVIOS ESTÃO SOPRANDO
O Slade é um caso raro (ao lado
do Creedence, Elton John, David Bowie e outros) de artista que batalhou anos
até chegar ao estrelato, mas mantém o pique e a jovialidade, quando finalmente
estoura, e todo mundo pensa que é “novo talento”. O Slade nasceu da confluência
de duas bandas, Steve Brett & The Mavericks (da qual veio Noddy Holder) e
The Vendors (onde tocavam Dave Hill e Don Powell), que surgiram em 1964,
gravaram alguns compactos ou demos. Em 1965 Dave Hill e Don Powell formam outra
banda, The ‘N Betweens, que grava algumas faixas, produzidas por Bobby Graham (um
dos maiores bateristas de estúdio da Inglaterra, aquele que tocou nas primeiras
gravações dos Kinks e em muitas do Dave Clark Five) mas que , veja só, lançadas
apenas na França); no ano seguinte os ‘N Betweens mudam de formação e se tornam
um quarteto, com Jim Lea e Noddy Holder – isso mesmo, o Slade com outro nome, e
que grava mais um compacto, um cover de “You Better Run” dos Rascals – desta
vez o produtor é o estadunidense malucão Kim Fowley (cujo currículo inclui Gene
Vincent, Soft Machine, John Cale, as Runaways e muitos outros). Todas estas
gravações pré-Slade foram reunidas, e ainda por cima com faixas inéditas, num
CD indispensável para pessoas fãs e pesquisadoras, The Genesis Of Slade, lançado em 1996.
Em 1969, após uma infinidade de
shows, os ‘N Betweens chamam a atenção da gravadora Philips, que os contrata e
sugere que mudem de nome. Uma das sugestões é Nicky Nacky Noo (que tal?), mas
logo surge uma melhor: Ambrose Slade, inspirada na secretária de um alto
funcionário da Philips, a qual tem o costume de dar nomes a tudo: Ambrose era
sua bolsa e Slade seus sapatos. Com tudo em cima, o Ambrose Slade grava o
primeiro LP, Beginnings, que não
chega a ver a cara das paradas, mas chama atenção para o grupo – especialmente
Chas Chandler, ex-contrabaixista dos Animals e um dos melhores empresários de
todos os tempos, que poucos anos antes guindara Jimi Hendrix ao megaestrelato.
Ao ver um show do Ambrose Slade, Chandler resolve se tornar seu empresário e
produtor; sendo grandes admiradores de Chandler, os rapazes sobem pelas
paredes. Uma das primeiras providências de Chandler é encurtar o nome do grupo,
para Slade. E um de seus raros erros como empresário – na verdade idéia de
Keith Altman, assessor de imprensa do Slade – é promover o grupo como
“skinhead”, cabeças raspadas e tudo – só que, ontem como hoje, os skinheads de
verdade (não contando os mais radicais, adeptos da violência) se distinguem por
serem fãs de música jamaicana, e a experiência dura pouco, para alívio de
todos, como resume Jim Lea ao recordar o primeiro show do grupo como
“skinheads” de butique: “Havia um espelho na outra ponta do salão e podíamos
nos ver enquanto tocávamos. Parecíamos horrendos.”
DESCE E ARRASA!
Em 1970 Chandler transfere o
Slade da Philips para a Polydor, o que na prática dá no mesmo, já que ambas as
gravadoras pertencem à PolyGram, mas a Polydor anda mais presente nas paradas
de sucesso. Neste ano sai Play It Loud,
primeiro LP do grupo com o nome Slade, que chama atenção por boas músicas do
próprio grupo (“Know Who You Are”, “Pouk Hill”) e regravações aparentemente
díspares, mas que se revelam adequadas: “The Shape Of Things To Come” (dos
norte-americanos Max Frost & The Troopers, composição da dupla Mann &
Weil e sucesso na trilha do filme Wild In
The Streets, em português O Grito Da
Liberdade) e “Could I”, veja só, do Bread (banda tida como muita gente boa
como apenas “melosa”). Em 1971, o Slade finalmente conquista as paradas (pois
é, nem aqui escapamos dos aniversários redondos, 30 anos de sucesso – e, para
completar, dez anos dos primeiros CDs do Slade!), com “Get Down And Get With
It”, de Bobby Marchan, sucesso de Little Richard e que se torna uma das mais
emblemáticas do repertório do grupo. Incentivados por Chandler a dependerem
cada vez menos de músicas alheias, começam a se aventurar compondo; logo
descobrem que Jim Lea e Noddy Holder são os mais fluentes e inspirados para compor,
nascendo assim a dupla Lea & Holder, os legítimos Lennon & McCartney
dos anos 1970. (Tudo bem, não pretendo brigar com quem preferir Page &
Plant, os Lennon & McCartney do heavy, vá lá que seja.) Então o Slade
emplaca hit atrás de hit, e inclusive os LPs fazem sucesso: Slade Alive! (1972), um dos melhores
discos ao vivo de todos os tempos; Slayed?
(1973), com “Gudbuy T’Jane” e “Mama Weer All Crazee Now” (curiosidade: compare
“I Don’ Mind” com a homônima do posterior Wonderworld
do Uriah Heep); Old, New, Borrowed And
Blue (1974), onde se destacam “My Friend Stan” e a balada “Everyday”.
Tamanha é a boa sorte do Slade
neste período que nem mesmo um grave acidente automobilístico estraga a festa.
Em 1973 o carro de Don Powell esborracha-se contra um muro; sua namorada,
Angela Morris, morre, e ele escapa da morte por pouco, mas perde olfato e paladar
e passa a ter lapsos de memória permanentes. Seus colegas de grupo provam ser
realmente amigos leais, dando-lhe a maior força. Os fãs também ajudam muito com
votos de restabelecimento; um deles, percebendo que o carro de Powell derrubou
um muro defronte à sua escola, escreve: “Da próxima vez, vê se derruba a
escola, não só o muro!”
Em 1974 o Slade foi convidado
para estrelar um filme; o resultado foi Flame,
espécie de autobiografia disfarçada, com o grupo no papel de outro grupo,
chamado justamente Flame; o filme (não lançado comercialmente no Brasil)
tornou-se objeto de culto e mais tarde foi reconhecido como bom filme de rock.
Enquanto isso, o disco da trilha sonora, Slade
In Flame (1974), manteve o grupo nas paradas, puxado pela balada folkosa
“Far Far Away” e a “progressiva” “How Does It Feel” – resumida por um fã como “o
‘Álbum Branco’ [não falei?] numa faixa só, com metais e tudo”. (A edição ianque
do LP tirou duas faixas e incluiu outras duas, sucessos na Inglaterra em
compactos, “Bangin’ Man” e “Thanks For The Memory”.)
VEJAM O QUE VOCÊS FIZERAM
Infelizmente, o Slade, a exemplo
de outros artistas ingleses como T. Rex, Sweet e Oasis, não conseguiu repetir
nos EUA – o maior e mais poderoso mercado fonográfico do mundo – o mesmo
sucesso que emplacou em casa e em outros países. Embora a crítica ianque
elogiasse o Slade, o grande público não o recebeu tão bem, talvez por
considerá-lo britânico demais (inclusive, em algumas cidades dos EUA o filme Flame teve de ser legendado!). De modo
que o Slade desperdiçou energia e atenção com um público que não o queria (e
que talvez nem merecesse coisa melhor), chegando a fixar residência nos EUA e
conseqüentemente descuidando da velha e boa Inglaterra. De modo que em casa os
discos começaram a vender menos, o que é uma pena, pois ainda têm seus bons
momentos. Vejamos:
Nodoby’s Fools (1976), gravado quase todo nos EUA e com influências
locais, inclusive vocais femininos e um pouco de reggae e r&b (à moda do
Slade, é claro) inclui dois hits, a balada lennonesca “In For A Penny” e “Let’s
Call It Quits”, imitação de “Play Something Sweet”, do mestre do r&b Allen
Toussaint. Whatever Happened To Slade
(1977) ironiza o sumiço do grupo das paradas já a partir do título (“o que quer
que tenha acontecido com o Slade”), e apenas uma faixa fez sucesso, “Gypsy Road
Hog”. Slade Alive Vol. 2 (1978)
repetiu a fórmula do primeiro volume, mas não o sucesso. Return To Base (1978), apesar de incluir muitas boas faixas
(“Wheels Ain’t Coming Down”, “I’m A Rocker”), vende quase nada.
A esta altura, o Slade está quase
totalmente desanimado, e só não está na pior graças a muitos shows em barzinhos
e aos direitos autorais de suas gravações mais antigas, que ainda vendem muito
bem. Até que, em 1980, o Slade é convidado para tocar (preencher uma vaga, na
verdade) no Reading Rock Festival. A princípio, o grupo recusa, mas Chas
Chandler (em uma de suas últimas atuações como empresário do grupo, antes de
deixar o posto amigavelmente) os convence com um excelente argumento: “Se o
grupo tiver de acabar, que seja em grande estilo”. Resultado: esta edição do
Reading passou à História como aquela em que o Slade roubou o show, sendo a
única atração do evento não recebida com latadas ou garrafadas. Então o grupo
cria alma nova, inclusive nas paradas de sucesso.
VAMOS BOTAR A CASA ABAIXO
No LP We’ll Bring The House Down (1981, que inclui algumas gravações de Return To Base) a faixa-título é o
grande destaque; o álbum seguinte, Till
Def Do Us Part (1981, mais conhecido no Brasil não pelo trocadilho do
título, mas sim pela capa, o “Slade da orelha”), também vende bem, puxado pela
faixa “Lock Up Your Daughters”. 1982 traz o terceiro (e muito bom) disco ao
vivo, Slade On Stage; em 1983 é a vez
de The Amazing Kamikaze Syndrome
(retitulado nos EUA com o nome de outra faixa, Keep Your Hands Off My Power Supply), que traz outros megasucessos,
“My Oh My” e “Run Runaway” (que se torna grande sucesso até nos EUA e foi usada
por nosso amigo Leopoldo Rey como tema de abertura de seu programa Momento Do Rock na FM 97, algum aí se
lembra?). Rogues Gallery (1985) é
quase uma coletânea de sucessos: “All Join Hands”, “Little Sheila”, “Seven Year
Bitch”, “Mysterious Myster Jones”. E quem inspirou o título do disco seguinte, You Boys Make Big Noize (“vocês,
rapazes, fazem barulhão”, 1987), foi Betty, a moça (ou senhora) que servia o
chá no estúdio Wessex, onde o Slade gravou o disco, cujo hit foi “Still The
Same” (não é a mesma do Bob Seger, mas uma baladona igualmente boa).
Em 1989 o Slade passa por
mudanças. Dave Hill grava um disco-solo; Don Powell assume uma loja de
antigüidades; Jim Lea passa a produzir discos de bandas heavy; Noddy se torna
apresentador numa emissora de rádio em Manchester e da emissora de TV Granada
(lamentável desperdício de uma das melhores vozes do rock, segundo alguns fãs),
começa a gravar muitos jingles e sai amigavelmente do grupo. “Eu sinto falta
das duas horas no palco, mas não do resto – as viagens, quartos de hotel,
camarins, ficar enfiado em aeroportos. É preciso lembrar que o dia tem 22 horas
além das duas no palco”, disse Noddy à revista Record Collector. “Após 25 anos com os mesmos caras, eu não via
para onde mais poderíamos ir, não tínhamos mais assunto, mais músicas para
compor que soassem novas e frescas. Os outros não perceberam isso, mas eu
percebi.” Jim Lea sai praticamente em seguida: “Sem Noddy é forçar a barra, é
ridículo”, justifica.
Mas, mesmo com mudanças, a vida
continua. Dave Hill e Don Powell seguem em frente como Slade II, incluindo novo
vocalista (Steve Whalley); em 1993 lançam um disco, Emergency! (saiu aqui pelo selo Spider), e continuam por aí fazendo
muitos shows e gravando de quando em vez.
E a troca de milênio também traz
novidades. Jim Lea lança seu primeiro compacto-solo, “I’ll Be John, You Be
Yoko” (e viva o “Álbum Branco”!). Sai Who’s
Crazee Now?, autobiografia de Noddy Holder. Temos também o primeiro
disco-tributo, Slade Remade, com
participações de Chris Farlowe e (esta é para pensar) Rick Wakeman.
Para terminar, uma bela frase, ou
melhor, um conselho de Noddy para aspirantes a músicos: “Só prossigam na
carreira se gostarem dela cem por cento... e mantenham o senso de humor, porque
irão encontrar muita tristeza no caminho!”
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