Friday, December 25, 2009

LUIZ FABIANO E CARLOS ROBERTO

O rock brasileiro, mais exatamente a segunda geração da jovem guarda/iê-iê-iê, perdeu, praticamente de uma tacada só, dois cantores-compositores que andavam sumidos em termos de grandes meios de comunicação (abomino a expressão "grande mídia"): Carlos Roberto, falecido agora no dia 6, e Luiz Fabiano, no dia 18.

Carlos Roberto Nascimento, mineiro de Governador Valadares, tornou-se famoso como autor de vários sucessos de Paulo Sérgio como "A Última Canção", "Minhas Qualidades, Meus Defeitos" e "Um Amor Nascendo E Outro Morrendo". Enquanto isso, o paulista de Tupã Luiz Fabiano (nascido Jayr Rodrigues e que mudou de nome artístico devido ao grande estouro de seu ilustre xará de Igarapava) emplacou sucessos como "Meu Bem, Ao Menos Telefone", "Você Me Pediu" (lançada por Roberto Carlos num LP da série As 14 Mais) e "Quando Anoitecer". Uma de suas últimas composições é "Tributo Ao Rei", lançada pelos Clevers (empresariados e dirigidos por Antonio Aguillar, o mesmo que os lançou no começo dos anos 1960, mas com formação totalmente diferente das anteriores) agora em meados de 2009.

Pois bem, podemos, de certa forma, ouvir ambos juntos. Carlos Roberto gravou em 1975 um LP, Homenagem, em que incluiu "Você Me Pediu".

Carlos Roberto - Você Me Pediu

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Thursday, December 24, 2009

JANDIRA JAMBOREE - PARTE 1

Em 2010 espero reeditar minha Enciclopédia das Músicas Sertanejas, e enquanto isso vou revisando & atualizando. Um dado que descobri e considero interessante saiu de um livro que descobri estes dias e que, claro, também já entrou para a bibliografia: Sertão e Bairro Rural de Lia Freitas Garcia Fukui, lançado pela Editora Ática há exatos 30 anos, em 1979. Percorrendo o livro, deparei com este episódio de uma reunião social ocorrida em Itapecerica da Serra em 1963:

"São cerca de quinze horas. Dois violeiros cantam na venda a pedido e recebem em troca guaraná e café. Não bebem nada alcoólico. As músicas cantadas em dueto são todas aprendidas no rádio, e a preferência de todos é por 'Dona Jandira', que conta a história de uma mulher da cidade que deixou o marido, o automóvel, para ir morar com um caboclo que a defendera e por quem ela se apaixonara um dia, na cidade... Os violeiros deixam a vendsa, dirigindo-se à casa da festa e lá continuam a cantar a pedido. 'Dona Jandira' é repetida várias vezes."

Se fosse eu o autor do livro ou assistente de Fukui-san, teria pesquisado que "Dona Jandira" é esta. Pois bem, aqui está: trata-se de uma valsinha caipira lançada em 1963 mesmo por seus autores, Zico e Zeca.

Zico e Zeca - Dona Jandira

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E me lembrei de outras das muitas Jandiras musicais por aí, como um samba lançado por Jorge Veiga e que antecipa a rima de "como dói" com "Niterói" usada mais tarde pelo grande Gordurinha em "Mambo da Cantareira" (e por sua vez citada em "Fraude" do Língua de Trapo original), um roquinho de duplo sentido do Ultraje A Rigor, uma banda mineira de rock e até uma sambista que estreou já veterana. Lembrei-me também de Dona Jandira, jornalzinho alternativo do começo dos anos 1980. E quando eu tiver em mãos digitalizações das gravações citadas, colocá-las-ei - daí o "Parte 1" do título da mensagem.

CHEGA DE LONGA ESTRADA DA MORTE

Li ontem no jornal que a BR-116 deixou de ser a mais perigosa rodovia federal brasileira, ocupando "apenas" o segundo lugar, sendo ultrapassada (com trocadilho e tudo) pela BR-101. Lembrei-me de uma canção da qual acabei sendo parceiro e que, espero, um dia acabe desatualizada: essa mesma (para quem lembrou), "BR-116", blues de André Christovam lançado por Kid Vinil em seu LP solo sem título, de 1989. Participei deste LP escrevendo a letra para outra canção ("TV Primata") e fazendo vocais em ainda outras. Anos depois, na virada do milênio, quando integrante do Magazine de Kid como contrabaixista, compositor e arranjador, tomei a liberdade de reescrever a letra de "BR-116" e submeter esta nova versão a Kid e ao grupo. Ela acabou sumindo na enxurrada de composições e versões que eu e o baterista Trinkão produzimos para o Magazine; mas eu, que nunca fui de jogar nada fora, aproveitei a demo em meu CD-solo Sine Quais Quais Quais Non, lançado em 2004. Ah, sim: André Christovam aprovou esta minha versão alternativa de sua composição. Confiram & comparem ambas as versões:

Kid Vinil - BR-116 (André Christovam)

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Ayrton Mugnaini Jr. - BR-116 (André Christovam/Ayrton Mugnaini Jr.)

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