Friday, September 25, 2009

BLOGUEIROTECA - PARTE 1

Tem coisa mais blogueira que gravações de discoteca pessoal? Pois bem, vou reunir agora um monte de prazeres num só: colecionar discos (ou melhor, colecionar música), comprar discos, digitalizar gravações e repartir tudo isso. Aqui vai uma primeira leva de compactos que adquiri nos anos 1970.

Precisamente em 2 de setembro de 1970, durante o almoço após a escola, ouvi no rádio uma canção de que gostei; quando o locutor anunciou só entendi que o intérprete era Ray Charles. Eu morava em Sorocaba, e no mesmo dia fui à Praça Fernando Prestes e, com toda a autoconfiança de meus recém-completados 13 anos, fui pedindo "O que vocês têm de Ray Charles?" e o vendedor me vendeu este compacto duplo recém-lançado e que tenho até hoje. A faixa que me fez comprar o disco, "Baby Please", é a menos boa, apenas uma derivada de "Words" dos Bee Gees. Mas considero Ray Charles o tipo do artista de quem até as gravações ruins são boas, tipo este que inclui Stevie Wonder, Jorge Ben Jor e Louis Armstrong. Este compacto duplo, The Genius Ray Charles, é uma micro-coletânea de gravações de 1965 a 1970; aqui está uma das outras faixas, sua leitura de "Sentimental Journey" de Les Brown, julgada por determinada Revista Semanal Brasileira de Informação como "mais moderna que a do Beatle Ringo" - e, posso acrescentar, põe moderna nisso: devido à falta de dados no disquinho além dos títulos e autores das faixas, o(a) resenhista da publicação, obviamente pouco expert em "The Genius", não poderia adivinhar que a gravação era de quatro anos antes, 1966. (Não custa, e é até bom, lembrar as outras duas faixas do disco: "Laughin' And Clownin'" de Sam Cooke, lançada em 1970, e "Light Out Of Darkness" do próprio Ray, é de 1965, do filme Ballad In Blue, também exibido como Blues For Lovers, estrelado pelo próprio Ray e dirigido pelo inglês Paul Henreid. E "Baby Please" foi lançada em 1969.)

Ray Charles - Sentimental Journey

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Fui praticamente acionista da rede sorocabana de lojas A Musical, apesar de desde cedo ser esquerdinha e viver reclamando dos preços. Uma das pérolas que garimpei na seção de ofertas foi esta, "Today Was Tomorrow Yesterday", com o cantor Billy Eckstine, que eu conhecia de alguns discos 78 RPM da família, e gostei de saber que ele continuava se atualizando anos 1970 adentro e com o vozeirão em forma. (Ah, sim: a compra foi em 20 de setembro de 1972.)

Billy Eckstine - Today Was Tomorrow Yesterday

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Um pouco depois, em 21 de novembro, desenterrei do ofertão de uma loja da mesma Musical este disco de Walter Hawkins, cantor e compositor de soul que, quase 40 anos depois, continua um tanto obascuro para mim; pelo que entendi, ele fez carreira gospel e chegou a vir a um dos FICs.

Walter Hawkins - It Pays

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Em 1975 fui promovido a universitário e exportado para Lins; precisarei dizer que me lembro menos das aulas de Engenharia que das lojas de discos da cidade? Uma delas, A Instaladora, era na verdade uma loja de eletrodomésticos com uma seçaozinha de discos; um dos muitos que lá adquiri foi "Ghetto Woman" de B. B. King (em 11 de agosto daquele ano), cujo lado-B, "The Seven Minutes" (composto por Stu Phillips e Bob Stone), não foi incluído no LP correspondente (B. B. King In London, de 1971) e, pelo que sei, continua raro até hoje. E só recentemente descobri que esta faixa é de um filme homônimo dirigido por Russ Meyer.

B. B. King - The Seven Minutes

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Tuesday, September 15, 2009

PARA BEATLE-LADOS - PARTE 1

Nos anos 1980, estava eu na sede do fã-clube Revolution, no Shopping Vitrine da Faria Lima, quando fui "desconvertido". Um beatlemaníaco me perguntou: "Você é beatlemaníaco?" Respondi que sim. "Você acha os Beatles os maiores de todos os tempos?" Respondi que não. "Então você não é beatlemaníaco." Desde então pensei: se não sou, que não seja. Nem posso ser, tendo ouvido compositores pop da mesma época como Goffin & King, Brian Wilson, Ray Davies, Burt Bacharach, Frank Zappa... Assumi-me então como um herege, achando inclusive que muitas composições dos Beatles ficaram melhores com outros intérpretes. Confiram e opinem vocês:

Em 1968 o pianista e cantor de jazz estadunidense radicado em Londres Rich Bono gravou um LP para lá de raro, Once Upon A Time - The Sing Swing Style Of Rich Bono, para o selo inglês Major Minor, de onde garimpei "This Boy".

Rich Bono - This Boy

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Já que mencionei Gerry Goffin e Carole King, em 1979 Louise Goffin, filha de ambos, gravou um bom LP, Kid Blue. Num belo exemplo de "pingue-pongue no rock", embora um pouco indireto, anos após os Beatles regravarem "Chains" de Goffin & King, a menina Louise regravou "All I've Got To Do".

Louise Goffin - All I've Got To Do

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Maggie McNeal, cantora pop holandesa de sucesso nos anos 1970 na dupla Mouth & McNeal ("How Do You Do") e solo ("When You're Gone", "Love Was In Your Eyes"), transformou "Wait" numa bela valsa em seu álbum Fools Together, de 1977.

Maggie McNeal - Wait

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E em 1965 o maestro estadunidense Joshua Rifkin (mais lembrado hoje em dia por suas adaptações de obras do grande Scott Joplin para o filme Golpe de Mestre) gravou o LP The Baroque Beatles Book, um dos primeiros - e melhores - álbuns de tributo ao grupo inglês (além de um dos melhores álbuns de humor musical de todos os tempos).

The Baroque Beatles Book (arranjo de Joshua Rifkin) - Things We Said Today

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ELES TAMBÉM GRAVARAM ROCK - PARTE 2

Mais uma pequena garimpada de rock por ilustres não-roqueiros.

Aqui vão dois em uma gravação só: Jorge Goulart, emérito cantor da velha-guarda da MPB, e o cantor e compositor Bob Nelson, praticamente o introdutor da country music no Brasil (falecido no mês passado aos 91 anos, ainda firme na sela): "Não Me Prenda, Não", bela balada-rock de Bob cantada por Jorge, gravação de 1965.

Jorge Goulart - Não Me Prenda, Não

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Lourdinha Pereira, esposa e produtora de Rolando Boldrin, revelou-se ainda nos anos 1960 boa cantora, e um de seus primeiros LPs inclui "Coisinha Doce", versão de Giram Santos para o country-rock "Sweet Thing (Tell Me That You Love Me)" da famosa dupla de compositores Felice e Boudleaux Bryant, lançada por Rusty & Doug Kershaw.

Lourdinha Pereira - Coisinha Doce

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E quando se pensa que se sabe tudo, sempre aparece uma novidade... Eu já sabia que Carlos Gonzaga, também intérprete de sambas e guarânias, gravou uma composição de Adoniran Barbosa, mas só estes dias fui reparar que é um rock: "Vem, Amor", parceria com Geraldo Blota (o mesmo que "clonaria" o estilo de Adoniran na marcha "Ói Nóis Aqui Traveis"), gravação de 1962.

Carlos Gonzaga - Vem, Amor

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